São Paulo, terça-feira, 04 de julho de 2006

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Acidente em metrô na Espanha mata 41

Vagão em Valencia descarrilou por excesso de velocidade; feridos são 47

Rafa Gil/Associated Press
Socorrista carrega uma das vítimas na cidade de Valencia


Não há registro de vítimas brasileiras no acidente, segundo a embaixada; às vésperas de visita do papa, cidade tinha muitos turistas

DA REDAÇÃO

Pelo menos 41 pessoas morreram e 47 ficaram feridas ontem no descarrilamento de um vagão do metrô de Valencia, leste da Espanha. O acidente foi o mais grave registrado num metrô espanhol e um dos piores ocorridos em trens subterrâneos nos últimos 50 anos em todo o mundo.
O acidente reavivou lembranças do ataque terrorista de 11 de março de 2004 em Madri, quando 191 pessoas morreram em uma explosão na estação de trem de Atocha. Mas a suspeita de um possível atentado em Valencia foi "completamente descartada", segundo um porta-voz do Ministério do Interior espanhol. A prefeita de Valencia, Rita Barberá, qualificou o acidente como "uma catástrofe, uma tragédia".
O representante do governo central na Comunidade Valenciana, Antoni Bernabé, confirmou que o descarrilamento foi acidental e que suas causas estão sendo investigadas.
O acidente aconteceu às 13h locais (8h em Brasília). "Houve um choque, barulhos estranhos e depois não se ouvia nada", relatou um dos passageiros, que conseguiu sair por uma janela assim que os bombeiros chegaram ao trem, que ficou espremido contra o túnel. Um outro passageiro conseguiu ligar do celular para os bombeiros.
O primeiro dos quatro vagões do comboio descarrilou entre as estações Jesús e Plaza de España, no centro da cidade. As autoridades locais atribuíram o descarrilamento à alta velocidade em que o trem transitava na hora do acidente. O primeiro vagão saiu dos trilhos ao fazer uma curva. Também está sendo investigada a ruptura de uma das rodas que ligavam vagões e trilhos.
As equipes de resgate tentavam encontrar sobreviventes entre os destroços retorcidos do trem. Dentre os feridos, estava o condutor do comboio. Havia também uma mulher grávida correndo risco de morte, de acordo com os bombeiros. A retirada dos vagões afetados deveria terminar na noite de ontem (hora local), "para apurar as causas do acidente", segundo o governo regional de Valencia.
O trecho do metrô onde houve o descarrilamento passou por inspeção em 27 de junho, ainda de acordo com representantes do governo.

Vítimas
O Ministério da Justiça do país informou que ontem mais de 40 sacos com corpos e partes humanas foram levados para exames forenses. Apenas dez vítimas foram reconhecidas até a noite de ontem, e 14 corpos esperavam identificação.
Um hospital de campanha foi montado na saída da estação, e uma equipe de psicólogos especializados em situações de emergência foi mobilizada para atender feridos e familiares das vítimas. Os hospitais faziam constantes apelos de doação de sangue à população, pois as reservas estavam acabando.
Segundo a Embaixada do Brasil em Madri e o consulado brasileiro em Barcelona, que responde diretamente pela área de Valencia, não havia registros de brasileiros entre os mortos e feridos no acidente.

Visita do papa
Valencia está cheia de turistas, por conta de peregrinos que começaram a chegar no último sábado para participar do Encontro Mundial da Família, que acontecerá na cidade no próximo sábado, dia 9.
O encontro, para o qual está prevista a participação de cerca de 1,5 milhão de pessoas, será conduzido pelo papa Bento 16, que "foi informado imediatamente" sobre o acidente e que "tem rezado pelas vítimas", segundo o porta-voz do Vaticano, Joaquín Navarro-Valls.
O rei da Espanha, Juan Carlos, telefonou para o governo de Valencia em solidariedade ao acidente. O primeiro-ministro, José Luis Rodríguez Zapatero, também prestou condolências. Ele estava na Índia e antecipou sua volta à Espanha.
A Catedral de Valencia acolherá hoje, a partir das 19h locais, os funerais das vítimas, que deverá ter representações da casa real e a presença do premiê e de outras autoridades.
O presidente do governo regional, Francisco Camps, anunciou que o governo decretará três dias de luto oficial na Comunidade Valenciana. O Parlamento autônomo colocou suas bandeiras a meio mastro.


Com agências internacionais


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