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Teerã lança satélite nacional em órbita; EUA reagem
DO "NEW YORK TIMES"
O Irã anunciou ontem ter
lançado o que diz ser seu primeiro satélite construído no
país, uma iniciativa interpretada como um sinal preocupante
por parte dos EUA e de outros
países sobre a capacidade iraniana de empregar mísseis balísticos de longo alcance.
O lançamento, ocorrido anteontem, coincide com as celebrações do 30º aniversário da
Revolução Islâmica e representa um desafio para o novo governo americano.
O presidente Barack Obama
adotou um tom conciliatório
em relação ao Irã, expresso por
uma oferta de diálogo depois de
anos de crescente tensão devido ao temor de que Teerã deseje desenvolver mísseis nucleares -algo que os líderes iranianos negam.
O Irã diz ter usado um foguete também produzido nacionalmente, o Safir-2, para lançar
o satélite, o que o tornaria parte
do exclusivo grupo de países
que têm capacidade de pôr objetos em órbita -hoje, eles são
nove. Especialistas em armamentos afirmam que a mesma
tecnologia utilizada para colocar satélites em órbita poderia
ser usada para lançar armas.
Uma fonte do Pentágono disse que a tecnologia usada pelos
iranianos provavelmente não é
das mais avançadas, mas é "um
passo simbólico importante".
O porta-voz do Departamento de Estado, Robert Wood, disse que o lançamento provoca
"grande preocupação" e constitui uma potencial violação de
acordos da ONU que limitam a
capacidade iraniana de exercer
atividades com mísseis.
Já o porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs, afirmou que a
iniciativa iraniana "não nos
convence de que o Irã está agindo com responsabilidade para
promover a estabilidade ou a
segurança da região".
O foguete recebeu o nome de
Safir-e Omid, ou "mensageiro
da esperança", e foi projetado
para recolher informações e
testar equipamentos. Segundo
a agência de notícias estatal iraniana, Irna, ele faz parte de um
projeto que começou em 2005
como "o primeiro passo para
adquirir tecnologia nacional
espacial".
O presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, afirmou o
lançamento, "histórico", tem o
objetivo de "expandir o monoteísmo, a paz e a justiça".
"Cara nação iraniana, seus filhos colocaram em órbita o primeiro satélite construído no
país", disse Ahmadinejad em
mensagem na TV. "Com a ajuda de Deus e o desejo de paz e
justiça, a presença oficial da República Islâmica foi registrada
no espaço", acrescentou.
Desde a posse de Obama,
muitos países estão procurando pistas de uma possível disposição do Irã em fazer novas
concessões sobre seu programa
de enriquecimento de urânio
-e de como o presidente americano levará adiante seus esforços de aproximação.
Hoje, o grupo de países que
trata da questão iraniana
-EUA, Rússia, Reino Unido,
China, França e Alemanha -se
reúne em Frankfurt, Alemanha, pela primeira vez desde a
posse de Obama, em 20 de janeiro último.
"Está claro que o Irã tem uma
oportunidade de se tornar um
membro produtivo da comunidade internacional", disse a secretária de Estado americana,
Hillary Clinton. "Estamos estendendo a mão, mas o punho
[do Irã] tem de abrir", afirmou.
Com agências internacionais
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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