São Paulo, sexta-feira, 04 de junho de 2010

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EUA criticam efeitos de bloqueio a Gaza

Obama afirma entender preocupações de Israel, mas considera que medida veda oportunidades a palestinos

TV israelense diz que governo estuda uma flexibilização do cerco, mas hipótese enfrenta resistências no gabinete

Murad Sezer/Reuters
Caixão de ativista morto em ação de Israel é coberto por bandeiras turca, palestina e do Hamas em funeral em Istambul

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O presidente dos EUA, Barack Obama, disse ontem que Israel tem "legítimas preocupações de segurança" em relação à faixa de Gaza, mas que o bloqueio marítimo e terrestre do território impede a população de ir atrás de oportunidades econômicas.
Em entrevista à CNN, Obama qualificou de "trágica" a ação militar de Israel contra uma frota humanitária que tentava chegar à faixa de Gaza, na segunda-feira, deixando nove mortos. Mas o presidente disse que o fato pode ser uma oportunidade para avançar o processo de paz, paralisado há mais de um ano, desde que ofensiva de Israel em Gaza matou mais de mil entre dezembro de 2008 e janeiro de 2009.
"Não é prematuro dizer a israelenses e palestinos -e aos demais envolvidos- que o status quo é insustentável", disse, após defender a criação de um Estado palestino.
A secretária de Estado Hillary Clinton disse que Washington procura alternativas ao bloqueio. "Estamos avaliando formas de expandir o fluxo de assistência humanitária à população de Gaza protegendo simultaneamente os legítimos interesses de segurança de Israel."
Emissoras de TV locais afirmaram ontem que o premiê israelense, Binyamin Netanyahu, estaria planejando flexibilizar o bloqueio, vigente desde 2007, quando o grupo islâmico extremista Hamas assumiu o território.
Ele estaria estudando permitir que navios se aproximem do território, mas com a condição de terem suas cargas inspecionadas antes.
Essa inspeção poderia contar inclusive com colaboração internacional.
A aprovação de uma flexibilização do bloqueio, porém, dependeria da concordância do gabinete ministerial, onde a proposta enfrentaria grande resistência de partidos nacionalistas da coalizão do governo.

NOVO NAVIO
Enquanto busca acalmar a repercussão internacional negativa nos bastidores, em público, o governo israelense mantém o discurso duro. O chanceler Avigdor Liberman advertiu ontem que Israel não permitirá de nenhuma maneira que um navio irlandês que tem a chegada ao litoral de Gaza prevista para amanhã aporte no território.
Liberman também defendeu a criação de uma comissão de inquérito israelense sobre o episódio que poderia contar com a participação apenas de "observadores" estrangeiros.
"Nós temos bastante especialistas de alto nível. Se eles quiserem chamar observadores de fora, podem chamá-los", afirmou.
Ele citou como exemplo a investigação concluída recentemente pela Coreia do Sul sobre o afundamento de um navio militar seu em março, atribuída por Seul à Coreia do Norte após apuração que teve auxílio estrangeiro.
A proposta de Liberman é uma resposta à decisão de anteontem do Conselho de Direitos Humanos da ONU de criar uma comissão de investigação independente internacional sobre o incidente.

FOLHA.COM
Ouça João Pereira Coutinho sobre a ação contra a frota em Gaza
folha.com.br/101544


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