São Paulo, sexta-feira, 04 de agosto de 2006

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Havana impede a entrada de jornalistas estrangeiros

DA REDAÇÃO

O governo cubano impediu ontem que ao menos quatro jornalistas estrangeiros entrassem em Cuba para fazer a cobertura sobre o estado de saúde do ditador Fidel Castro, três dias após sua internação para uma cirurgia. As autoridades alertaram ainda que os jornalistas que tiverem entrado com visto de turista e trabalharem serão expulsos.
A medida reforça o blecaute informativo imposto em Cuba desde que foi anunciada a transferência "provisória" do poder de Fidel para seu irmão Raúl, 75. As edições de ontem dos jornais locais, controlados pelo governo, procuraram passar a mensagem de que as organizações do Partido Comunista mantêm o controle da ilha.
Os repórteres que tiveram sua entrada impedida -dos jornais americanos "Washington Post" e "Miami Herald" e das rádios Programas (do Peru) e Cooperativa (do Chile)- chegaram ontem em um vôo procedente do Panamá, mas foram barrados no aeroporto e forçados a tomar o vôo de volta, segundo relato de um deles.
Cuba também está negando ou não respondendo a pedidos de visto para jornalistas.
"Durante o mês de agosto só havia credenciamento para o aniversário de Fidel Castro, mas já não será celebrado; portanto, não serão dados vistos aos jornalistas para fazer nada mais", disse um porta-voz da embaixada de Cuba em Londres à BBC.
Ontem, o Comitê para a Proteção dos Jornalistas exortou as autoridades cubanas a permitir a entrada de jornalistas.
"Instamos as autoridades cubanas a permitir que os jornalistas cumpram com seu trabalho sem ser hostilizados nem obstaculizados. É crucial que os jornalistas estrangeiros possam informar sobre a transferência de poder por parte de Castro, uma notícia de grande impacto internacional", disse nota do organismo.
Cuba pôs em alerta seu sistema defensivo e reforçou a mobilização popular para o caso de uma eventual "agressão militar" dos EUA.

Defesa
"Os meios de combate estão prontos para nos defender", anunciou na edição de ontem o jornal oficial "Granma". Outros meios locais, todos sob controle estatal, apelavam ao patriotismo, chamando a população a enfrentar as "ameaças do império e a máfia terrorista".
"Convocamos os destacamentos "Olhando para o mar" para evitar as saídas ilegais, que são um pretexto que sempre tiveram para provocar uma agressão a nosso país", disse o coordenador nacional dos Comitês de Defesa da Revolução (CDR), Juan José Rabilero.
Os CDR, comitês de bairros que agrupam mais de 7 milhões de cubanos, foram "convocados para a defesa da pátria".
Segundo as agências internacionais, a situação na ilha é calma, mas a incerteza aumenta conforme passam os dias sem que Raúl faça alguma declaração ou aparição pública.
Em uma mensagem quase criptográfica, o "Granma" publicou parte de um discurso feito por Raúl em 14 de junho: "O comandante-em-chefe da Revolução Cubana é um só, e unicamente o Partido Comunista pode ser seu digno herdeiro".


Com agências internacionais

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