São Paulo, quarta-feira, 04 de agosto de 2010

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EUA pressionam Brasil por sanção ao Irã

Funcionários americanos visitaram país nesta semana para tentar forçar a aplicação de medidas contra Teerã

Grupo de três pessoas esteve em Brasília e São Paulo para falar com Itamaraty, Ministério da Fazenda e Febraban


Abedin Taherkenareh/Efe
O presidente iraniano, Mahmouh Ahmadinejad, faz discurso durante cerimônia em homenagem a um grupo de expatriados na capital do país, Teerã

ANDREA MURTA
DE WASHINGTON

Após meses de sérias desavenças entre Washington e Brasília sobre o programa nuclear iraniano, uma delegação conjunta dos departamentos do Tesouro e de Estado dos EUA esteve nesta semana no Brasil para pressionar o governo pela aplicação de sanções contra Teerã.
O Itamaraty sempre afirmou que sanções da ONU seriam acatadas, mas há preocupação nos EUA devido à proximidade percebida entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seu colega iraniano, Mahmoud Ahmadinejad.
Lula chegou a intermediar, com a Turquia, um acordo nuclear com o Irã, ignorado por Washington.
A Folha apurou que o grupo de três pessoas esteve anteontem em Brasília e ontem em São Paulo para se reunir com membros do governo e do setor privado nacionais. A delegação foi liderada pelo Departamento do Tesouro e encabeçada pelo secretário-assistente do órgão para o terrorismo, David Cohen.
De acordo com envolvidos nas negociações, ele manteve em Brasília encontros com o Itamaraty, com o Ministério da Fazenda e com o Banco Central. Em São Paulo, falou com a Febraban (Federação Brasileira de Bancos).

ROTA INTERMEDIÁRIA
Fontes do governo americano disseram que o objetivo foi discutir o financiamento ao terrorismo no contexto das últimas sanções da ONU e unilaterais dos EUA contra o Irã. O Brasil votou contra a aprovação do pacote de punições a Teerã que passou na ONU em junho e acompanhou com preocupação o desenvolvimento das sanções unilaterais americanas.
Ambas limitam negócios com os setores energético e financeiro iranianos.
Em audiência na Câmara dos Representantes dos EUA sobre aplicação das sanções ao Irã na quinta, testemunha do Escritório de Prestação de Contas do Governo (GAO, na sigla em inglês) apresentou o Brasil como rota intermediária por onde passam exportações de produtos militares e de fins suspeitos para o Irã.
A Petrobras apareceu mais uma vez em lista de empresas que mantinham negócios com o setor energético iraniano até março passado.
Além do Brasil, o único outro destino da delegação na América Latina é o Equador.
Representantes dos EUA também foram enviados ao Oriente Médio e à Ásia, onde a preocupação é a China.

Colaborou SAMY ADGHIRNI, de São Paulo



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