DA REDAÇÃO

O presidente Álvaro Uribe será recebido "como um irmão" em sua próxima visita à Venezuela, declarou ontem Hugo Chávez, afirmando que os atritos entre os dois países foram superados. "Nós dissemos coisas duras. Entre irmãos ocorrem essas coisas (...) Mas passou, espero que para sempre", disse o mandatário venezuelano, que deve encontrar Uribe até 15 de julho.
A relação entre os governantes é marcada por divergências ideológicas e troca de farpas. Irritado com a divulgação pela Colômbia de documentos que mostravam supostos vínculos entre seu governo e as Farc, Chávez ameaçou, em maio, romper relações. A ruptura tinha já sido anunciada em março, após o ataque colombiano às Farc, em território do Equador. No ápice da crise, Chávez chamou Uribe de "assassino" e "narcoparamilitar".
A despeito da guerra retórica, os países mantiveram o intenso comércio bilateral. Recentemente, seus líderes voltaram a se aproximar. Chavéz disse ontem esperar que "liberações e paz continuem a avançar sem necessidade de derramar uma única gota de sangue". "Felizmente, não fiz falta [na libertação de Ingrid Betancourt e os outros 14 reféns]", afirmou.
Em novembro, Chávez foi afastado por Uribe das negociações de um acordo humanitário com as Farc. Em desagravo ao venezuelano, o grupo libertou seis seqüestrados.
Mas a declarada simpatia de Chávez pelas Farc já dava sinais de desgastes. Em junho, o presidente afirmou que já não havia lugar para guerrilhas na América Latina e exortou o novo comando do grupo a libertar os seqüestrados. Também afastada por Uribe da medição, a senadora colombiana Piedade Córdoba parabenizou ontem o governo pelo "resgate impecável". "Independente do modo como o fizeram, conseguiram", disse a opositora, que exortou as Farc a deixarem as armas.