UOL


São Paulo, quarta-feira, 04 de junho de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PREVIDÊNCIA

Para o governo, movimento contra a reforma está perdendo força

Novas greves geram caos na França

Eric Feferberg/France Presse
Arqueólogos participam de manifestação de grevistas em Paris


DA REDAÇÃO

Os serviços públicos beiraram o colapso, ontem na França, com novas greves desencadeadas contra o projeto de reforma da Previdência. Mas a paralisação foi menor que a anterior, a 13 de maio. A Áustria também foi paralisada por greves contra a reforma previdenciária do governo local.
O projeto francês, já enviado à Assembléia Nacional (Câmara dos Deputados), prevê a equiparação do regime de aposentadoria do setor público ao praticado pelo setor privado.
Os servidores da ativa deverão contribuir durante 40 anos para se aposentar, e não mais por 37 e meio. As cotizações serão aumentadas a partir de 2008, e isenções fiscais estimularão depósitos nos fundos de pensão privados.
A reforma deve ser aprovada no início de julho. O governo tem ampla maioria parlamentar.
O novo protesto sindical está se esvaziando, argumentava ontem o governo. Só teriam aderido 40% dos ferroviários e 30% dos professores. "Todas as condições estão reunidas para que seja um movimento sólido e durável", respondeu Bernard Thibault, dirigente da confederação CGT.
As passeatas convocadas em Paris, Marselha e Bordeaux mobilizaram 500 mil pessoas, segundo o Ministério do Interior, ou 1,6 milhão, segundo os sindicatos.
O ministro de Questões Regionais, Patrick Devedjian, acusou os sindicatos de tentarem paralisar o país com segundas intenções políticas. Disse que a CGT, ligada ao pequeno Partido Comunista, forçou paralisações em categorias, como a dos ferroviários, que têm regimes especiais de aposentadoria, imunes à reforma agora proposta. O regime especial também vale para o metrô de Paris, que funcionou com dois terços de suas composições.
De um modo geral, no entanto, foi bem caótica a situação em toda a França. Apenas 20% dos vôos programados conseguiram decolar. Além da greve na Air France, cruzaram os braços os funcionários das torres de controle. A Lufthansa cancelou 42 dos 139 vôos com destino a aeroportos franceses. A British Airways fez o mesmo com 90 de seus 120 vôos.
Na falta de trens de subúrbio, os congestionamentos nas imediações de Paris atingiram 180 km. Os jornais não circularam pela impossibilidade de distribuição. Os assinantes recebem seus exemplares pelo correio, que também estava em greve.
Parte dos sindicatos pretende manter a greve indefinidamente, para forçar o governo a fazer concessões e a respeitar os direitos adquiridos. Mas o governo permanece intransigente. Argumenta que o envelhecimento da população faz com que um número cada vez menor de trabalhadores pague pela aposentadoria de uma quantidade cada vez maior de beneficiados.
Na Itália, a greve esteve circunscrita à Alitalia, empresa aérea estatal. Foi o quarto dia consecutivo de paralisação, em protesto contra os planos de cortar custos e reduzir pessoal. No quarto dia consecutivo de paralisação, 285 vôos foram cancelados.
Na Áustria, os sindicatos acreditam ter promovido a maior greve desde a 2ª Guerra, com a paralisação do setor público contra o projeto de reforma previdenciária. A médio prazo, o tempo de contribuição necessário à aposentadoria passaria de 40 para 45 anos.

Com agências internacionais


Texto Anterior: Queda rápida de Saddam Hussein frustra brasileiros
Próximo Texto: Espanha: Colisão entre trens deixa cinco mortos
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.