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Havana impede a entrada de jornalistas estrangeiros
DA REDAÇÃO
O governo cubano impediu
ontem que ao menos quatro
jornalistas estrangeiros entrassem em Cuba para fazer a cobertura sobre o estado de saúde
do ditador Fidel Castro, três
dias após sua internação para
uma cirurgia. As autoridades
alertaram ainda que os jornalistas que tiverem entrado com
visto de turista e trabalharem
serão expulsos.
A medida reforça o blecaute
informativo imposto em Cuba
desde que foi anunciada a
transferência "provisória" do
poder de Fidel para seu irmão
Raúl, 75. As edições de ontem
dos jornais locais, controlados
pelo governo, procuraram passar a mensagem de que as organizações do Partido Comunista
mantêm o controle da ilha.
Os repórteres que tiveram
sua entrada impedida -dos
jornais americanos "Washington Post" e "Miami Herald" e
das rádios Programas (do Peru)
e Cooperativa (do Chile)- chegaram ontem em um vôo procedente do Panamá, mas foram
barrados no aeroporto e forçados a tomar o vôo de volta, segundo relato de um deles.
Cuba também está negando
ou não respondendo a pedidos
de visto para jornalistas.
"Durante o mês de agosto só
havia credenciamento para o
aniversário de Fidel Castro,
mas já não será celebrado; portanto, não serão dados vistos
aos jornalistas para fazer nada
mais", disse um porta-voz da
embaixada de Cuba em Londres à BBC.
Ontem, o Comitê para a Proteção dos Jornalistas exortou
as autoridades cubanas a permitir a entrada de jornalistas.
"Instamos as autoridades cubanas a permitir que os jornalistas cumpram com seu trabalho sem ser hostilizados nem
obstaculizados. É crucial que os
jornalistas estrangeiros possam informar sobre a transferência de poder por parte de
Castro, uma notícia de grande
impacto internacional", disse
nota do organismo.
Cuba pôs em alerta seu sistema defensivo e reforçou a mobilização popular para o caso de
uma eventual "agressão militar" dos EUA.
Defesa
"Os meios de combate estão
prontos para nos defender",
anunciou na edição de ontem o
jornal oficial "Granma". Outros
meios locais, todos sob controle estatal, apelavam ao patriotismo, chamando a população a
enfrentar as "ameaças do império e a máfia terrorista".
"Convocamos os destacamentos "Olhando para o mar"
para evitar as saídas ilegais, que
são um pretexto que sempre tiveram para provocar uma
agressão a nosso país", disse o
coordenador nacional dos Comitês de Defesa da Revolução
(CDR), Juan José Rabilero.
Os CDR, comitês de bairros
que agrupam mais de 7 milhões
de cubanos, foram "convocados
para a defesa da pátria".
Segundo as agências internacionais, a situação na ilha é calma, mas a incerteza aumenta
conforme passam os dias sem
que Raúl faça alguma declaração ou aparição pública.
Em uma mensagem quase
criptográfica, o "Granma" publicou parte de um discurso feito por Raúl em 14 de junho: "O
comandante-em-chefe da Revolução Cubana é um só, e unicamente o Partido Comunista
pode ser seu digno herdeiro".
Com agências internacionais
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