|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
"Ingrid é uma oportunista", afirma escritor
MARCOS STRECKER
ENVIADO ESPECIAL A PARATY
"É escandaloso o espaço que
estão dando para a libertação
de Ingrid Betancourt". A opinião é do polêmico escritor colombiano Fernando Vallejo,
66, um dos convidados da 6ª
Festa Literária Internacional
de Paraty, que acontece na cidade fluminense até o próximo
domingo. Para o autor, a ex-refém "é uma manipuladora, velhaca, horrível, oportunista".
Na opinião de Vallejo, a ex-candidata à Presidência não é
uma vítima das Farc, mas uma
política ambiciosa que provocou a ação da guerrilha como
forma de promoção política.
Segundo ele, "ela e sua assessora e companheira de aventuras Clara Rojas [libertada em
janeiro deste ano] são os únicos
políticos que agiram para serem seqüestrados". "Na época
da captura, ela tinha ido com a
assessora intencionalmente
para um local em que havia esse
risco", afirmou Vallejo. Ingrid
foi seqüestrada com Rojas em
fevereiro de 2002, quando viajavam em campanha para San
Vicente del Caguán, em uma
região no sul da Colômbia tida
então como bastião das Farc.
Reféns esquecidos
O autor se mostra indignado
com a comoção que a política
colombiana desperta. "Milhares já foram seqüestrados ao
longo dos anos, agora várias
centenas estão sofrendo em poder da Farc, mas só se fala dela."
As Farc mantêm centenas de
reféns não-político pelos quais
pede resgate em dinheiro.
Para Vallejo não será surpresa se Betancourt concorrer novamente à Presidência, em
2010 -ela já abriu a possibilidade anteontem. Caso isso
aconteça, o escritor acha que a
ex-refém tem chances de ganhar as eleições. "O povo colombiano é tão ignorante que
pode até elegê-la. Mas ela é
francesa, tem dupla cidadania.
Por que escolheu fazer política
e concorrer a presidente da Colômbia? Por que ela não concorre na França, com [Nicolas]
Sarkozy?", questiona.
O escritor e cineasta é conhecido pelo romance "A Virgem
dos Sicários" (Companhia das
Letras) e vive hoje no México.
Em sua obra, inclusive no recém-lançado "Despenhadeiro",
usa sua cidade natal, Medellín,
a mesma do presidente Álvaro
Uribe, como fonte para uma
prosa realista e autobiográfica.
Costuma fazer um retrato ácido da sociedade colombiana e
de Medellín, fortemente impregnadas de religiosidade e
afetadas pelo narcotráfico, pelo
crime e pela corrupção.
Para o autor, as Farc estão
derrotadas. "A Colômbia não
gosta da organização, são um
bando de assassinos, seqüestradores e narcotraficantes",
afirmou -antes dissera em coletiva que o grupo, "depois da
Igreja Católica e de Uribe, é a
maior praga da Colômbia".
Grande crítico do atual presidente, Vallejo acha que se ele se
reeleger depois de conseguir
uma mudança constitucional,
nada vai mudar. "Toda a classe
política na América Latina só
pensa em seus próprios interesses, quando não está claramente envolvida com o crime e
com a corrupção."
Texto Anterior: Frases Próximo Texto: EUA e Colômbia planejaram resgate juntos Índice
|