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Chávez dá ultimato ao Congresso do Brasil
Presidente diz que Venezuela retirará pedido de entrada no Mercosul caso parlamentares não ratifiquem a adesão até setembro
Para Chávez, Amorim foi "impertinente" ao sugerir um "gesto positivo" dele ao Congresso; "ninguém nos dá prazos", diz Dilma
DA REDAÇÃO
O presidente venezuelano,
Hugo Chávez, lançou um ultimato aos Congressos de Brasil
e Paraguai: se não ratificarem a
entrada da Venezuela no Mercosul em até três meses, o país
retirará o pedido para ingressar
no bloco. As declarações foram
feitas em cadeia de rádio e TV.
"Vamos esperar até setembro. Não esperaremos mais
porque os Congressos de Brasil
e Paraguai não têm razão política nem moral para não aprovar.
Se não fizerem, nos retiraremos até que se dêem novas condições", disse.
Chávez classificou ainda como "impertinente" a afirmação
do chanceler Celso Amorim de
que era preciso "um gesto positivo" de Chávez em relação ao
Congresso brasileiro, onde tramita a ratificação da entrada da
Venezuela no Mercosul.
"A Venezuela não tem nada
que se desculpar, é o Congresso
do Brasil que tem de se desculpar por se intrometer em assuntos internos", afirmou.
Até o fechamento desta edição, nem Amorim, que viajava
para o Nordeste, nem o Itamaraty haviam se pronunciado sobre as declarações. "Ninguém
estabelece prazo para nós nem
nós para ninguém", disse a ministra da Casa Civil, Dilma
Rousseff, em Fortaleza.
O enfrentamento entre Chávez e o Congresso começou há
um mês, quando o Senado brasileiro aprovou um requerimento pedindo que o venezuelano reconsiderasse a decisão
de não renovar a concessão do
canal oposicionista RCTV.
Chávez afirmou que os congressistas eram "papagaios" de
Washington.
O Itamaraty reagiu em nota,
e o venezuelano elogiou, depois, o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva, mas não retirou
as críticas ao Congresso.
O caso RCTV também causou mal-estar em outras instâncias do Mercosul. Na semana passada, o Parlamento do
bloco planejava discutir a questão, mas a ausência dos parlamentares da Argentina impediu que houvesse quórum. Ontem, o presidente do Parlamento, o uruguaio Roberto Conde,
afirmou que consultará todos
os integrantes da Casa sobre o
"ultimato" de Chávez.
Aniversário
No aniversário da assinatura
do documento que deu partida
à entrada da Venezuela no bloco -foi em 4 de julho de 2006,
em Caracas, com a presença de
todos os presidentes-, não é só
a novela da RCTV que azeda o
processo. Há também problemas no cronograma para a
adaptação tarifária e legal do
país. A Venezuela deve adotar,
entre outras exigências, a TEC
(Tarifa Externa Comum).
Ontem, na TV, Chávez também falou do tema: "Empresários venezuelanos, não lhes vou
deixar desamparados diante de
ninguém, nem do Brasil, nem
dos EUA, nem da Europa".
Chávez disse não enxergar
no Mercosul "vontade de mudança" e afirmou que os empresários brasileiros querem
"desmantelar" o sistema de
proteção à indústria local. Com
a adoção da TEC, e de faixas de
tarifas preferenciais, produtos
brasileiros e argentinos têm
potencial para ganhar mercado
diante da frágil produção venezuelana de manufaturados.
Com agências internacionais
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