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ORIENTE MÉDIO
Justiça autoriza deportação para Gaza de irmãos que teriam ajudado militante palestino; EUA criticam decisão
Israel vai expulsar parentes de terrorista
DA REDAÇÃO
A Suprema Corte de Israel autorizou ontem a expulsão da Cisjordânia para a faixa de Gaza de dois parentes de palestinos envolvidos em ações terroristas.
Os juízes, entretanto, não deram aos militares a permissão que
desejavam para deportar qualquer familiar de militante suicida.
O governo acredita que as expulsões serviriam de desestímulo aos
jovens dispostos a cometer atentados suicidas.
A medida foi criticada pela Autoridade Nacional Palestina
(ANP) e por grupos de defesa dos
direitos humanos. "É um dia negro para os direitos humanos",
disse Saeb Erekat, ministro da
ANP. "Israel aprovou em princípio o conceito de punição coletiva."
Os EUA também criticaram a
medida. O porta-voz do Departamento de Estado Greg Sullivan
disse que Washington espera que
ações de Israel na guerra contra o
terror sejam baseadas em informação contra suspeitos específicos, não contra seus parentes.
"Punir os inocentes não vai ajudar à segurança de Israel", disse.
Segundo o veredicto, o Exército
só poderá expulsar parentes que
representem comprovadamente
uma ameaça à segurança do país.
O Exército, diz a decisão judicial,
não pode forçar a mudar de residência "um parente inocente que
não represente um perigo, mesmo se provado que mudá-lo de
residência desestimularia outros
a cometer atos terroristas".
Os irmãos Kifah e Intisar Ajouri, que devem ser expulsos hoje,
serão os primeiros a ser transferidos à faixa de Gaza seguindo a nova política. A corte autorizou as
transferências por dois anos como punição por terem ajudado
seu irmão Ali -acusado de planejar o atentado com dois suicidas que matou cinco pessoas em
Tel Aviv, em 17 de julho-a se esconder e a transportar explosivos.
Ali Ajouri foi morto por forças
israelenses no mês passado. A casa de sua família foi demolida.
A Suprema Corte negou a deportação de um terceiro palestino, Abed Nassar Asida, cujo irmão foi acusado de organizar um
ataque a tiros que matou 17 inocentes. Os juízes concluíram que
Asida não tinha ligação com "a
atividade terrorista do irmão".
Israel afirma enfrentar a maior
onda terrorista de sua história, o
que justificaria a reocupação de
territórios para "eliminar a infra-estrutura do terror" e capturar
inimigos. A demolição de casas de
suicidas e a expulsão de familiares
seria, de acordo com essa visão,
uma forma de evitar atentados.
O Hamas, grupo responsável
por grande parte dos atentados
contra civis israelenses, disse que
a expulsão dos dois familiares é
uma "grave escalada" do conflito
e que "será respondida com uma
escalada na resistência palestina".
A Anistia Internacional afirmou
ontem que a "transferência ilegal
e forçada" de palestinos sob ocupação israelense é um crime de
guerra de acordo com a Quarta
Convenção de Genebra e com o
Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional.
Israel usou a tática de expulsões
durante a primeira Intifada (levante palestino contra a ocupação). Naquela ocasião, em 1992, o
país enviou ao Líbano 415 militantes palestinos presos. A maioria deles conseguiu retornar à Cisjordânia e à faixa de Gaza no ano
seguinte à deportação.
Parlamento palestino
O premiê de Israel, Ariel Sharon, disse que autorizaria a realização na próxima semana, em Ramallah (Cisjordânia), de um encontro do Conselho Legislativo
Palestino (CLP), sob a condição de que parlamentares "envolvidos em terrorismo" não participassem.
Ramallah está sob ocupação militar israelense. O ministro palestino da Informação, Yasser Abed Rabbo, disse que todos os deputados devem comparecer e que Sharon impõe condições na tentativa de obstruir a reunião -cujo objetivo é aprovar o novo gabinete da ANP e discutir reformas.
Com agências internacionais
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