São Paulo, quarta-feira, 04 de julho de 2007

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Chávez dá ultimato ao Congresso do Brasil

Presidente diz que Venezuela retirará pedido de entrada no Mercosul caso parlamentares não ratifiquem a adesão até setembro

Para Chávez, Amorim foi "impertinente" ao sugerir um "gesto positivo" dele ao Congresso; "ninguém nos dá prazos", diz Dilma

DA REDAÇÃO

O presidente venezuelano, Hugo Chávez, lançou um ultimato aos Congressos de Brasil e Paraguai: se não ratificarem a entrada da Venezuela no Mercosul em até três meses, o país retirará o pedido para ingressar no bloco. As declarações foram feitas em cadeia de rádio e TV.
"Vamos esperar até setembro. Não esperaremos mais porque os Congressos de Brasil e Paraguai não têm razão política nem moral para não aprovar. Se não fizerem, nos retiraremos até que se dêem novas condições", disse.
Chávez classificou ainda como "impertinente" a afirmação do chanceler Celso Amorim de que era preciso "um gesto positivo" de Chávez em relação ao Congresso brasileiro, onde tramita a ratificação da entrada da Venezuela no Mercosul.
"A Venezuela não tem nada que se desculpar, é o Congresso do Brasil que tem de se desculpar por se intrometer em assuntos internos", afirmou.
Até o fechamento desta edição, nem Amorim, que viajava para o Nordeste, nem o Itamaraty haviam se pronunciado sobre as declarações. "Ninguém estabelece prazo para nós nem nós para ninguém", disse a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, em Fortaleza.
O enfrentamento entre Chávez e o Congresso começou há um mês, quando o Senado brasileiro aprovou um requerimento pedindo que o venezuelano reconsiderasse a decisão de não renovar a concessão do canal oposicionista RCTV. Chávez afirmou que os congressistas eram "papagaios" de Washington.
O Itamaraty reagiu em nota, e o venezuelano elogiou, depois, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas não retirou as críticas ao Congresso.
O caso RCTV também causou mal-estar em outras instâncias do Mercosul. Na semana passada, o Parlamento do bloco planejava discutir a questão, mas a ausência dos parlamentares da Argentina impediu que houvesse quórum. Ontem, o presidente do Parlamento, o uruguaio Roberto Conde, afirmou que consultará todos os integrantes da Casa sobre o "ultimato" de Chávez.

Aniversário
No aniversário da assinatura do documento que deu partida à entrada da Venezuela no bloco -foi em 4 de julho de 2006, em Caracas, com a presença de todos os presidentes-, não é só a novela da RCTV que azeda o processo. Há também problemas no cronograma para a adaptação tarifária e legal do país. A Venezuela deve adotar, entre outras exigências, a TEC (Tarifa Externa Comum).
Ontem, na TV, Chávez também falou do tema: "Empresários venezuelanos, não lhes vou deixar desamparados diante de ninguém, nem do Brasil, nem dos EUA, nem da Europa".
Chávez disse não enxergar no Mercosul "vontade de mudança" e afirmou que os empresários brasileiros querem "desmantelar" o sistema de proteção à indústria local. Com a adoção da TEC, e de faixas de tarifas preferenciais, produtos brasileiros e argentinos têm potencial para ganhar mercado diante da frágil produção venezuelana de manufaturados.


Com agências internacionais


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