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Obama cobrará franqueza do Oriente Médio
Presidente dos EUA diz que pedirá à região que "pare de dizer uma coisa em público e outra em privado" em discurso no Egito
Americano "se aconselha"
com rei saudita sobre fala a
mundo muçulmano; EUA
mandarão mensagens de
texto em idiomas locais
DA REDAÇÃO
Na véspera do esperado, e já
tido como histórico, discurso
no Egito ao 1,5 bilhão de muçulmanos do mundo, o presidente
dos EUA, Barack Obama, fez
ontem a primeira escala da viagem na Arábia Saudita, berço
do islã e um tradicional aliado
americano na região.
Antes de partir para o roteiro
pelos países árabes, Obama disse ao "New York Times" que, na
mensagem, pedirá às partes envolvidas no complexo cenário
político do Oriente Médio que
"parem de dizer uma coisa em
público e outra em privado".
"Há vários países árabes mais
preocupados com um Irã produzindo uma arma nuclear do
que com a "ameaça" de Israel,
mas não o admitem. [Há israelenses] que reconhecem que
sua atual posição é insustentável e precisam tomar difíceis
decisões sobre os assentamentos [na Cisjordânia], mas não o
reconhecem publicamente."
Obama disse que buscava
conselhos com o rei saudita,
Abdullah bin Abdulaziz al Saud,
para o pronunciamento. "Acho
importante vir ao lugar em que
o islã nasceu para discutir com
sua majestade os temas que enfrentamos no Oriente Médio."
A Arábia Saudita, maior fornecedor de petróleo dos EUA e
do mundo, de maioria sunita,
teme que a tentativa de aproximação de Obama com o xiita
Irã comprometa sua condição
de interlocutor americano privilegiado entre os países muçulmanos no Oriente Médio.
O discurso de Obama faz parte da sua estratégia, adiantada
já durante a campanha à Casa
Branca, de buscar o acercamento com os árabes e os países do chamado mundo islâmico, onde a imagem dos EUA foi
dramaticamente deteriorada
pelos oito anos de governo
Bush e sua "guerra ao terror".
Para tanto, Obama se apresentará com as credenciais de
quem descende de uma família
muçulmana, carrega Hussein
no nome e viveu durante anos
da sua infância no país de maior
população muçulmana em todo o mundo, a Indonésia.
Desde que assumiu, o presidente americano já concedeu
uma inédita primeira entrevista no cargo à emissora de língua
árabe Al Arabyia (sediada nos
Emirados Árabes Unidos), disse, na laica de maioria muçulmana Turquia, que "os EUA jamais farão guerra com o islã" e
parabenizou o Irã pela comemoração do Ano Novo persa.
Funcionários do governo
americano disseram que, no
discurso, previsto para ocorrer
às 7h10 (Brasília) na Universidade do Cairo, Obama não deixará de abordar nenhum dos
nós políticos regionais. Entrarão na pauta a possibilidade de
um Irã nuclear, Afeganistão,
Iraque, Paquistão e o conflito
entre israelenses e palestinos.
"Eu estarei segurando um espelho e dizendo: "Essa é a situação, e os EUA estão preparados
para trabalhar com todos vocês
para enfrentar esses problemas. Mas não podemos impor
soluções. Todos terão que fazer
escolhas difíceis'", adiantou
Obama ao jornal americano.
O presidente disse que sua
intenção é falar "às ruas árabes", sobretudo aos jovens muçulmanos. "Se eles forem convencidos de que estamos agindo de maneira clara e direta,
então tanto eles como suas lideranças estarão mais inclinados a trabalhar conosco."
"[Parte da] luta dos EUA contra os terroristas e extremistas
envolve conquistar os corações
e mentes das pessoas que são
por eles recrutadas", afirmou.
Ofensiva virtual
Paralelamente, o Departamento de Estado dos EUA
anunciou, no site do governo
destinado ao público estrangeiro, que enviará mensagens de
celular em três idiomas, além
do inglês, atualizando assinantes sobre o discurso de Obama.
Foram contemplados no serviço o árabe, língua da maioria
dos países muçulmanos, o urdu, falado principalmente no
Paquistão, e o persa, no Irã.
Com agências internacionais
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