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China acirra censura para aniversário de massacre
Praça da Paz Celestial teve mais policiais que turistas ontem
RAUL JUSTE LORES
DE PEQUIM
"Use branco em 4 de junho,
em homenagem aos mortos da
praça da Paz Celestial. O governo não pode proibir cor."
Essa era uma das mensagens
mais populares entre os usuários chineses do Twitter até
terça-feira, quando foi bloqueado na China.
Às vésperas dos 20 anos do
massacre de manifestantes que
pediam mais democracia na
China, em 4 de junho de 1989,
sites como Twitter, Youtube,
Hotmail, Flickr, Blogspot e
Blogger foram bloqueados.
Centenas de policiais patrulhavam ontem a praça e seus
principais acessos. Havia mais
policiais que turistas, que normalmente fazem fila para visitar o mausoléu do ditador Mao
Tse-tung e a antiga cidadela
imperial, a Cidade Proibida.
Repórteres de quatro emissoras estrangeiras de TV foram
impedidos de entrar com seus
equipamentos na praça. Uma
equipe foi cercada e empurrada
por 30 homens à paisana.
O Clube de Correspondentes
Estrangeiros de Pequim divulgou nota dizendo que as agressões e a censura são "inadmissíveis". A imprensa local é proibida de tocar no assunto.
Ao longo do dia de ontem, a
tela da TV ficou escura, sempre
que CNN ou BBC apresentavam reportagens sobre o massacre. As imagens na China
chegam com atraso por exigência do governo para permitir
aos censores a interrupção.
A cena do estudante tentando impedir sozinho o avanço de
tanques é desconhecida pela
maioria dos chineses, no maior
tabu do regime comunista.
Não há um número oficial de
mortos (acredita-se que foram
mil). O governo jamais divulgou nomes de vítimas ou apurou responsabilidades. A versão oficial era que os estudantes eram "contrarrevolucionários tentando derrubar o governo e o Partido Comunista".
Pesquisas sobre o assunto,
ausentes de livros escolares,
são bloqueadas no Google.
O grupo "Mães da Tiananmen" (nome da praça em chinês) está sob vigilância 24 horas por policiais. Algumas mães
de estudantes mortos em 1989
foram impedidas de conversar
com jornalistas estrangeiros.
No domingo, dias após falar
com a Folha, o professor de Sociologia Zhou Duo, 62, um dos
líderes do movimento, foi colocado em prisão domiciliar.
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