São Paulo, sábado, 04 de junho de 2011

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Esquerdista peruano nega elos com Chávez antes do 2º turno

Humala foi acusado de receber recursos do líder venezuelano

PATRÍCIA CAMPOS MELLO
ENVIADA ESPECIAL A LIMA

O candidato esquerdista à Presidência do Peru, Ollanta Humala, negou ontem que esteja recebendo recursos do presidente venezuelano Hugo Chávez para financiar sua campanha.
Em entrevista à rede Univisión anteontem à noite, o ex-subsecretário de Estado americano Roger Noriega acusou Humala de ter recebido US$ 12 milhões de Chávez trazidos por adidos militares nas embaixadas venezuelanas de Lima e La Paz, na Bolívia.
Segundo ele, esse dinheiro também estaria sendo repassado a Humala pelo marqueteiro brasileiro João Santana, que cuidou da campanha da presidente Dilma Rousseff.
"Essa é uma acusação sem provas, é uma amostra do desespero do bloco fujimorista que quer semear o medo", disse Humala ontem. Ele enfrenta a direitista Keiko Fujimori nas urnas amanhã. Os dois estão tecnicamente empatados na eleição presidencial do Peru.
"Humala quer convencer o povo peruano de que ele não é Chávez, é Lula, mas o problema é que Lula está na equipe de Chávez, eles são a mesma coisa", disse Noriega.
Noriega foi subsecretário de Estado para o Hemisfério Ocidental no governo Bush e embaixador dos EUA na Organização dos Estados Americanos -época em que foi acusado de apoiar abertamente o golpe contra Chávez. Hoje, é integrante de um centro de pesquisas ultraconservador em Washington.
""Trata-se de uma calúnia irresponsável, feita menos de 72 horas antes da eleição, é uma intromissão nos assuntos internos dos peruanos", disse Humala, pedindo que a embaixada americana em Lima se manifeste sobre o caso. Ele também acusou o atual presidente Alan García de apoiar a campanha de Keiko.
Ontem, um levantamento da Universidade Católica do Peru mostrou Humala 3,6 pontos percentuais à frente de Keiko.
A campanha tem sido marcada por uma guerra suja entre os candidatos. Nos últimos dias, canais de TV e jornais têm sido tomados por denúncias de lado a lado.
O tema da esterilização forçada de 300 mil mulheres durante o governo Fujimori ressurgiu com força, custando votos a Keiko. No lado de Humala, jornais estamparam acusações de que ele teria recebido subornos do narcotráfico quando era militar e lutava contra o grupo Sendero Luminoso, nos anos 90.
Para Luis Benavente, analista político da Universidade de Lima, acumularam-se tantas acusações dos dois lados nesta reta final da campanha que elas não têm mais efeito sobre o eleitor. "Há um acúmulo de informações, o eleitor está com uma saturação de denuncias", disse o analista à Folha.


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