DA REDAÇÃO

O kuaitiano Khalid Sheikh Mohammed, preso no Paquistão, estaria participando ativamente do planejamento de ataques a pontos comerciais nos EUA e a alvos na península Arábica, disseram ontem agentes antiterror dos EUA.
Segundo esses agentes, que falaram em condição de anonimato, os trabalhos de inteligência sobre as atividades de Mohammed haviam contribuído, em parte, para o alerta laranja (o segundo nível mais alto na escala de alerta terrorista criada pelo governo depois dos atentados de 11 de setembro de 2001) vigente durante quase todo o mês de fevereiro e que foi reduzido na última sexta-feira.
"Algumas das preocupações que nós tínhamos e que nos levaram a aumentar o nível da ameaça estavam relacionadas aos planos nos quais ele [Mohammed" estava envolvido", afirmou o secretário da Segurança Interna dos EUA, Tom Ridge. "Havia múltiplas razões pelas quais elevamos o nível de alerta, e sua relação com uma das linhas de planejamento era uma delas", disse.
Segundo Ridge, a ameaça de um ataque da Al Qaeda permanece, mesmo com a prisão de Mohammed. "Não podemos superestimar sua importância para a Al Qaeda", disse. "Mas não deveríamos subestimar as habilidades que ele ajudou a desenvolver em todo o mundo."
Mohammed é acusado de ter planejado os atentados de 11 de setembro de 2001 aos EUA e seria o terceiro homem na hierarquia da rede terrorista Al Qaeda, liderada por Osama bin Laden.
O presidente George W. Bush agradeceu ao presidente do Paquistão, Pervez Musharraf, pela captura de Mohammed, segundo o porta-voz da Casa Branca Ari Fleischer. De acordo com ele, Mohammed será interrogado "humanamente". "O padrão para qualquer tipo de interrogatório sob custódia americana é ser humano e seguir todas as leis internacionais e acordos", disse.
Segundo um alto funcionário dos serviços de segurança, as autoridades encontraram grandes quantidades de informação sobre a Al Qaeda na casa paquistanesa onde Mohammed e outros dois homens foram presos no sábado.
Isso incluía computadores, disquetes, telefones celulares e documentos que as autoridades acreditam que possam mostrar nomes, localização e potenciais planos terroristas de células da Al Qaeda nos EUA e em outras partes do mundo. Os agentes americanos acreditam ainda que Mohammed tenha detalhes sobre as finanças da rede terrorista.
Segundo funcionários do governo americano, Mohammed foi entregue à custódia dos EUA e levado para outro local, não-identificado, para os interrogatórios, dos quais participam agentes do FBI (polícia federal americana) e da CIA (agência de inteligência).
Os agentes trabalhavam ontem contra o relógio para analisar as informações conseguidas para prevenir qualquer ataque iminente e determinar se outras prisões podem ser feitas. Há ainda o temor de que, mesmo que os agentes trabalhem fervorosamente, algumas das células acelerem seus planos de ataque para evitar o risco de serem capturadas antes.
O Paquistão anunciou ontem a prisão de um oficial militar suspeito de ter ligações com Mohammed. O major Adil Quddus, parente do paquistanês Ahmed Quddus, detido com Mohammed no sábado, foi preso no fim de semana em Kohat, na fronteira com o Afeganistão.