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Parlamento iraniano ratifica ministro acusado de atentado
Investigação vê elo de Ahmad Vahidi com ataque a centro judaico em Buenos Aires em 94
Gabinete de Mahmoud Ahmadinejad também terá a 1ª mulher desde 1979; presidente pôs aliados em postos-chave do governo
DO "NEW YORK TIMES", NO CAIRO
O Parlamento do Irã aprovou
ontem 18 das 21 indicações do
presidente Mahmoud Ahmadinejad para o seu gabinete. A
aprovação é uma vitória para o
líder iraniano, que contará com
aliados à frente de ministérios
importantes, como os de Petróleo, Interior e Informações.
Uma das aprovações mais
polêmicas foi a do novo ministro da Defesa, Ahmad Vahidi.
Ele é um dos cinco funcionários do governo iraniano procurados pela Interpol sob a acusação da Justiça argentina de que
"conceberam, planejaram, financiaram e executaram", em
1994, o atentado a bomba contra um centro cultural judaico
em Buenos Aires, matando 85
pessoas.
Na época, Vahidi comandava
a Força Quds, uma divisão secreta da Guarda Revolucionária que executa operações no
exterior. Teerã alega que as
acusações são parte de um
"complô sionista".
O gabinete de Ahmadinejad
também contará com a primeira mulher desde a Revolução de
1979. A ginecologista Marzieh
Vahid Dastjerdi, 50, estará à
frente da pasta da Saúde, após
ter sido aprovada por 175 dos
286 deputados presentes, com
82 votos contrários e 29 abstenções.
"O reforço do papel ativo e
construtivo das mulheres pode
completar os esforços dos homens e permitir o progresso da
sociedade", disse após a votação Dastjerdi, que costuma vestir o xador negro.
Ahmadinejad excluiu de seu
gabinete todos os ministros
que questionaram a maneira
como conduziu a crise política
após a eleição presidencial de
12 de junho e preencheu os
principais postos com aliados e
simpatizantes.
A rejeição de três nomes foi o
suficiente para permitir o argumento de que o sistema iraniano continua a apresentar equilíbrio entre os Poderes, mas
sem restringir a autoridade do
presidente, dizem analistas.
"A ideia era dar puxão de orelha em Ahmadinejad, para alertá-lo de que não está sozinho e
de que existem outras correntes", disse Mustafa El-Labbad,
diretor do Centro de Estudos
Estratégicos e Regionais do
Oriente Médio, no Cairo.
Duas das três mulheres
apontadas pelo presidente
-Fatemeh Ajorloo (Previdência) e Susan Keshavarz (Educação)- foram rejeitadas por
bem mais de metade dos parlamentares.
Já Mohammad Ali-Abadi, cotado para o Ministério da Energia e amigo pessoal de Ahmadinejad, foi derrotado pela margem de 12 votos.
Ahmadinejad, porém, conseguiu preencher as pastas que
considerava prioritárias. Masoud Mir-Kazemi, ex-ministro
do Comércio Exterior, será o
ministro do Petróleo, a despeito de queixas dos parlamentares quanto à sua falta de experiência -foi aprovado com apenas 53,5% dos votos.
Para o Ministério de Informações foi aprovado Haidar
Moslehi, ex-assessor de Ahmadinejad ligado à milícia Basij,
enquanto Manouchehr Mottaki continua como chanceler.
O novo ministro do Interior,
Mostafa Mohammad Najjar, é
próximo à Guarda Revolucionária, uma força militar de cunho ideológico que vem servindo como principal fonte de
apoio ao presidente.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
Com agências internacionais
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