São Paulo, quarta-feira, 04 de fevereiro de 2009

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Teerã lança satélite nacional em órbita; EUA reagem

DO "NEW YORK TIMES"

O Irã anunciou ontem ter lançado o que diz ser seu primeiro satélite construído no país, uma iniciativa interpretada como um sinal preocupante por parte dos EUA e de outros países sobre a capacidade iraniana de empregar mísseis balísticos de longo alcance.
O lançamento, ocorrido anteontem, coincide com as celebrações do 30º aniversário da Revolução Islâmica e representa um desafio para o novo governo americano.
O presidente Barack Obama adotou um tom conciliatório em relação ao Irã, expresso por uma oferta de diálogo depois de anos de crescente tensão devido ao temor de que Teerã deseje desenvolver mísseis nucleares -algo que os líderes iranianos negam.
O Irã diz ter usado um foguete também produzido nacionalmente, o Safir-2, para lançar o satélite, o que o tornaria parte do exclusivo grupo de países que têm capacidade de pôr objetos em órbita -hoje, eles são nove. Especialistas em armamentos afirmam que a mesma tecnologia utilizada para colocar satélites em órbita poderia ser usada para lançar armas.
Uma fonte do Pentágono disse que a tecnologia usada pelos iranianos provavelmente não é das mais avançadas, mas é "um passo simbólico importante".
O porta-voz do Departamento de Estado, Robert Wood, disse que o lançamento provoca "grande preocupação" e constitui uma potencial violação de acordos da ONU que limitam a capacidade iraniana de exercer atividades com mísseis.
Já o porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs, afirmou que a iniciativa iraniana "não nos convence de que o Irã está agindo com responsabilidade para promover a estabilidade ou a segurança da região".
O foguete recebeu o nome de Safir-e Omid, ou "mensageiro da esperança", e foi projetado para recolher informações e testar equipamentos. Segundo a agência de notícias estatal iraniana, Irna, ele faz parte de um projeto que começou em 2005 como "o primeiro passo para adquirir tecnologia nacional espacial".
O presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, afirmou o lançamento, "histórico", tem o objetivo de "expandir o monoteísmo, a paz e a justiça".
"Cara nação iraniana, seus filhos colocaram em órbita o primeiro satélite construído no país", disse Ahmadinejad em mensagem na TV. "Com a ajuda de Deus e o desejo de paz e justiça, a presença oficial da República Islâmica foi registrada no espaço", acrescentou.
Desde a posse de Obama, muitos países estão procurando pistas de uma possível disposição do Irã em fazer novas concessões sobre seu programa de enriquecimento de urânio -e de como o presidente americano levará adiante seus esforços de aproximação.
Hoje, o grupo de países que trata da questão iraniana -EUA, Rússia, Reino Unido, China, França e Alemanha -se reúne em Frankfurt, Alemanha, pela primeira vez desde a posse de Obama, em 20 de janeiro último.
"Está claro que o Irã tem uma oportunidade de se tornar um membro produtivo da comunidade internacional", disse a secretária de Estado americana, Hillary Clinton. "Estamos estendendo a mão, mas o punho [do Irã] tem de abrir", afirmou.

Com agências internacionais

Tradução de PAULO MIGLIACCI



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