São Paulo, quinta-feira, 04 de julho de 2002

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GUERRA SEM LIMITES

No primeiro Dia da Independência pós-11 de setembro, caças e soldados atuam em esquema sem precedentes

EUA reforçam segurança no 4 de Julho

SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK

Em meio a um calor de 40C, que lembra mais os desertos do Afeganistão do que as ruas de Manhattan, Nova York e os Estados Unidos comemoram hoje seu primeiro Dia da Independência pós-11 de setembro dependendo de um esquema de segurança sem precedentes.
Em todo o país, os 2 mil principais eventos vão ser vigiados de perto por pelo menos uma dezena de agências federais, entre elas o FBI (a polícia federal), a Guarda Nacional e o serviço secreto, todas pela primeira vez sob o comando do recém-criado Gabinete de Segurança Interna.
Nos céus, caças militares farão vigílias sobre as maiores cidades. "Agora, grandes concentrações de norte-americanos requerem um grande esquema de segurança com o qual os próprios norte-americanos já estão se familiarizando", lamentou o porta-voz da Casa Branca, Ari Fleischer.
A familiaridade é tanta que as autoridades temem o que estão chamando de "fadiga de ameaças". É que desde setembro pelo menos 18 avisos oficiais de prováveis novos ataques terroristas foram divulgados pelo governo norte-americano, sem que nenhum se concretizasse.
Só na última semana o jornal "The New York Times" descobriu que o FBI trabalha com o que chama de "indícios de algum tipo de ataque terrorista" planejado para o feriado de 4 de julho. A polícia federal resolveu não alertar o público, no entanto, por não dispor de mais dados.
Além disso, a CIA (agência de inteligência) teria avisado tanto o FBI quanto a Casa Branca que vem recolhendo indícios esparsos em suas vigilâncias eletrônicas ao redor do mundo de que o Dia da Independência americana poderia ser um novo 11 de setembro.
Por fim, o Departamento de Estado colocou um aviso em seu site, que geralmente é dirigido aos cidadãos americanos em viagem, mas que desta vez se destina a todos: "O governo continua recebendo indícios dignos de crédito de que indivíduos extremistas estejam planejando ações terroristas contra nossos interesses".

Nova York
Claro que as atenções principais de hoje estão voltadas para Nova York, cidade que foi a principal atingida pelo ataque terrorista de dez meses atrás e que deve receber o maior número de visitantes para os eventos de hoje. Mais de 4 mil soldados da polícia foram colocados nas ruas desde ontem.
Armados de detectores de radiação e cães farejadores de bomba, entre outros recursos, estão espalhados por helicópteros, barcos, pelo menos 14 barreiras e veículos à paisana por toda a cidade. O espaço aéreo sobre marcos como a Estátua da Liberdade e o Empire State Building foi fechado. Mesmo assim, a tradicional queima de fogos patrocinada pela loja de departamentos Macy's deve ocorrer hoje à beira do Rio Leste. Às 21h15 (22h15 de Brasília), ao menos um milhão de pessoas se reúnem para o evento batizado de "A Time for Heroes", em homenagem às vítimas de 11 de setembro. Deve durar meia hora e consumir 28 mil rojões.
"A melhor maneira de mostrar aos terroristas que não temos medo e que eles não venceram é sair às ruas e celebrar este feriado", disse o prefeito da cidade, Michael Bloomberg. "É mais provável que as pessoas se machuquem, sim, mas por dirigir bêbadas ou brincar com fogos."
Em Washington, pessoas com mochilas serão revistadas. Os principais edifícios do governo, como a Casa Branca e o Pentágono, receberão cercas duplas nas áreas com visitação pública.
O presidente George W. Bush pretende passar o feriado na capital e assistir à queima de fogos. "As pessoas devem se divertir em sua comemoração e celebrar o fato de que nós somos afortunados o suficiente para sermos americanos", disse.



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