São Paulo, sexta, 4 de setembro de 1998

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TRAGÉDIA NO AR
Queda de MD-11 da Swissair mata 229 pessoas; avião transmitiu informação sobre fumaça na cabine
Canadá procura pista sobre acidente aéreo

Associated Press
Policiais canadenses, que encontraram escombros do avião da empresa Swissair; MD-11 caiu anteontem na costa do Canadá


ALESSANDRA BLANCO
de Nova York

Um avião da Swissair que levava 229 pessoas caiu na noite de anteontem próximo à costa de Nova Scotia, no Canadá, cerca de duas horas depois de ter decolado do aeroporto internacional JFK, em Nova York, com destino a Genebra, Suíça. Não há indícios de sobreviventes.
A aeronave, um MD-11, levava 215 passageiros -136 americanos, 30 franceses, 28 suíços, seis ingleses, três alemães, três italianos, dois gregos e um de cada um dos seguintes países: Arábia Saudita, Iugoslávia, Afeganistão, Irã, Espanha, Rússia e St. Kitts e Nevis (ilha caribenha). Entre os 14 tripulantes, havia um americano. Os demais eram suíços.
Ainda não se sabe a causa do acidente. Pouco antes de cair, o piloto do vôo 111 avisou pelo rádio que havia fumaça na cabine e vazamento de grande quantidade de combustível e pediu aos controladores de vôo canadenses para fazer uma aterrissagem de emergência em Boston (EUA).
O piloto foi então informado de que estava a 190 milhas de Boston e a 40 milhas de Halifax, Nova Scotia (Canadá), onde poderia aterrissar. Cerca de 16 minutos depois de informar sobre a fumaça na cabine, a aeronave desapareceu do radar, segundo as autoridades aéreas canadenses.
De acordo com um funcionário da Swissair, os passageiros chegaram a ser instruídos a colocar seus coletes salva-vidas para uma aterrissagem de emergência. Vários corpos foram encontrados com o colete. Dez minutos antes de chegar a Halifax, por volta de 22h30, em Nova York (23h30 em Brasília), o avião caiu, próximo à costa de Peggy's Cove, na Nova Scotia.
Em terra, algumas pessoas relataram ter ouvido um barulho forte de um avião passando e, de repente, uma "batida estrondosa". "Os motores ainda estavam funcionando, mas foi o pior som que eu já ouvi", afirmou Claudia Zinck-Gilroy, que mora na costa, perto do local da queda.
Logo após o acidente, dezenas de barcos de pescadores e da guarda costeira se dirigiram ao local. Os primeiros destroços começaram a ser encontrados uma hora depois. A dificuldade de visão devido à chuva dificultou a operação.
Os destroços da aeronave se espalharam por quase 10 km e, segundo os pescadores que ajudaram na busca, o cheiro de combustível no local era "sufocante".
Equipes de resgate passaram o dia todo de ontem tentando encontrar sobreviventes -36 corpos foram resgatados. No final da tarde, autoridades canadenses anunciaram que não deveria haver sobreviventes, mas que as buscas continuariam.
Até a noite de ontem, a informação era de que haveria uma parte do avião que estaria intacta. Mergulhadores estão tentando usar um detector sonoro para localizar a caixa-preta da aeronava, que contém as informações técnicas do vôo e pode dar alguma pista sobre o motivo do acidente.
O vice-presidente da Swissair, Walter Vollenweider, afirmou, em uma entrevista coletiva em Nova York, que o MD-11 acidentado começou a operar em agosto de 1991 e tinha feito mais de 6.000 vôos, com 35 mil horas de vôo, estava em perfeitas condições e que não poderia dar detalhes sobre o acidente.
Tanto a Swissair quanto as autoridades canadenses e o FBI disseram que não há nenhum sinal que possa relacionar um ataque terrorista com o acidente.
Esse foi o primeiro acidente envolvendo mortes em um avião da Swissair desde outubro de 1979, quando um DC-8 da empresa ultrapassou a pista em Atenas, Grécia, tentando aterrissar, e pegou fogo, matando 14 pessoas.
Ontem, centenas de familiares de pessoas que estariam no vôo 111 procuraram os aeroportos em Nova York e Genebra para obter informações.
Entre os mortos estavam sete funcionários da ONU (Organização das Nações Unidas), que se dirigiam para a sede da organização em Genebra. Entre eles estava o pesquisador Jonathan Mann, que ficou conhecido como fundador do programa de Aids da Organização Mundial da Saúde (OMS).



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