São Paulo, sexta-feira, 04 de setembro de 2009

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Parlamento iraniano ratifica ministro acusado de atentado

Investigação vê elo de Ahmad Vahidi com ataque a centro judaico em Buenos Aires em 94

Gabinete de Mahmoud Ahmadinejad também terá a 1ª mulher desde 1979; presidente pôs aliados em postos-chave do governo


DO "NEW YORK TIMES", NO CAIRO

O Parlamento do Irã aprovou ontem 18 das 21 indicações do presidente Mahmoud Ahmadinejad para o seu gabinete. A aprovação é uma vitória para o líder iraniano, que contará com aliados à frente de ministérios importantes, como os de Petróleo, Interior e Informações. Uma das aprovações mais polêmicas foi a do novo ministro da Defesa, Ahmad Vahidi.
Ele é um dos cinco funcionários do governo iraniano procurados pela Interpol sob a acusação da Justiça argentina de que "conceberam, planejaram, financiaram e executaram", em 1994, o atentado a bomba contra um centro cultural judaico em Buenos Aires, matando 85 pessoas. Na época, Vahidi comandava a Força Quds, uma divisão secreta da Guarda Revolucionária que executa operações no exterior. Teerã alega que as acusações são parte de um "complô sionista".
O gabinete de Ahmadinejad também contará com a primeira mulher desde a Revolução de 1979. A ginecologista Marzieh Vahid Dastjerdi, 50, estará à frente da pasta da Saúde, após ter sido aprovada por 175 dos 286 deputados presentes, com 82 votos contrários e 29 abstenções.
"O reforço do papel ativo e construtivo das mulheres pode completar os esforços dos homens e permitir o progresso da sociedade", disse após a votação Dastjerdi, que costuma vestir o xador negro. Ahmadinejad excluiu de seu gabinete todos os ministros que questionaram a maneira como conduziu a crise política após a eleição presidencial de 12 de junho e preencheu os principais postos com aliados e simpatizantes.
A rejeição de três nomes foi o suficiente para permitir o argumento de que o sistema iraniano continua a apresentar equilíbrio entre os Poderes, mas sem restringir a autoridade do presidente, dizem analistas. "A ideia era dar puxão de orelha em Ahmadinejad, para alertá-lo de que não está sozinho e de que existem outras correntes", disse Mustafa El-Labbad, diretor do Centro de Estudos Estratégicos e Regionais do Oriente Médio, no Cairo.
Duas das três mulheres apontadas pelo presidente -Fatemeh Ajorloo (Previdência) e Susan Keshavarz (Educação)- foram rejeitadas por bem mais de metade dos parlamentares. Já Mohammad Ali-Abadi, cotado para o Ministério da Energia e amigo pessoal de Ahmadinejad, foi derrotado pela margem de 12 votos. Ahmadinejad, porém, conseguiu preencher as pastas que considerava prioritárias. Masoud Mir-Kazemi, ex-ministro do Comércio Exterior, será o ministro do Petróleo, a despeito de queixas dos parlamentares quanto à sua falta de experiência -foi aprovado com apenas 53,5% dos votos.
Para o Ministério de Informações foi aprovado Haidar Moslehi, ex-assessor de Ahmadinejad ligado à milícia Basij, enquanto Manouchehr Mottaki continua como chanceler. O novo ministro do Interior, Mostafa Mohammad Najjar, é próximo à Guarda Revolucionária, uma força militar de cunho ideológico que vem servindo como principal fonte de apoio ao presidente.

Tradução de PAULO MIGLIACCI

Com agências internacionais



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