São Paulo, domingo, 04 de abril de 2004

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GUERRA SEM LIMITES/ESPANHA

Segundo o governo, mortos são policiais e 3 suspeitos que explodiram artefato; 11 ficam feridos

Cerco policial em Madri deixa 4 mortos

DA REDAÇÃO

Um policial e três suspeitos de origem árabe morreram e 11 policiais ficaram feridos após forte explosão ocorrida em uma operação em Leganés (região metropolitana de Madri) para prender supostos terroristas que teriam envolvimento nos atentados de 11 de março na capital espanhola. A informação é do governo espanhol.
A explosão ocorreu por volta das 21h locais (16h em Brasília), quando a polícia cercava um edifício de quatro andares onde os suspeitos, ao menos três, estavam refugiados. Os explosivos foram detonados pouco após a polícia retirar os moradores do edifício.
Em entrevista coletiva no início da noite, o ministro do Interior, Angel Acebes, disse que os três suspeitos "provocaram, com a ajuda de uma forte carga de explosivos," a detonação que matou um policial das forças especiais espanholas e os próprios potenciais terroristas.
"Ao perceberem que havia uma operação policial, os suspeitos "começaram a disparar do interior do prédio enquanto entoavam cantos em árabe", disse Acebes. Devido ao estado dos corpos, mais suspeitos podem ter morrido, segundo o ministro.
"A polícia acredita que alguns dos três suspeitos façam parte das pessoas procuradas pelas investigações dos atentados de 11 de março", declarou Acebes.
A fachada do prédio ficou totalmente destruída pela explosão. Ao menos outras 40 residências da vizinhança também foram esvaziadas por precaução.
Segundo o Ministério do Interior, a polícia estava procurando "diversos" suspeitos em Leganés numa operação antiterrorista ligada aos atentados do 11 de março que mataram 191 pessoas e feriram mais de 1.800.

Dias tensos
O cerco e a nova explosão de ontem ocorrem um dia depois de uma bomba ter sido encontrada sob uma linha de trem de alta velocidade que liga Madri a Sevilha, uma das mais importantes cidades espanholas e importante destino turístico europeu.
Ontem, a polícia confirmou que se trata do mesmo tipo de explosivo utilizado nas dez bombas que explodiram em três estações de trens de subúrbio madrilenhos.
Mesmo assim, o governo espanhol, do premiê conservador, José María Aznar, evitou atribuir o artefato encontrado anteontem a terroristas islâmicos.
Aznar tem agido com cautela após a desastrada acusação contra o grupo terrorista basco ETA pelos atentados em Madri. A falsa acusação foi um dos principais motivos que levaram à derrota para os socialistas nas eleições ocorridas três dias após o ataque.
Além disso, parte da população espanhola atribui os ataques ao apoio que Aznar deu aos EUA durante a Guerra do Iraque.
Até agora, as investigações ligam os atentados a extremistas islâmicos inspirados ou ligados à rede terrorista Al Qaeda, do saudita Osama bin Laden, responsável pelos ataques do 11 de Setembro, nos EUA.
Na última quinta-feira, a Justiça espanhola atribuiu ao tunisiano Serhane ben Abdelamakid Farkhet, 35, o planejamento e a coordenação dos atentados em Madri. Ele está foragido.
Ao menos outros cinco suspeitos, todos marroquinos, também tiveram o mandado de prisão decretado. Um deles teria participado de uma reunião da Al Qaeda na Turquia, em 2000. Até agora, a Espanha já prendeu 19 suspeitos de participação nos atentados, a maioria marroquinos.


Com agências internacionais


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