São Paulo, sexta-feira, 04 de fevereiro de 2011 |
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REVOLTA ÁRABE Mubarak diz que está "cheio" do poder Em entrevista à TV dos EUA, ditador afirma que só não deixa cargo agora por temer que Egito "afunde no caos' Em tática para mostrar abertura ao diálogo, vice-presidente diz que nem Mubarak nem seu filho disputarão eleição DO ENVIADO AO CAIRO O ditador do Egito, Hosni Mubarak, disse ontem à TV americana ABC que está "cheio" e que só não deixa o poder agora por temer que "o país afunde no caos" caso ele saia do poder no atual momento de profunda e violenta crise política. As declarações do ditador formam parte de um plano de comunicação que inclui, ainda, pronunciamentos do vice-presidente Omar Suleiman e do premiê Ahmed Shafik, recém-promovidos. A estratégia consiste aparentemente em mostrar uma suposta abertura ao diálogo e em rebater acusações de que o governo é responsável pela mobilização dos milhares de pessoas que iniciaram anteontem ataques a pedras e porretes contra manifestantes antigoverno estacionados há dias no centro do Cairo. "Não me importo com o que as pessoas dizem de mim. Agora eu estou preocupado com o meu país, me importo com o Egito", disse Mubarak em entrevista de cerca de 20 minutos à repórter Christiane Amanpour. "Estou muito triste [com o que aconteceu]. Não quero ver os egípcios lutando entre si", afirmou ele. SEM NOVO MANDATO Coube ao vice-presidente, general Omar Suleiman, líder do aparato de inteligência e segurança, reafirmar o que Mubarak já havia dito em pronunciamento na TV, três dias atrás: que o ditador não concorrerá a um sexto mandato seguido nas eleições presidenciais de setembro -existe pouca confiança internacional no processo eleitoral egípcio. Suleiman também descartou que Gamal, filho do ditador e considerado forte candidato à sucessão, se apresente no pleito. O general afirmou ainda que as eleições não serão atrasadas e poderão até ser antecipadas para agosto. Nesse período, segundo ele, haverá reformas legislativas e constitucionais. Suleiman também afirmou que o diálogo político sobre a implementação das reformas prometidas por Mubarak "levará algum tempo"" e envolverá todos os partidos políticos egípcios. Entre os convidados está a Irmandade Muçulmana, principal força da oposição egípcia. Suleiman confirmou que o grupo foi contatado e convidado ao diálogo. "Mas eles estão hesitantes", disse à televisão estatal. A Irmandade negou estar participando de conversas com o governo. Suleiman acusou estrangeiros, oposicionistas e empresários de inflamarem os protestos e defendeu os militares, cuja posição no conflito tem sido dúbia. "Eles estão nas ruas para garantir o cumprimento do toque de recolher, proteger a população de criminosos e para encobrir a falta de capacidade da polícia para lidar com os protestos", afirmou. O premiê Ahmed Shafiq, por sua vez, pediu desculpas pelos confrontos dos últimos dois dias na praça Tahrir e disse não saber quem está por trás da violência. Shafiq prometeu uma investigação "completa e profunda" sobre o ocorrido e afirmou que todos os responsáveis pelos episódios de violência serão punidos. (SA) Texto Anterior: Por 3 vezes, repórter brasileiro pensou que fosse morrer Próximo Texto: Revolta Árabe: Movimento islâmico reclama de demonização Índice | Comunicar Erros |
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