São Paulo, terça-feira, 04 de maio de 2004

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ORIENTE MÉDIO

Âncora da TV Israel dá palestra hoje em SP

Maioria em Israel não vê solução sem o fim do terror, diz jornalista

DA REDAÇÃO

A maioria dos israelenses não vê saída para o impasse nas negociações com os palestinos e está disposta a esperar, apesar da ameaça do terrorismo, o tempo que for necessário para que surja uma nova chance para a paz.
É o que diz Emmanuel Halperin, um dos principais jornalistas de TV de Israel, que dá palestra hoje em São Paulo, às 20h, na Casa de Cultura de Israel (r. Oscar Freire, 2.500, tel. 0/ xx/11/3065-4333).
"Em Israel, a opinião majoritária é que o primeiro passo é o fim do terrorismo. Sem ele, não há o que negociar", diz Halperin, âncora do jornal noturno da TV Israel (pública), entre outros programas. (OTÁVIO DIAS)
 

Folha - Como entender a derrota do premiê de Israel, Ariel Sharon, no referendo do Likud?
Emmanuel Halperin -
A maioria do Likud não rejeitou o plano por razões emocionais, mas por razões lógicas. Não havia, no plano de retirada de Gaza, uma contrapartida para a destruição dos assentamentos judaicos na região. Por que deveríamos removê-los apenas para agradar o lado palestino? Eles [os palestinos] não nos darão nada em troca? Desde o início da atual Intifada, a posição israelense foi clara: não faremos nada como resultado do terrorismo.

Folha - Quais as conseqüências para Sharon?
Halperin -
Se quiser continuar no poder, terá de modificar um pouco seu plano, mostrar que está levando em conta a opinião dos membros de seu partido. Mas até as próximas eleições, em três anos, nenhum partido terá força para tirar o Likud do poder. Pode haver alteração na composição do governo, mas o Likud continuará.

Folha - Sharon descartou o líder palestino, Iasser Arafat, como um parceiro para a paz. Essa é a opinião majoritária em Israel?
Halperin -
Arafat não coloca as bombas por conta própria, mas encoraja o terror. Não faz nada para impedi-lo. O atentado contra o porto de Ashdod foi planejado pelo Hamas e pelas Brigadas dos Mártires de Al Aqsa, ligadas ao Fatah, o partido de Arafat. Logo, eles estão juntos. Em Israel, ninguém acredita que a Intifada começou porque Sharon visitou o Monte do Templo [Esplanada das Mesquitas, para os palestinos] em setembro de 2000. A Intifada foi planejada. Os líderes palestinos pensaram: "Não conseguimos o que queríamos nas negociações em Camp David [EUA, julho de 2000], então vamos tentar a violência." Em Israel, a opinião majoritária é que o primeiro passo é o fim do terrorismo. Sem ele, não há o que negociar.

Folha - Arafat diz que, sem avanço no processo de paz, ele não tem como impedir o terrorismo.
Halperin -
Em Camp David, [o ex-premiê israelense Ehud] Barak ofereceu a Arafat 97% dos territórios palestinos -95% da Cisjordânia e toda a faixa de Gaza-, a partilha de Jerusalém, algo que nenhum israelense jamais imaginou. Ele disse "não". Por isso, a sociedade israelense não vê solução no momento. Teremos de esperar. Não há solução imediata. No passado, já vivemos em condições bem piores. É terrível viver sob a ameaça quase diária de terrorismo, mas percebemos que isso não destruirá o tecido da nossa sociedade. A economia israelense crescerá de 3% a 4% neste ano. Não há emigração em massa, pelo contrário, há imigração. Nos últimos três anos, 100 mil judeus vieram morar em Israel. No começo, éramos 1 milhão, depois 2 milhões, 3 milhões... Logo, a maioria dos judeus do mundo viverá em Israel. Isso significa que o projeto Israel funciona. Não estamos contentes, mas temos recursos e energia parar esperar até que nossos vizinhos decidam que têm de aceitar o Estado judeu, parar com o terrorismo e negociar.


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