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EUA pressionam Brasil por sanção ao Irã
Funcionários americanos visitaram país nesta semana para tentar forçar a aplicação de medidas contra Teerã
Grupo de três pessoas esteve em Brasília e São Paulo para falar com Itamaraty, Ministério da Fazenda e Febraban
Abedin Taherkenareh/Efe
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O presidente iraniano, Mahmouh Ahmadinejad, faz discurso durante cerimônia em homenagem a um grupo de expatriados na capital do país, Teerã
ANDREA MURTA
DE WASHINGTON
Após meses de sérias desavenças entre Washington e
Brasília sobre o programa
nuclear iraniano, uma delegação conjunta dos departamentos do Tesouro e de Estado dos EUA esteve nesta semana no Brasil para pressionar o governo pela aplicação
de sanções contra Teerã.
O Itamaraty sempre afirmou que sanções da ONU seriam acatadas, mas há preocupação nos EUA devido à
proximidade percebida entre
o presidente Luiz Inácio Lula
da Silva e seu colega iraniano, Mahmoud Ahmadinejad.
Lula chegou a intermediar, com a Turquia, um acordo nuclear com o Irã, ignorado por Washington.
A Folha apurou que o grupo de três pessoas esteve anteontem em Brasília e ontem
em São Paulo para se reunir
com membros do governo e
do setor privado nacionais. A
delegação foi liderada pelo
Departamento do Tesouro e
encabeçada pelo secretário-assistente do órgão para o
terrorismo, David Cohen.
De acordo com envolvidos
nas negociações, ele manteve em Brasília encontros com
o Itamaraty, com o Ministério
da Fazenda e com o Banco
Central. Em São Paulo, falou
com a Febraban (Federação
Brasileira de Bancos).
ROTA INTERMEDIÁRIA
Fontes do governo americano disseram que o objetivo
foi discutir o financiamento
ao terrorismo no contexto
das últimas sanções da ONU
e unilaterais dos EUA contra
o Irã. O Brasil votou contra a
aprovação do pacote de punições a Teerã que passou na
ONU em junho e acompanhou com preocupação o desenvolvimento das sanções
unilaterais americanas.
Ambas limitam negócios
com os setores energético e
financeiro iranianos.
Em audiência na Câmara
dos Representantes dos EUA
sobre aplicação das sanções
ao Irã na quinta, testemunha
do Escritório de Prestação de
Contas do Governo (GAO, na
sigla em inglês) apresentou o
Brasil como rota intermediária por onde passam exportações de produtos militares e
de fins suspeitos para o Irã.
A Petrobras apareceu mais
uma vez em lista de empresas que mantinham negócios
com o setor energético iraniano até março passado.
Além do Brasil, o único outro destino da delegação na
América Latina é o Equador.
Representantes dos EUA
também foram enviados ao
Oriente Médio e à Ásia, onde
a preocupação é a China.
Colaborou SAMY ADGHIRNI, de São Paulo
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