São Paulo, segunda-feira, 04 de maio de 2009

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México anuncia declínio de surto

Segundo governo, dados preliminares apontam diminuição de casos suspeitos e de procura por hospitais

Secretário da Saúde defende ações de combate à doença, mas pede para que país "não baixe a guarda'; jovens até 19 anos são mais atingidos


Brennan Linsley/Associated Press
Sacerdotes utilizam máscaras cirúrgicas para evitar contaminação da gripe, em missa na Catedral Metropolitana da Cidade do México

FLÁVIA MARREIRO
ENVIADA ESPECIAL À CIDADE DO MÉXICO

O México anunciou ontem que o surto de gripe A(H1N1), que vinha sendo chamada de gripe suína, entrou em declínio no país, de acordo com estatísticas preliminares que demonstram menos casos suspeitos e menos procura pelos hospitais. Ainda assim, o governo mexicano pediu à população "não baixar a guarda" para evitar novo surto da doença.
"É muito difícil afirmar [que o perigo já passou]. O México e o mundo estão aprendendo a partir do que está acontecendo. É algo inédito", afirmou o secretário da Saúde, José Córdova, que voltou a dizer que o vírus da doença tem se mostrado menos letal do que o projetado inicialmente.
Ele atribuiu a queda de contágio às medidas restritivas, como o cancelamento das aulas, que coincidiram com o pico de contaminação entre os dias 23 e 28 de abril. A decisão sobre a retomada das aulas e da reabertura dos restaurantes e bares, estes fechados por ordem do governo da capital, deve ser anunciada amanhã.

Incidência
De acordo com dados do secretário, a gripe A(H1N1) atingiu predominantemente jovens de até 19 anos no país. O grupo compõe 47,8% dos 506 casos até agora comprovados. A incidência maior em jovens também foi citada pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), dos EUA.
Já no grupo de 19 mortes comprovadamente causadas pela doença no México, a maioria é de mulheres jovens (14), mas tanto Córdova como outros epidemiologistas mexicanos afirmam que ainda é cedo para saber se há ou não uma maior vulnerabilidade feminina ante o vírus.
Córdova deixou de citar a cifra das mortes suspeitas de terem sido causadas pela doença. O governo chegou a divulgar que 176 pessoas poderiam ter morrido por causa da gripe, estimativa reduzida no sábado para 93 casos em investigação.
O governo mexicano também voltou a se defender das acusações de que ignorou um alerta da OMS (Organização Mundial de Saúde) sobre o surto da doença no município de Perote, no Estado de Vera Cruz (sul), cinco dias antes de lançar o primeiro alerta, ainda sobre influenza (gripe) sazonal.
Na cidade, está instalada a empresa americana Carrol, de carne suína, e ativistas locais tentam evitar a expansão dos abatedouros.
"Fizemos todos os exames que o México podia fazer. Não sabíamos, até dia 23, que era um vírus novo. Não poderíamos lançar o alerta se fosse gripe sazonal", disse o secretário.

Atendimento e pobreza
O secretário divulgou que a mulher que morreu por causa da doença no Estado mexicano de Oaxaca (sudoeste) -o caso notificado em 16 de abril e usado como base para o alerta epidemiológico- tinha diabetes. Não revelou, porém, o histórico médico dos outros mortos.
Os dados são importantes quando se debatem as hipóteses pelas quais o vírus só matou no México, com exceção do caso de um menino mexicano nos EUA. Entre as possibilidades, cita-se o descrédito pelo sistema de saúde público, a tendência da população à automedicação, a condição de pobreza e a preexistência de doenças.
Questionado sobre o tema, Córdova afirmou que os pacientes que morreram demoraram, em média, um dia a mais para procurar os hospitais do que aqueles que se curaram, ainda que tenha frisado que se tratava de um universo pequeno para traçar um padrão.
"Evidentemente o fator pobreza influi, mas não com o mesmo impacto que influi em outras doenças. A falta de água e sabão conta. Esse é um elemento primordial para evitar a transmissão", disse.
A região metropolitana da Cidade do México, uma das maiores do mundo, com 20 milhões de habitantes, vive crise no abastecimento de água, com cortes. O governo promete distribuir kits com álcool para a limpeza das mãos, considerada a medida mais efetiva contra a contaminação.


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