São Paulo, sábado, 04 de julho de 2009

Texto Anterior | Índice

"Post" quis cobrar por acesso a autoridades

Encontros para lobistas e executivos custariam US$ 25 mil e ocorreriam na casa da publisher do jornal

DA REDAÇÃO

Um dia depois da revelação do site Politico de que o jornal "Washington Post" estava organizando jantares com a presença de membros da equipe de governo Obama e do Congresso pelo preço de US$ 25 mil, o jornal voltou atrás e desistiu de promover o primeiro evento, que aconteceria no dia 21 de julho, na casa da publisher do jornal, Katharine Weymouth.
O jantar extraoficial para lobistas e executivos poderia custar até US$ 250 mil para um "patrocínio anual".
O panfleto que anunciava o evento dizia tratar-se de "uma oportunidade exclusiva para participar do debate sobre reforma da saúde com os poucos selecionados que de fato vão fazê-la". Entre os "selecionados", membros do governo, congressistas e editores do "Post".
O escândalo foi motivo de piada, ontem, durante uma entrevista com o porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs. Quando o repórter do "Post" Michael Shear fez uma pergunta sobre o sistema de saúde, Gibbs brincou: "O conselho jurídico me sugeriu que eu perguntasse ao Mike exatamente quanto cada uma dessas perguntas está custando. Parece que eu esqueci meu cartão [de crédito]".
Mas nem todos na Casa Branca acharam graça da situação. A revelação do escândalo fez Gregory Craig, conselheiro jurídico de Obama, dar um alerta às autoridades, dizendo que elas precisam de aprovação prévia para ir a tais eventos.
Já "Post" confirmou a notícia, mas disse que os editores do jornal não sabiam dos jantares. "O panfleto veio de uma divisão comercial para conferências e eventos, e a Redação não estava a par", disse a porta-voz do jornal, Kris Coratti, à Fox News. Ela disse que os jornalistas jamais participariam de um evento como esse.
Apesar de a publisher do jornal ter afirmado que o Post "nunca irá comprometer sua integridade jornalística", ela disse não ver problemas com o fato. De acordo com um texto publicado pelo próprio "Post", Weymouth argumentou que "outras organizações de notícia patrocinam conferências do tipo, e ela continua confortável com a ideia de jantares pagos de lobistas ou executivos de corporações com autoridades e jornalistas, desde que os que pagam pelo evento não tenham controle sobre o conteúdo".


Texto Anterior: AIEA: Não há provas de que Teerã quer bomba, diz novo chefe de agência
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.