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IRAQUE OCUPADO
Medida, tomada em menos de uma semana, é resposta ao crescente escândalo; CIA investiga morte em prisão
Exército dos EUA pune sete por tortura
RAFAEL CARIELLO
DE NOVA YORK
Em meio ao crescente escândalo
deflagrado pelo caso, o Exército
americano deu ontem seu pior tipo de advertência a seis soldados
envolvidos com os casos de tortura de prisioneiros iraquianos por
militares dos EUA na prisão de
Abu Ghraib. Um sétimo soldado
recebeu um tipo de reprimenda
mais branda.
A punição mais dura aos seis
soldados, cujos nomes não foram
revelados, pode significar o fim da
carreira deles.
Trata-se de uma tentativa de
mostrar que o governo pretende
agir rapidamente no caso, diante
dos possíveis efeitos negativos na
campanha de reeleição do presidente George W. Bush e na ofensiva dos EUA contra o terrorismo.
Outros seis militares devem enfrentar a corte marcial por terem
supostamente participado das
sessões de tortura, reveladas por
fotos apresentadas no programa
"60 minutes", da rede de TV CBS
na semana passada.
Jeff Fager, um dos responsáveis
pelo programa, revelou que a
transmissão da reportagem foi
adiada por duas semanas a pedido do general Richard Myers, que
ligou pessoalmente para pedir
tempo ao apresentador Dan Rather antes da divulgação das imagens.
Myers, chefe do Estado-Maior
das Forças Armadas dos EUA,
justificou o pedido alegando que a
reportagem poderia trazer riscos
para a vida dos americanos seqüestrados no Iraque.
Também ontem, o presidente
dos EUA, George W. Bush, se reuniu com o secretário da Defesa,
Donald Rumsfeld, e pediu que os
militares fossem julgados o mais
rapidamente possível.
"O presidente queria ter certeza
de que as ações apropriadas estão
sendo tomadas contra os responsáveis por esses atos chocantes e
vergonhosos", declarou o porta-voz da Casa Branca, Scott McClellan.
O Conselho de Governo iraquiano, cujos membros foram indicados pelos EUA, exigiu que juízes iraquianos tomassem parte
em interrogatórios de prisioneiros e que as prisões fossem inspecionadas por iraquianos.
Congressistas republicanos e
democratas exortaram o governo
a agir o mais rapidamente possível para punir os responsáveis.
A general Janis Karpinski, responsável pela prisão, disse à rede
de TV ABC que há mais americanos envolvidos nos atos de tortura do que os que até agora estão
sendo julgados ou receberam advertências. Karpinski já havia sugerido em entrevistas que a CIA e
o serviço de inteligência do Exército incentivaram os abusos.
O general Mark Kimmitt, porta-voz do Exército no Iraque, disse
não crer que os serviços de inteligência "tenham tido qualquer
coisa a ver com com os atos criminosos individuais".
Um funcionário da CIA revelou
ontem que a agência de inteligência está investigando a morte de
um preso em Abu Ghraib. Ele disse à agência Reuters que não tinha
conhecimento de agentes da CIA
tomando parte nos maus-tratos,
mas confirmou que agentes faziam visitas regulares "a um pequeno número de prisioneiros".
Analistas afirmam que as imagens podem minar a guerra contra o terror, ao reforçar a animosidade de árabes e muçulmanos
contra os EUA.
"Os americanos que maltrataram esses prisioneiros podem
não ter se dado conta, mas agiram
de maneira que interessa à Al
Qaeda", declarou Tony Cordesman, do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais.
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