São Paulo, sexta-feira, 04 de agosto de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Argentina

Oposição usa TV para lançar a candidatura de Lavagna

DE BUENOS AIRES

Na noite em que o governo do presidente Néstor Kirchner conseguiu transformar em lei os chamados "superpoderes" -liberdade para alterar destinos do Orçamento sem aprovação do Congresso, que já vale na prática há alguns anos-, a oposição usou a TV para lançar o ex-ministro da economia Roberto Lavagna como candidato à Presidência do país em 2007.
O ex-presidente Raul Alfonsín afirmou que a convenção de seu partido -a tradicional UCR (União Cívica Radical)- vai consagrar Lavagna como candidato para disputar a Casa Rosada. "Acredito que esse é o homem que pode enfrentar com mais êxito este populismo novo que se criou", disse anteontem num programa de televisão.
O ex-ministro de Kirchner ainda não confirmou sua candidatura à sucessão, mas já está em campanha, cujo centro do debate será disputar com o presidente argentino a "paternidade" da recuperação econômica depois da forte crise por que passou o país em 2001.
Para se diferenciar do governo atual e se apresentar como alternativa moderada, Lavagna tem criticado o intervencionismo estatal -até no combate à inflação, a principal ameaça à economia atualmente-, a aproximação com o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, e os próprios "superpoderes" sobre o Orçamento -dos quais o próprio ex-ministro se aproveitou quando fazia parte do governo.

"FHC argentino"
"Roberto Lavagna quer se converter em um Fernando Henrique Cardoso da Argentina", compara o cientista político Sergio Berensztein. Para ele, o antigo chefe da economia, do mesmo modo que o ex-presidente brasileiro, combina boa relação com os empresários, com a classe política tradicional e com a academia.
Os "superpoderes" foram aprovados ontem pelos deputados argentinos -já haviam passado pelo Senado há 15 dias. Kirchner defendeu a medida dizendo que ela ajudará a execução orçamentária e dará mais celeridade à realização de obras.
Os partidos de oposição e centros especializados em finanças públicas, por outro lado, afirmam que a medida diminui os controles sociais sobre os gastos públicos e põe o governo entre os piores da América Latina no ranking de transparência administrativa.
(FLÁVIA MARREIRO E BRUNO LIMA)


Texto Anterior: Embaixador britânico vê guerra civil no Iraque
Próximo Texto: Missão no Caribe: Annan faz sua 1ª visita ao Haiti
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.