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Propagação de vírus está no início, diz OMS
Contaminações progridem de forma mais lenta, mas organismo alerta para não haver descuido nem pânico diante de nova gripe
Para órgão mundial, é muito possível que pico já tenha passado, mas ainda é cedo para se descartar risco de pandemia ou surto abrupto
MARCELO NINIO
DE GENEBRA
Dez dias após emitir o primeiro alerta sobre o surto do
vírus A(H1N1), causador da gripe que vinha sendo chamada de
"gripe suína", a Organização
Mundial da Saúde disse ontem
que a propagação da doença está "só no começo" e que seu impacto ainda é imprevisível.
A organização confirmou
que o vírus continua a se espalhar e manteve o alerta no nível
5, que indica a iminência de
pandemia. O número de casos
confirmados pela OMS pulou
ontem de 658 para 898 em 18
países, com 20 mortes (19 no
México e uma nos EUA) -a
maioria dos doentes, no entanto, é afetada de forma branda.
Um caso de contágio anunciado pelo governo da Colômbia, que seria o primeiro na
América do Sul, ainda não havia sido confirmado pela OMS
até a noite de ontem
Ante avaliações otimistas de
autoridades do México e dos
EUA, que minimizaram a letalidade do vírus e sua capacidade
de se espalhar, a organização
insiste em advertir que é cedo
para dizer que o pior já passou.
"Ainda estamos nos primeiros 200 metros", disse Keiji Fukuda, vice-diretor da OMS,
comparando a propagação do
novo vírus a uma maratona
(prova atlética de 42,1 km).
Segundo Fukuda, uma das
maiores preocupações da OMS
é que a conclusão precipitada
de que o vírus não oferece perigo desarticule ações de precaução contra uma pandemia.
Desde que entrou em estado
de emergência por causa da gripe, a OMS busca a dose certa de
alerta para evitar o pânico sem
baixar a guarda ante o risco de
pandemia. A mensagem principal é que é preciso combater a
complacência mesmo que o
contágio entre em queda.
Pós-pico
Segundo o porta-voz da
OMS, Gregory Hartl, é inteiramente possível que o surto já
tenha ultrapassado seu pico,
como indicou o governo do México.
Mas isso não significa que o risco de pandemia esteja afastado,
pois "hiatos" nas contaminações são recorrentes.
"A gripe espanhola (1918) teve um surto na primavera e sumiu no verão, para reaparecer
com toda a força no outono de
1918 e matar entre 40 a 50 milhões de pessoas", disse Hartl.
"Há grande probabilidade de
que esse vírus volte, especialmente nos períodos mais frios".
O inverno começa em dezembro no hemisfério Norte.
Para que o nível máximo de
alerta seja acionado e a OMS
declare estado de pandemia é
preciso que haja transmissões
em larga escala em mais de uma
região. Por enquanto esse tipo
de contágio só ocorreu na América do Norte (506 no México,
226 nos EUA e 85 no Canadá).
Por serem os países como o
maior número de casos fora da
América do Norte, Espanha e
Reino Unido estão no foco do
monitoramento da OMS para
avaliar o risco. Sobretudo a Espanha, que ontem pulou de 13
para 40 pacientes. A grande
maioria, segundo a OMS, é de
pessoas vindas do México.
"É claro que estamos monitorando [esses dois países]
muito atentamente", disse Fukuda. Ele reiterou, contudo,
que o comportamento do novo
vírus ainda é um enigma, e que
países que até agora registraram poucos contágios podem
ter um surto repentino.
Sobre a declaração do ministro da Saúde, José Gomes Temporão, de que é "inevitável" que
o vírus chegue ao Brasil, Fukuda disse que é preciso tomar as
medidas necessárias, mas sem
pânico: "Se houver um caso no
Brasil, não será inesperado".
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