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Iraquianos exigem ter controle sobre segurança e recursos do país
DA REDAÇÃO
O governo interino iraquiano,
que assumirá no próximo dia 30,
exigiu ter controle sobre os assuntos de segurança do país, ainda
que veja como necessária a presença das forças militares estrangeiras após sua posse. Uma proposta de resolução apresentada
por EUA e Reino Unido à ONU dá
a Washington o controle das tropas, mas não deixa claro como se
dará a coordenação das operações com o governo nacional.
O chanceler iraquiano, Hoshyar
Zebari, disse ontem que a proposta em debate no Conselho de Segurança deve não apenas deixar
clara essa interação, como também garantir que a soberania do
país -que deve ser total- não
seja enfraquecida. Outra exigência é que o governo interino tenha
o controle e administre "todos os
recursos e ativos iraquianos" e as
Forças Armadas do país.
"É um fato objetivo que precisamos da assessoria contínua dessas
tropas, mas também precisamos
que sua presença seja regulamentada sob um acordo que não enfraqueça nossa soberania nem o
direito das forças multinacionais
de se defender", disse Zebari.
As questões se assemelham às
demandas feitas por países que se
opuseram à guerra, como França,
China, Rússia e Alemanha, para
aceitar a proposta.
John Negroponte, futuro embaixador americano no Iraque e
atual representante do país na
ONU, afirmou que ainda é preciso fazer "o ajuste fino" da proposta. Os EUA já concordaram em fixar a saída das forças estrangeiras
"na conclusão do processo transitório", o que diplomatas interpretam como a posse de um governo
eleito diretamente (prevista para
janeiro de 2006). Mas permanecem reticentes quanto à palavra
final nas operações de segurança.
O secretário de Estado dos EUA,
Colin Powell, afirmou que o governo interino não terá poder de
veto sobre as forças multinacionais. "Pode haver uma situação
em que tenhamos de agir e ocorra
um desentendimento", disse ele
ao Centro de Radiodifusão do
Oriente Médio. Mesmo assim,
Powell afirmou acreditar que
"não haverá problemas".
É consenso, no entanto, que as
forças estrangeiras devam permanecer no país após 30 de junho.
"Uma partida prematura das forças estrangeiras levaria ao caos e à
possibilidade de uma guerra civil", disse Zebari. "Isso causaria
uma crise humanitária e abriria
caminho para terroristas lançarem sua campanha em nosso país
e além de nossas fronteiras."
A violência segue sendo o maior
problema do Iraque pós-guerra.
Ontem, a Embaixada da Itália em
Bagdá sofreu um ataque com
morteiros no qual um iraquiano
morreu. Em Najaf e Kufa, no sul
do país, os embates entre as forças
dos EUA e a milícia do clérigo radical xiita Moqtada al Sadr entraram em seu oitavo dia, fazendo
mais seis mortos e 11 feridos.
Al Sistani
Com a resolução, Washington e
Londres buscam obter maior cooperação de outros países com a
reconstrução e maior credibilidade para o governo interino entre
os próprios iraquianos.
Sobre o segundo ponto, houve
uma conquista ontem quando o
grão-aiatolá Ali al Sistani, o maior
líder xiita do país, deu ao governo
recém-anunciado pelo extinto
Conselho de Governo Iraquiano
um voto de confiança ao dizer
que, mesmo carecendo de "legitimidade eleitoral", ele constitui
"um avanço na direção certa".
"A esperança é que esse governo prove seu valor, sua integridade e sua prontidão em executar as
tarefas colossais que lhe cabem",
disse Al Sistani em um comunicado emitido por seu escritório.
Com agências internacionais
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