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ELEIÇÃO NOS EUA
Virtual candidato democrata tenta neutralizar anúncios de TV que os republicanos exibem a partir de hoje
Confirmado, Kerry reforça ataques a Bush
FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON
Um dia depois de se tornar o
virtual candidato democrata na
disputa pela Casa Branca em novembro, o senador John Kerry
partiu para o ataque contra seu
adversário, o presidente George
W. Bush (republicano), acusando-o de ter "quebrado a promessa" de tornar os EUA mais seguros após o 11 de Setembro.
"Não há uma pessoa nesta sala
capaz de acreditar que Bush invadiu o Iraque como último recurso", disse. "Todos se lembram
não apenas da foto de Bush no local dos atentados em Nova York
mas também das promessas que
ele fez e não cumpriu." O democrata acusou o presidente de cortar verbas para bombeiros e policiais nos últimos dois anos.
Em campanha na Flórida após
vencer em nove dos dez Estados
que votaram anteontem na "superterça", Kerry já designou uma
equipe para tratar da escolha de
seu vice e se concentrou em tentar
neutralizar o início formal da
campanha de Bush na TV.
O presidente, candidato à reeleição, inicia hoje sua ofensiva com
quatro anúncios diferentes em 16
Estados, onde sublinhará "conquistas" na área da segurança interna e na guerra contra o terror.
Dois deles mostram cenas de escombros do World Trade Center
e afirmam que Bush "se levantou
para tornar os EUA um local mais
seguro". Um dos anúncios será
veiculado em espanhol.
Outro anúncio tratará exclusivamente da economia: "Com a
economia crescendo, está cada
vez mais fácil encontrar um trabalho", diz o comercial.
A previsão é que a campanha
eleitoral de 2004 se traduza em
ataques furiosos dos dois lados e
num ritmo incomum ao longo
dos próximos oito meses.
Para Kerry, com os cofres exauridos pelos gastos feitos durante
as prévias com outros oponentes
democratas, será crucial manter-se sob os holofotes da mídia para
prorrogar ao máximo o surpreendente impacto inicial de sua candidatura e ganhar espaço e tempo
para organizar sua campanha.
Os democratas querem evitar o
erro cometido por Al Gore em
2000. Logo após obter a indicação
democrata, Gore, então vice-presidente dos EUA, retraiu-se para
planejar sua campanha e abriu espaço para Bush, na oposição, rotulá-lo como "um liberal gastador
sem contato com a realidade".
Bush e os republicanos, por seu
lado, farão de tudo nessa fase inicial para recuperar terreno e tentar "definir negativamente" o
mais rápido possível o adversário
Kerry. A pecha "liberal gastador"
voltará à cena.
A avaliação dos republicanos é
que pesquisas que mostram
Kerry à frente de Bush caso a eleição fosse hoje reflete o alto grau
de exposição do pré-candidato
durante as prévias democratas
ocorridas nas últimas semanas.
O vice-presidente Dick Cheney
também vem participando de entrevistas na TV para defender o
governo. Nos dois últimos dias,
ele apareceu em quatro canais.
A empresa Halliburton, que já
foi presidida por Cheney e é suspeita de ter sido favorecida em
contratos no Iraque ocupado,
também iniciou uma ofensiva
maciça na TV para limpar sua
imagem institucional.
Bush também está em campanha em vários Estados nesta semana, onde tem participado de
eventos para levantamento de
fundos. As últimas estimativas indicam que o presidente já tenha
US$ 153 milhões em caixa.
Kerry, que deve visitar Flórida,
Louisiana, Texas e Mississipi nos
próximos dias, entra na nova fase
da campanha com o caixa praticamente zerado. Restam apenas
US$ 17 milhões nos cofres democratas. A expectativa, no entanto,
é que ele receba novos fluxos de
dinheiro agora que consolidou
sua candidatura.
Como reforço, várias organizações independentes e ONGs ligadas aos democratas, como a MoveOn.org, também devem começar nesta semana a veicular anúncios a favor de Kerry.
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