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Argentina
Oposição usa TV para lançar a candidatura de Lavagna
DE BUENOS AIRES
Na noite em que o governo
do presidente Néstor Kirchner conseguiu transformar
em lei os chamados "superpoderes" -liberdade para alterar destinos do Orçamento
sem aprovação do Congresso, que já vale na prática há
alguns anos-, a oposição
usou a TV para lançar o ex-ministro da economia Roberto Lavagna como candidato à Presidência do país
em 2007.
O ex-presidente Raul Alfonsín afirmou que a convenção de seu partido -a tradicional UCR (União Cívica
Radical)- vai consagrar Lavagna como candidato para
disputar a Casa Rosada.
"Acredito que esse é o homem que pode enfrentar
com mais êxito este populismo novo que se criou", disse
anteontem num programa
de televisão.
O ex-ministro de Kirchner
ainda não confirmou sua
candidatura à sucessão, mas
já está em campanha, cujo
centro do debate será disputar com o presidente argentino a "paternidade" da recuperação econômica depois
da forte crise por que passou
o país em 2001.
Para se diferenciar do governo atual e se apresentar
como alternativa moderada,
Lavagna tem criticado o intervencionismo estatal -até
no combate à inflação, a
principal ameaça à economia
atualmente-, a aproximação
com o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, e os próprios "superpoderes" sobre o
Orçamento -dos quais o
próprio ex-ministro se aproveitou quando fazia parte do
governo.
"FHC argentino"
"Roberto Lavagna quer se
converter em um Fernando
Henrique Cardoso da Argentina", compara o cientista
político Sergio Berensztein.
Para ele, o antigo chefe da
economia, do mesmo modo
que o ex-presidente brasileiro, combina boa relação com
os empresários, com a classe
política tradicional e com a
academia.
Os "superpoderes" foram
aprovados ontem pelos deputados argentinos -já haviam passado pelo Senado há
15 dias. Kirchner defendeu a
medida dizendo que ela ajudará a execução orçamentária e dará mais celeridade à
realização de obras.
Os partidos de oposição e
centros especializados em finanças públicas, por outro
lado, afirmam que a medida
diminui os controles sociais
sobre os gastos públicos e
põe o governo entre os piores
da América Latina no ranking de transparência administrativa.
(FLÁVIA MARREIRO E BRUNO LIMA)
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