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Radialista conservador vira rival ideal para Obama
ANDREA MURTA
DE NOVA YORK
Políticos de todos os lados estão em polvorosa nos EUA. O
motivo: Rush Limbaugh, um
radialista conservador que vem
ocupando o vácuo de liderança
na oposição ao repetir diariamente a cerca de 20 milhões de
ouvintes que quer o fracasso da
empreitada reformista do presidente Barack Obama.
No último fim de semana,
Limbaugh sacudiu a plateia da
Convenção de Ação Política
Conservadora ao reiterar, sem
meias palavras, que "quer que
Obama fracasse em sua missão
de reestruturar e reformar o
país para que o capitalismo e a
liberdade individual não sejam
mais seus fundamentos".
O porta-voz da convenção
classificou o discurso, transmitido por TVs como CNN e Fox
News, como o mais bem recebido da história do encontro, superando até os do presidente
Ronald Reagan (1981-89).
O revés é que o governo adotou a estratégia de tratar o radialista como o verdadeiro porta-voz da oposição, na esperança de que suas visões radicais
-quase caricaturais- afastem
os moderados. E Limbaugh se
tornou um problema para o
Partido Republicano.
Comentaristas da direita
moderada apareceram na TV
alertando que, se der ouvidos a
Limbaugh, o Partido Republicano vai ter que se acostumar a
ser minoria. Até o presidente
do Comitê Nacional Republicano, Michael Steele, foi à CNN
dizer que o ramo de Limbaugh
é o "entretenimento": "Eu é
que sou o líder do partido".
Limbaugh não deixou barato.
"Se eu fosse líder do Partido
Republicano, no estado triste
em que ele se encontra, me demitiria", disse em resposta. "Sr.
Steele, o sr. não é o líder do Partido Republicano (...), e sim da
burocracia do partido."
Steele acabou pedindo desculpas, e democratas estão tirando todo o proveito possível
da situação. "O recuo de Steele
e suas desculpas provam que
Limbaugh é a força que lidera o
Partido Republicano e as políticas de obstrução ao presidente
Obama em Washington", afirmou Tim Kaine, governador da
Virgínia e presidente do Comitê Nacional Democrata.
Em canais simpáticos à esquerda, como o MSNBC, vários
talk shows têm explorado o tema "quem é o verdadeiro líder
republicano". E uma coalizão
de sindicatos gastou US$ 100
mil para pôr no ar comerciais
ligando Limbaugh ao partido.
Enquanto isso, conservadores moderados continuam órfãos. "À esquerda, temos um
presidente (...) fortemente progressista. À direita, temos as
"brigadas Rush Limbaugh'", escreveu o colunista David
Brooks no "New York Times".
"A única coisa mais assustadora do que o experimento de
Obama [alusão a suas políticas
econômicas] é a ideia de que ele
pode falhar e o poder político
recairá sobre um Partido Republicano que atualmente é inadequado para manejá-lo."
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