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México anuncia declínio de surto
Segundo governo, dados preliminares apontam diminuição de casos suspeitos e de procura por hospitais
Secretário da Saúde defende ações de combate à doença, mas pede para que país "não baixe a guarda'; jovens até 19 anos são mais atingidos
Brennan Linsley/Associated Press
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Sacerdotes utilizam máscaras cirúrgicas para evitar contaminação da gripe, em missa na Catedral Metropolitana da Cidade do México
FLÁVIA MARREIRO
ENVIADA ESPECIAL À CIDADE DO MÉXICO
O México anunciou ontem
que o surto de gripe A(H1N1),
que vinha sendo chamada de
gripe suína, entrou em declínio
no país, de acordo com estatísticas preliminares que demonstram menos casos suspeitos e menos procura pelos hospitais. Ainda assim, o governo
mexicano pediu à população
"não baixar a guarda" para evitar novo surto da doença.
"É muito difícil afirmar [que
o perigo já passou]. O México e
o mundo estão aprendendo a
partir do que está acontecendo.
É algo inédito", afirmou o secretário da Saúde, José Córdova, que voltou a dizer que o vírus da doença tem se mostrado
menos letal do que o projetado
inicialmente.
Ele atribuiu a queda de contágio às medidas restritivas, como o cancelamento das aulas,
que coincidiram com o pico de
contaminação entre os dias 23
e 28 de abril. A decisão sobre a
retomada das aulas e da reabertura dos restaurantes e bares,
estes fechados por ordem do
governo da capital, deve ser
anunciada amanhã.
Incidência
De acordo com dados do secretário, a gripe A(H1N1) atingiu predominantemente jovens de até 19 anos no país. O
grupo compõe 47,8% dos 506
casos até agora comprovados. A
incidência maior em jovens
também foi citada pelo Centro
de Controle e Prevenção de
Doenças (CDC), dos EUA.
Já no grupo de 19 mortes
comprovadamente causadas
pela doença no México, a maioria é de mulheres jovens (14),
mas tanto Córdova como outros epidemiologistas mexicanos afirmam que ainda é cedo
para saber se há ou não uma
maior vulnerabilidade feminina ante o vírus.
Córdova deixou de citar a cifra das mortes suspeitas de terem sido causadas pela doença.
O governo chegou a divulgar
que 176 pessoas poderiam ter
morrido por causa da gripe, estimativa reduzida no sábado
para 93 casos em investigação.
O governo mexicano também voltou a se defender das
acusações de que ignorou um
alerta da OMS (Organização
Mundial de Saúde) sobre o surto da doença no município de
Perote, no Estado de Vera Cruz
(sul), cinco dias antes de lançar
o primeiro alerta, ainda sobre
influenza (gripe) sazonal.
Na cidade, está instalada a
empresa americana Carrol, de
carne suína, e ativistas locais
tentam evitar a expansão dos
abatedouros.
"Fizemos todos os exames
que o México podia fazer. Não
sabíamos, até dia 23, que era
um vírus novo. Não poderíamos lançar o alerta se fosse gripe sazonal", disse o secretário.
Atendimento e pobreza
O secretário divulgou que a
mulher que morreu por causa
da doença no Estado mexicano
de Oaxaca (sudoeste) -o caso
notificado em 16 de abril e usado como base para o alerta epidemiológico- tinha diabetes.
Não revelou, porém, o histórico
médico dos outros mortos.
Os dados são importantes
quando se debatem as hipóteses pelas quais o vírus só matou
no México, com exceção do caso de um menino mexicano nos
EUA. Entre as possibilidades,
cita-se o descrédito pelo sistema de saúde público, a tendência da população à automedicação, a condição de pobreza e a
preexistência de doenças.
Questionado sobre o tema,
Córdova afirmou que os pacientes que morreram demoraram, em média, um dia a mais
para procurar os hospitais do
que aqueles que se curaram,
ainda que tenha frisado que se
tratava de um universo pequeno para traçar um padrão.
"Evidentemente o fator pobreza influi, mas não com o
mesmo impacto que influi em
outras doenças. A falta de água
e sabão conta. Esse é um elemento primordial para evitar a
transmissão", disse.
A região metropolitana da
Cidade do México, uma das
maiores do mundo, com 20 milhões de habitantes, vive crise
no abastecimento de água, com
cortes. O governo promete distribuir kits com álcool para a
limpeza das mãos, considerada
a medida mais efetiva contra a
contaminação.
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