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Putin ameaça apontar míssil para Europa
Presidente diz que Rússia reagirá "à altura" se EUA instalarem sistema antimísseis na Polônia e na República Tcheca
Há três dias da cúpula do G8, russo diz que escudo "muda configuração da segurança internacional'; tchecos votam contra plano dos EUA
DA REDAÇÃO
O presidente russo, Vladimir
Putin, reiterou sua oposição ao
sistema antimísseis que os
EUA planejam instalar no Leste Europeu e advertiu que pode
posicionar os mísseis russos a
fim de mirar cidades européias.
Questionado pelo jornal italiano "Corriere della Sera" em
uma entrevista com jornalistas
estrangeiros se os mísseis russos seriam apontados contra cidades e objetivos norte-americanos como ocorria nos tempos
da Guerra Fria, Putin respondeu "sim, naturalmente". "Se o
potencial nuclear norte-americano se estende no território
europeu, nós devemos ter novos alvos na Europa", declarou.
O mais novo ataque russo ao
sistema antimísseis dos EUA
ocorre há poucos dias do encontro anual dos líderes do G8,
que acontecerá na Alemanha e
do qual, naturalmente, Putin e
o presidente norte-americano,
George W. Bush, participarão.
Desde janeiro, quando os
EUA fizeram um pedido formal
para instalar uma base para radar na República Tcheca e dez
interceptores de mísseis na vizinha Polônia -ambas ex-satélites soviéticos-, o atrito entre
a Moscou e Washington tem
aumentado. Putin acusa os
EUA de fomentarem uma nova
corrida armamentista e afirma
que o sistema de defesa norte-americano é uma ameaça à segurança da Rússia. Os EUA negam, afirmando que o escudo
tem como objetivo deter um
possível ataque do Irã. Durante
a entrevista, Putin afirmou que
nem o Irã nem a Coréia do Norte possuem os mísseis que o sistema pretende destruir, sugerindo novamente que ele seria
usado contra a Rússia.
"Eles estão dizendo que o sistema antimísseis tem como alvo algo que não existe. Não parece engraçado para vocês, para
dizer o mínimo?", disse o presidente russo. Segundo Putin, o
escudo cobriria o território russo até os montes Urais.
O presidente afirmou que o
projeto dos EUA "simplesmente muda toda a configuração da
segurança internacional", afirmando que Moscou estava preparando uma resposta "à altura" para a suposta ameaça.
"Se os americanos não desistirem do projeto, então nós nos
responsabilizaremos pelas nossas medidas retaliatórias porque não fomos nós os que começamos essa nova corrida armamentista, que está fermentando na Europa", disse.
Na semana passada, a Rússia
testou um novo míssil intercontinental, em resposta ao
projeto norte-americano.
As declarações feitas por Putin à mídia internacional foram
das mais ácidas desde que Moscou começou a se opor ao projeto de Washington de instalar
o escudo em países do Leste
Europeu.
A Rússia não direciona seus
mísseis para a Europa desde a
assinatura de uma série de
acordos com os EUA e países
europeus na década de 1990, de
acordo com Pavel Felgenhauer,
analista militar russo. Segundo
ele, no entanto, isso é uma
questão técnica, já que um míssil pode mudar seu alvo em minutos.
"Não" ao escudo
Eleitores de três vilarejos da
República Tcheca localizados
próximos da região onde os
EUA planejam instalar parte de
seu sistema de defesa antimísseis rejeitaram a proposta por
meio de referendos realizados
no final de semana, há dois dias
de uma vista do presidente
Bush, previsto para chegar hoje
ao país. Ao menos 95% dos eleitores rejeitaram o plano de instalação do sistema
O resultado dificilmente levará o governo de centro-direita do primeiro-ministro Mirek
Topolanek a desistir da proposta norte-americana, mas mostra a crescente oposição tcheca
ao projeto.
Com agências internacionais
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