São Paulo, quinta-feira, 04 de março de 2004

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ELEIÇÃO NOS EUA

Virtual candidato democrata tenta neutralizar anúncios de TV que os republicanos exibem a partir de hoje

Confirmado, Kerry reforça ataques a Bush

FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON

Um dia depois de se tornar o virtual candidato democrata na disputa pela Casa Branca em novembro, o senador John Kerry partiu para o ataque contra seu adversário, o presidente George W. Bush (republicano), acusando-o de ter "quebrado a promessa" de tornar os EUA mais seguros após o 11 de Setembro.
"Não há uma pessoa nesta sala capaz de acreditar que Bush invadiu o Iraque como último recurso", disse. "Todos se lembram não apenas da foto de Bush no local dos atentados em Nova York mas também das promessas que ele fez e não cumpriu." O democrata acusou o presidente de cortar verbas para bombeiros e policiais nos últimos dois anos.
Em campanha na Flórida após vencer em nove dos dez Estados que votaram anteontem na "superterça", Kerry já designou uma equipe para tratar da escolha de seu vice e se concentrou em tentar neutralizar o início formal da campanha de Bush na TV.
O presidente, candidato à reeleição, inicia hoje sua ofensiva com quatro anúncios diferentes em 16 Estados, onde sublinhará "conquistas" na área da segurança interna e na guerra contra o terror.
Dois deles mostram cenas de escombros do World Trade Center e afirmam que Bush "se levantou para tornar os EUA um local mais seguro". Um dos anúncios será veiculado em espanhol.
Outro anúncio tratará exclusivamente da economia: "Com a economia crescendo, está cada vez mais fácil encontrar um trabalho", diz o comercial.
A previsão é que a campanha eleitoral de 2004 se traduza em ataques furiosos dos dois lados e num ritmo incomum ao longo dos próximos oito meses.
Para Kerry, com os cofres exauridos pelos gastos feitos durante as prévias com outros oponentes democratas, será crucial manter-se sob os holofotes da mídia para prorrogar ao máximo o surpreendente impacto inicial de sua candidatura e ganhar espaço e tempo para organizar sua campanha.
Os democratas querem evitar o erro cometido por Al Gore em 2000. Logo após obter a indicação democrata, Gore, então vice-presidente dos EUA, retraiu-se para planejar sua campanha e abriu espaço para Bush, na oposição, rotulá-lo como "um liberal gastador sem contato com a realidade".
Bush e os republicanos, por seu lado, farão de tudo nessa fase inicial para recuperar terreno e tentar "definir negativamente" o mais rápido possível o adversário Kerry. A pecha "liberal gastador" voltará à cena.
A avaliação dos republicanos é que pesquisas que mostram Kerry à frente de Bush caso a eleição fosse hoje reflete o alto grau de exposição do pré-candidato durante as prévias democratas ocorridas nas últimas semanas.
O vice-presidente Dick Cheney também vem participando de entrevistas na TV para defender o governo. Nos dois últimos dias, ele apareceu em quatro canais.
A empresa Halliburton, que já foi presidida por Cheney e é suspeita de ter sido favorecida em contratos no Iraque ocupado, também iniciou uma ofensiva maciça na TV para limpar sua imagem institucional.
Bush também está em campanha em vários Estados nesta semana, onde tem participado de eventos para levantamento de fundos. As últimas estimativas indicam que o presidente já tenha US$ 153 milhões em caixa.
Kerry, que deve visitar Flórida, Louisiana, Texas e Mississipi nos próximos dias, entra na nova fase da campanha com o caixa praticamente zerado. Restam apenas US$ 17 milhões nos cofres democratas. A expectativa, no entanto, é que ele receba novos fluxos de dinheiro agora que consolidou sua candidatura.
Como reforço, várias organizações independentes e ONGs ligadas aos democratas, como a MoveOn.org, também devem começar nesta semana a veicular anúncios a favor de Kerry.


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