São Paulo, sexta-feira, 04 de março de 2011

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Polo petrolífero vira símbolo da resistência

DO ENVIADO A BREGA (LÍBIA)

Operados por civis com farto entusiasmo revolucionário e escasso treinamento militar, os canhões de artilharia antiaérea em torno da cidade portuária de Brega, no leste da Líbia, simbolizam a vitória mais importante até agora dos rebeldes.
A estratégica cidade portuária, que foi palco de uma longa batalha nessa semana, amanheceu ontem nas mãos dos insurgentes e sob novo bombardeio aéreo.
Bombas disparadas por um caça da Força Aérea líbia deixaram três crateras numa duna dentro do complexo petrolífero de Brega, sem causar danos ou deixar feridos. Na vizinha Ajdabiya, um depósito de armas foi atingido.
No dia anterior, um avião havia feito disparos que causaram destruição mínima, aumentando a crença dos rebeldes de que os pilotos estão errando de propósito.
Depois de rechaçarem o ataque-surpresa das forças leais a Gaddafi, os insurgentes reforçaram a entrada de Brega e avançaram 50 km em direção a oeste, preparando-se para uma nova ofensiva.
Há pouco movimento na estrada de mão dupla que liga o leste ocupado ao centro do país, onde forças pró-Gaddafi mantêm o controle.
Posições rebeldes com homens armados de fuzis e lança-granadas controlam a estrada, mas não há sinais de avanço rumo ao oeste. Cerca de 70 km de asfalto cercado por dunas e camelos separam as forças rivais.
Cada vez mais, a revolta contra Gaddafi ganha contornos de uma guerra civil, ainda que de baixa intensidade, com limitado poder de fogo e travada em porções reduzidas do território líbio.
Um bom exemplo disso foi o confronto de quarta-feira em Brega, quando cerca de 300 homens leais a Gaddafi chegaram de manhã cedo à cidade e tomaram a refinaria e o aeroporto do complexo.
Armado de um fuzil Kalashnikov, Hassan Althery, 26, era um dos 30 rebeldes que protegiam a refinaria.
"Abriram fogo com artilharia pesada e não tivemos como resistir", diz. "Mas só ficaram no controle uma hora. Logo os expulsamos".
Os relatos sobre mortos são desencontrados, variando entre 8 e 20. Os feridos podem ter chegado a 30. Também há testemunhos de que entre cinco e dez rebeldes foram levados prisioneiros para o oeste, em território controlado por Gaddafi.
(MARCELO NINIO)


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