São Paulo, Sexta-feira, 04 de Junho de 1999
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Iugoslávia recua e aceita acordo de paz para Kosovo


Após 72 dias de ataques, Milosevic aprova plano de países ricos e Rússia



EUA ainda condicionam o fim dos bombardeios; negociações continuam


das agências internacionais


O ditador iugoslavo, Slobodan Milosevic, aceitou ontem uma proposta de paz elaborada pelas potências ocidentais e pela Rússia para encerrar o conflito entre a Iugoslávia e a Otan (aliança militar ocidental).
O presidente dos EUA, Bill Clinton, recebeu com cautela a decisão. Ele disse que os ataques só cessarão quando Milosevic provar ""com fatos concretos" que está disposto a respeitar o acordo. O bombardeio à Iugoslávia continuou ontem.
Para que os ataques sejam interrompidos, a Otan quer provas de que as tropas iugoslavas estejam saindo de Kosovo. O acordo ainda não definiu como será checada a saída dos militares iugoslavos.
A proposta tem como pontos básicos a retirada iugoslava de Kosovo e o envio à Província de uma força militar internacional para garantir o retorno dos refugiados. Milosevic se recusava a aceitar tropas da Otan em solo iugoslavo.
Também prevê uma exigência de Belgrado: papel importante para a ONU, que tinha participação reduzida na crise. O Conselho de Segurança da organização terá de endossar o acordo.
O entendimento anunciado ontem tem vários pontos a serem negociados. Entre eles, está o comando das tropas que entrarão na Província e o status futuro de Kosovo.
Os EUA querem que as tropas internacionais tenham um comando único, da Otan. A Rússia não aceita que suas tropas estejam subordinadas à aliança, e a questão deve ser negociada nos próximos dias.
O grau de autonomia de Kosovo também não está definido. O acordo fala em conceder autonomia à região, mantendo-a sob soberania iugoslava. Não menciona a independência. Ao mesmo tempo, o documento diz que são válidos os dispositivos do acordo de Rambouillet, que prevê um regime de autonomia e um plebiscito sobre a independência após três anos.
O acordo de Rambouillet foi assinado em março por representantes da população de origem albanesa de Kosovo. A recusa de Milosevic em aderir à proposta provocou o início dos bombardeios da Otan, em 24 de março.
O acordo de ontem foi obtido com a mediação do enviado russo para os Bálcãs, Viktor Tchernomirdin, e do representante da União Européia para a região, o finlandês Martti Ahtisaari.
Eles apresentaram a Milosevic um plano elaborado pelo G-8 (grupo dos países mais ricos do mundo e a Rússia). A proposta foi endossada pelo Parlamento sérvio.


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