São Paulo, quinta-feira, 04 de junho de 2009

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Ansioso por fala, mundo árabe quer ver palavras virarem ação

DO "FINANCIAL TIMES"

"Isto é tão importante quanto a viagem de Nixon à China [a primeira de um presidente americano ao país comunista]. Após oito anos de falação sobre o choque de civilizações, Obama vem a um país islâmico para falar de nossa humanidade comum." Assim define o discurso que o presidente dos EUA fará hoje Abdel Moneim Said, diretor do Centro Al Ahram de Estudos Políticos e Estratégicos, sediado no Cairo.
Obama falará a uma plateia em grande medida receptiva, mas que espera mais que apenas expressões de boa vontade e homenagens à grandeza da civilização islâmica.
O discurso será assistido de perto para detectar sinais de disposição em aplicar pressão sobre Israel. Grupos reformistas e de oposição também querem ver até que ponto a democracia e os direitos humanos para a região farão parte da agenda de Obama.
"O que ele vai fazer em relação ao apoio total de Washington a regimes repressores no mundo islâmico?", indagou Mohamed Habib, líder do grupo proibido mas tolerado Irmandade Muçulmana no Egito. "Não temos problemas com Obama, o homem, mas existem instituições americanas, interesses envolvidos e um lobby sionista, que vão todos exercer pressão para que ele recue."
Pesquisa conduzida em seis países árabes pelo instituto de pesquisas Zogby International constatou que 45% dos árabes têm uma visão positiva de Obama, mas que apenas 3% dizem ter "muita confiança" nos EUA.
"Comecei a gostar mais dos EUA desde que Obama se tornou presidente", disse Mohamed Osama, estudante de ciência política na Universidade do Cairo. "Está claro que ele não odeia os árabes. Bush era extremamente enviesado em favor de Israel. Agora o tom é diferente. Acho que Obama pode mudar algumas coisas."
A última vez em que um presidente americano discursou no Egito foi no ano passado, quando Bush criticou os líderes árabes publicamente por suas atitudes pouco democráticas.
"O governo anterior não conduziu as relações da maneira certa", disse Hossam Zaki, porta-voz do Ministério do Exterior egípcio. "Ela tratava dessas questões de maneira insultuosa e pública. Esperamos que o governo atual aja de maneira diferente. Aqui o respeito é obrigatório. Falar publicamente sobre questões desse tipo não trará resultado algum."


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