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Chávez impõe cotas para produção de alimentos
Medida atinge gêneros que têm preços tabelados
FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS
Sob a ameaça de uma nova
crise de desabastecimento e de
mais inflação na Venezuela, o
governo do presidente Hugo
Chávez impôs ontem cotas de
produção às fábricas que manufaturam alimentos com preços congelados.
A medida inclui 12 produtos,
entre os quais o arroz, setor que
está sob intervenção militar
desde sábado. As porcentagens
variam de 70%, para o macarrão, a 95%, casos do molho de
tomate, açúcar, queijo, café e
óleo comestível. As cotas também incluem o leite em pó e
pasteurizado, a margarina, a
maionese e a farinha de milho.
O objetivo do governo é evitar que as fábricas produzam
variedades que escapem do
controle de preços. No caso do
arroz, por exemplo, empresas
privadas produziam sobretudo
versões não tabeladas, como o
integral -só o arroz branco, cada vez mais raro nos supermercados, tem preço congelado.
A resolução também obriga o
comércio a vender os produtos
na mesma proporção -95% do
queijo num supermercado deve ser das variedades submetidas ao controle de preços.
No caso de empresas que
produzem exclusivamente variedades fora do tabelamento
-como leite achocolatado-,
será necessário obter uma permissão especial do governo para continuar produzindo.
"Nenhuma empresa pode estar acima do bem-estar de milhões de venezuelanos apenas
pelo interesse capitalista", disse o superintendente nacional
de silos, Carlos Osorio.
A medida foi recebida com
críticas pelo setor empresarial,
segundo o qual o controle de
preços não é reajustado conforme a inflação venezuelana, a
mais alta da América Latina. Só
em 2008, o preço dos alimentos
subiu 47%, em média.
"É uma política comunista,
que busca controlar todos os
meios de produção", disse à Folha Eduardo Gómez, presidente da Confederação Venezuelana de Industriais. Segundo ele,
nenhum dos produtos com
preços congelados é viável economicamente.
"As empresas não suportarão vender produtos a preços
congelados com uma inflação
que deve chegar a 45% neste
ano", diz Gómez. "O governo
está levando o país a uma grande crise no setor produtivo."
Reforma ministerial
Chávez promoveu ontem
uma reforma em seu gabinete,
novamente nomeando só colaboradores de longa data. Seis
ministros foram substituídos,
inclusive o da Defesa, cuja função será acumulada pelo vice-presidente, Ramón Carrizales.
Dois ministérios desapareceram e outros ganharam novas
atribuições e nomes -como a
pasta de Economia Popular,
que passa a se chamar Ministério do Poder Popular para as
Comunas.
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