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Uribe vem ao Brasil justificar bases dos EUA
Colombiano fará ofensiva diplomática regional para acalmar preocupação de vizinhos com ampliação da presença militar americana
Visita será na quinta, um dia
depois do fim da passagem
por Brasília de assessor de
Obama, que também será
questionado sobre assunto
Rafael Andrade - 15.abr.09/Folha Imagem
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Os presidentes Lula e Álvaro Uribe durante encontro no Rio em abril; colombiano explicará a brasileiro acordo militar com os EUA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente da Colômbia,
Álvaro Uribe, pediu reunião de
emergência com o presidente
Lula, em Brasília. Para atendê-lo na quinta-feira, o brasileiro
desmarcou viagens ao Maranhão e Piauí onde faria inaugurações e vistoria de obras.
Uribe quer conversar sobre o
plano para incrementar a presença militar dos EUA em seu
país, ideia que gerou um mal-estar diplomático na região.
Avisado que o plano será debatido pela Unasul (União de
Nações Sul-Americanas), Uribe
se recusou a participar da reunião agendada para a próxima
segunda em Quito. E pediu um
encontro reservado com Lula
para tratar do tema.
Além do Brasil, Uribe também deve ir nesta semana a Argentina, Peru, Chile e Paraguai
para conversar com seus colegas sobre o plano. Ele ainda
quer se reunir com Evo Morales (Bolívia) e Tabaré Vázquez
(Uruguai), mas ainda não marcou as viagens.
Ficarão fora da ofensiva diplomática a Venezuela e o
Equador. A primeira congelou
as relações com Bogotá após
ser publicamente cobrada sobre o encontro de armas do seu
Exército com as Farc (Forças
Armadas Revolucionárias da
Colômbia) -o presidente Hugo
Chávez qualificou a denúncia
de "cortina de fumaça" para
desviar a atenção da discussão
sobre as bases. O segundo não
mantém relações diplomáticas
com a Colômbia desde o ataque
pelo Exército colombiano a um
acampamento das Farc em seu
território, em 2008, e se vê em
meio a denúncias de ligação da
guerrilha com o presidente Rafael Correa.
Na visita ao Brasil, Uribe tentará acalmar as preocupações
externadas pelo país ao acordo
com os EUA. Em entrevista à
Folha, o chanceler Celso Amorim disse que o uso de bases militares da Colômbia pelos EUA
causa preocupação e reclamou
que não houve consulta prévia
aos vizinhos.
Na semana passada, Lula se
disse contrário à instalação de
bases americanas no país vizinho. "Não me agrada mais uma
base na Colômbia. Mas como
eu não gostaria que o Uribe
desse palpite nas coisas que eu
faço, prefiro não dar palpite nas
coisas do Uribe."
Na ocasião, o presidente disse que o fórum ideal para tentar
solucionar o impasse seria a
reunião da Unasul. Como Uribe
cancelou a ida ao Equador, as
chancelarias de Brasil e Colômbia acertaram ontem pela manhã a viagem a Brasília.
A visita se dará no dia seguinte à passagem do assessor de
Segurança Nacional da Casa
Branca, Jim Jones, por Brasília.
Hoje, Jones se reúne com os
ministros Edison Lobão (Minas e Energia), Nelson Jobim
(Defesa) e Dilma Rousseff (Casa Civil), além do assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia. Amanhã, será recebido por Amorim.
A visita já estava agendada
antes da polêmica em torno das
bases, mas agora o tema ganhou importância na pauta. O
Brasil aproveitará a presença
de Jones para "ouvir mais" sobre a ideia, nas palavras de um
assessor de Amorim.
A Colômbia e os EUA sustentam que a ampliação do acordo
militar visa exclusivamente o
combate ao narcotráfico. O
Brasil teme que ela objetive
neutralizar a aproximação da
Venezuela com o Irã e a Rússia.
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