São Paulo, terça-feira, 04 de abril de 2006

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ITÁLIA

Atrás de um terço do eleitorado ainda indeciso, o premiê e seu adversário se atacam no último debate antes da eleição

Berlusconi e Prodi trocam ofensas na TV

DA REDAÇÃO

O candidato socialista italiano Romano Prodi prometeu ontem retirar os 2.600 soldados italianos que estão no Iraque "o mais rápido possível". Essa foi uma das muitas promessas que marcaram o último debate entre Prodi e o primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, antes da eleição dos próximos dias 9 e 10.
Como as pesquisas dão de 3,5 a 5 pontos percentuais de vantagem a Prodi, o debate foi a grande oportunidade atrás do voto indeciso, um terço do eleitorado. Houve ataques duros entre os dois.
Prodi disse que Berlusconi se sustentava em números falsos, "como um bêbado em um poste". Berlusconi contra-atacou. "Prodi é um idiota útil. Empresta sua cara de padre bonzinho à esquerda, onde 70% são ex-comunistas."
O principal tema do debate foi a carga de impostos. Prodi anunciou que voltaria a cobrar o imposto sobre heranças, extinto por Berlusconi. Ele insistiu que o imposto só afetaria os mais ricos, "que têm milhões de euros".
Já Berlusconi acusou o socialista de não ter o controle da coligação de centro-esquerda, que reúne diversos partidos, de ex-democratas-cristãos a comunistas. "Prodi diz algumas coisas, mas sua tropa pensa o oposto. Sinto muito, mas não dá para acreditar nele."
O debate também falou do aumento das penas para crimes cometidos contra crianças. O país está em comoção pelo assassinato de um menino de 17 meses, morto a golpes de pá por seu seqüestrador. "A pena de morte está fora da nossa cultura e civilização", disse Prodi. Berlusconi prometeu penas maiores para crimes contra mulheres e crianças.
Segundo vários especialistas, este debate foi bem mais equilibrado que o primeiro, onde Berlusconi tinha perdido claramente.
No domingo, quem acabou participando da campanha eleitoral foi o vocalista do grupo de rock U2, o irlandês Bono, também ativista político na luta contra a pobreza no Terceiro Mundo. Ele reclamou do uso da sua imagem por Berlusconi em uma brochura que o partido do premiê enviou a milhões de italianos.
O texto diz que "o astro irlandês é grato ao primeiro-ministro pelas ações do governo italiano aos países pobres". Em carta ao jornal "Corriere della Sera", publicada na capa da edição dominical, o cantor critica o não-cumprimento das promessas de Berlusconi.
"Tragicamente, nos últimos anos, sob seu governo, a Itália se tornou a última da classe, entre os 22 países mais ricos do mundo, em ajuda per capita aos países do Terceiro Mundo", escreveu.


Com agências internacionais

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