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EUA criticam efeitos de bloqueio a Gaza
Obama afirma entender preocupações de Israel, mas considera que medida veda oportunidades a palestinos
TV israelense diz que governo estuda uma flexibilização do cerco, mas hipótese enfrenta resistências no gabinete
Murad Sezer/Reuters
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Caixão de ativista morto em ação de Israel é coberto por bandeiras turca, palestina e do Hamas em funeral em Istambul
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
O presidente dos EUA, Barack Obama, disse ontem
que Israel tem "legítimas
preocupações de segurança"
em relação à faixa de Gaza,
mas que o bloqueio marítimo
e terrestre do território impede a população de ir atrás de
oportunidades econômicas.
Em entrevista à CNN, Obama qualificou de "trágica" a
ação militar de Israel contra
uma frota humanitária que
tentava chegar à faixa de Gaza, na segunda-feira, deixando nove mortos.
Mas o presidente disse que
o fato pode ser uma oportunidade para avançar o processo de paz, paralisado há mais
de um ano, desde que ofensiva de Israel em Gaza matou
mais de mil entre dezembro
de 2008 e janeiro de 2009.
"Não é prematuro dizer a
israelenses e palestinos -e
aos demais envolvidos- que
o status quo é insustentável",
disse, após defender a criação de um Estado palestino.
A secretária de Estado Hillary Clinton disse que Washington procura alternativas
ao bloqueio. "Estamos avaliando formas de expandir o
fluxo de assistência humanitária à população de Gaza
protegendo simultaneamente os legítimos interesses de
segurança de Israel."
Emissoras de TV locais
afirmaram ontem que o premiê israelense, Binyamin Netanyahu, estaria planejando
flexibilizar o bloqueio, vigente desde 2007, quando o grupo islâmico extremista Hamas assumiu o território.
Ele estaria estudando permitir que navios se aproximem do território, mas com a
condição de terem suas cargas inspecionadas antes.
Essa inspeção poderia contar inclusive com colaboração internacional.
A aprovação de uma flexibilização do bloqueio, porém, dependeria da concordância do gabinete ministerial, onde a proposta enfrentaria grande resistência de
partidos nacionalistas da
coalizão do governo.
NOVO NAVIO
Enquanto busca acalmar a
repercussão internacional
negativa nos bastidores, em
público, o governo israelense
mantém o discurso duro. O
chanceler Avigdor Liberman
advertiu ontem que Israel
não permitirá de nenhuma
maneira que um navio irlandês que tem a chegada ao litoral de Gaza prevista para
amanhã aporte no território.
Liberman também defendeu a criação de uma comissão de inquérito israelense
sobre o episódio que poderia
contar com a participação
apenas de "observadores"
estrangeiros.
"Nós temos bastante especialistas de alto nível. Se eles
quiserem chamar observadores de fora, podem chamá-los", afirmou.
Ele citou como exemplo a
investigação concluída recentemente pela Coreia do
Sul sobre o afundamento de
um navio militar seu em março, atribuída por Seul à Coreia do Norte após apuração
que teve auxílio estrangeiro.
A proposta de Liberman é
uma resposta à decisão de
anteontem do Conselho de
Direitos Humanos da ONU de
criar uma comissão de investigação independente internacional sobre o incidente.
FOLHA.COM
Ouça João Pereira
Coutinho sobre a ação
contra a frota em Gaza
folha.com.br/101544
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