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Ansioso por fala, mundo árabe quer ver palavras virarem ação
DO "FINANCIAL TIMES"
"Isto é tão importante quanto a viagem de Nixon à China [a
primeira de um presidente
americano ao país comunista].
Após oito anos de falação sobre
o choque de civilizações, Obama vem a um país islâmico para
falar de nossa humanidade comum." Assim define o discurso
que o presidente dos EUA fará
hoje Abdel Moneim Said, diretor do Centro Al Ahram de Estudos Políticos e Estratégicos,
sediado no Cairo.
Obama falará a uma plateia
em grande medida receptiva,
mas que espera mais que apenas expressões de boa vontade
e homenagens à grandeza da civilização islâmica.
O discurso será assistido de
perto para detectar sinais de
disposição em aplicar pressão
sobre Israel. Grupos reformistas e de oposição também querem ver até que ponto a democracia e os direitos humanos
para a região farão parte da
agenda de Obama.
"O que ele vai fazer em relação ao apoio total de Washington a regimes repressores no
mundo islâmico?", indagou
Mohamed Habib, líder do grupo proibido mas tolerado Irmandade Muçulmana no Egito.
"Não temos problemas com
Obama, o homem, mas existem
instituições americanas, interesses envolvidos e um lobby
sionista, que vão todos exercer
pressão para que ele recue."
Pesquisa conduzida em seis
países árabes pelo instituto de
pesquisas Zogby International
constatou que 45% dos árabes
têm uma visão positiva de Obama, mas que apenas 3% dizem
ter "muita confiança" nos EUA.
"Comecei a gostar mais dos
EUA desde que Obama se tornou presidente", disse Mohamed Osama, estudante de ciência política na Universidade do
Cairo. "Está claro que ele não
odeia os árabes. Bush era extremamente enviesado em favor
de Israel. Agora o tom é diferente. Acho que Obama pode
mudar algumas coisas."
A última vez em que um presidente americano discursou
no Egito foi no ano passado,
quando Bush criticou os líderes
árabes publicamente por suas
atitudes pouco democráticas.
"O governo anterior não conduziu as relações da maneira
certa", disse Hossam Zaki, porta-voz do Ministério do Exterior egípcio. "Ela tratava dessas
questões de maneira insultuosa e pública. Esperamos que o
governo atual aja de maneira
diferente. Aqui o respeito é
obrigatório. Falar publicamente sobre questões desse tipo
não trará resultado algum."
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