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ORIENTE MÉDIO
Âncora da TV Israel dá palestra hoje em SP
Maioria em Israel não vê solução sem o fim do terror, diz jornalista
DA REDAÇÃO
A maioria dos israelenses não
vê saída para o impasse nas negociações com os palestinos e está
disposta a esperar, apesar da
ameaça do terrorismo, o tempo
que for necessário para que surja
uma nova chance para a paz.
É o que diz Emmanuel Halperin, um dos principais jornalistas
de TV de Israel, que dá palestra
hoje em São Paulo, às 20h, na Casa de Cultura de Israel (r. Oscar
Freire, 2.500, tel. 0/ xx/11/3065-4333).
"Em Israel, a opinião majoritária é que o primeiro passo é o fim
do terrorismo. Sem ele, não há o
que negociar", diz Halperin, âncora do jornal noturno da TV Israel (pública), entre outros programas.
(OTÁVIO DIAS)
Folha - Como entender a derrota
do premiê de Israel, Ariel Sharon,
no referendo do Likud?
Emmanuel Halperin - A maioria
do Likud não rejeitou o plano por
razões emocionais, mas por razões lógicas. Não havia, no plano
de retirada de Gaza, uma contrapartida para a destruição dos assentamentos judaicos na região.
Por que deveríamos removê-los
apenas para agradar o lado palestino? Eles [os palestinos] não nos
darão nada em troca? Desde o início da atual Intifada, a posição israelense foi clara: não faremos nada como resultado do terrorismo.
Folha - Quais as conseqüências
para Sharon?
Halperin - Se quiser continuar
no poder, terá de modificar um
pouco seu plano, mostrar que está
levando em conta a opinião dos
membros de seu partido. Mas até
as próximas eleições, em três
anos, nenhum partido terá força
para tirar o Likud do poder. Pode
haver alteração na composição do
governo, mas o Likud continuará.
Folha - Sharon descartou o líder
palestino, Iasser Arafat, como um
parceiro para a paz. Essa é a opinião majoritária em Israel?
Halperin - Arafat não coloca as
bombas por conta própria, mas
encoraja o terror. Não faz nada
para impedi-lo. O atentado contra
o porto de Ashdod foi planejado
pelo Hamas e pelas Brigadas dos
Mártires de Al Aqsa, ligadas ao
Fatah, o partido de Arafat. Logo,
eles estão juntos. Em Israel, ninguém acredita que a Intifada começou porque Sharon visitou o
Monte do Templo [Esplanada das
Mesquitas, para os palestinos] em
setembro de 2000. A Intifada foi
planejada. Os líderes palestinos
pensaram: "Não conseguimos o
que queríamos nas negociações
em Camp David [EUA, julho de
2000], então vamos tentar a violência." Em Israel, a opinião majoritária é que o primeiro passo é o
fim do terrorismo. Sem ele, não
há o que negociar.
Folha - Arafat diz que, sem avanço no processo de paz, ele não tem
como impedir o terrorismo.
Halperin - Em Camp David, [o ex-premiê israelense Ehud] Barak
ofereceu a Arafat 97% dos territórios palestinos -95% da Cisjordânia e toda a faixa de Gaza-, a
partilha de Jerusalém, algo que
nenhum israelense jamais imaginou. Ele disse "não". Por isso, a sociedade israelense não vê solução
no momento. Teremos de esperar. Não há solução imediata. No
passado, já vivemos em condições
bem piores. É terrível viver sob a
ameaça quase diária de terrorismo, mas percebemos que isso não
destruirá o tecido da nossa sociedade. A economia israelense crescerá de 3% a 4% neste ano. Não há
emigração em massa, pelo contrário, há imigração. Nos últimos
três anos, 100 mil judeus vieram
morar em Israel. No começo, éramos 1 milhão, depois 2 milhões, 3
milhões... Logo, a maioria dos judeus do mundo viverá em Israel.
Isso significa que o projeto Israel
funciona. Não estamos contentes,
mas temos recursos e energia parar esperar até que nossos vizinhos decidam que têm de aceitar
o Estado judeu, parar com o terrorismo e negociar.
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