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Lula volta a rebater crítica de Hugo Chávez
Foco da discussão é decisão do venezuelano de não renovar licença da RCTV e nota do Senado brasileiro sobre o tema
Para presidente, pedido dos senadores não foi grosseiro, como acusara venezuelano; Garcia diz que ao Brasil "não interessa esquentar" debate
Carlos Garcia Rawlins/Reuters
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Com máscara que satiriza Chávez, manifestantes protestam em Caracas contra o fim da RCTV |
KENNEDY ALENCAR
ENVIADO ESPECIAL A NOVA DÉLI
Pela segunda vez desde sexta,
o presidente Luiz Inácio Lula
da Silva rebateu declarações do
colega da Venezuela, Hugo
Chávez. "Acho que o Congresso
não foi grosseiro. Porque a nota
do Congresso pede a compreensão apenas [em relação à
não-renovação da concessão da
RCTV]", afirmou ontem Lula,
após jantar com o premiê da Índia, Manmohan Singh.
O presidente se referia ao requerimento do Senado brasileiro pedindo que Chávez reconsiderasse a decisão sobre o
canal oposicionista e à posterior declaração do venezuelano
de que o "Congresso emitira
um comunicado grosseiro que
o obrigava a responder".
Lula disse que não pretende
procurar Chávez para tentar
pôr panos quentes. Segundo o
ministro Celso Amorim (Relações Exteriores), o presidente
venezuelano telefonou no sábado para o embaixador brasileiro em Caracas para lamentar
o ocorrido, num tom de justificativa. Amorim disse ter falado
por telefone anteontem com o
embaixador da Venezuela no
Brasil, Julio Garcia Montoya.
O assessor especial de assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia, disse que o tom de
Chávez foi "inadequado", mas
ressaltou que o Brasil não tem
"interesse em esquentar esse
assunto". Garcia também não
acha ofensiva a nota do Senado.
Na última quarta, o Senado
brasileiro votou requerimento
pedindo que Chávez reconsiderasse a decisão de não renovar a
concessão da RCTV, expirada
no último dia 27. A rede deu
apoio ao golpe de abril de 2002.
Chávez, então, afirmou que o
Congresso era um "papagaio"
que repete o que diz Washington. O presidente brasileiro
respondeu dizendo que o venezuelano deveria cuidar dos assuntos do seu país porque ele,
Lula, cuidaria do Brasil. Na sexta, o Itamaraty divulgou nota
pedindo que o embaixador em
Brasília prestasse explicações.
No sábado, Chávez afirmou
que fora obrigado a responder a
um "comunicado grosseiro" do
Senado. Para integrantes da comitiva do presidente em Nova
Déli, foi um sinal de que não deseja conflito com Lula.
O presidente do Brasil avalia
que o colega cometeu um erro
político ao não renovar a concessão da RCTV. Em diversos
encontros, Lula já aconselhou
Chávez a ser mais moderado.
OEA
Para Garcia, a OEA (Organização dos Estados Americanos)
deve conduzir com cautela discussões a respeito do tema
Chávez-RCTV. Há pressão dos
EUA por uma censura ao venezuelano em reunião da organização que começou ontem.
"Só espero que a OEA não venha a fazer agora as bobagens
que fez nos anos 60", disse. Para ele, "até agora não houve nenhum tipo de restrição à liberdade de imprensa".
O secretário-geral da OEA, o
chileno José Miguel Insulza,
disse ao jornal "El Mercúrio"
que não chamaria a decisão de
Chávez de "atentado à liberdade", mas de "uma forma de censura à liberdade de expressão".
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