DA REDAÇÃO

A ex-premiê paquistanesa Benazir Bhutto negou ontem que tenha sido anistiada, como anunciara o ditador Pervez Musharraf na última terça, e ameaçou boicotar a candidatura do general nas eleições indiretas deste sábado. "O mais provável é que renunciemos", afirmou Benazir, em Londres, onde vive exilada.
A saída dos parlamentares do PPP -a maior legenda oposicionista do país, liderada por Benazir- desgastaria a frágil base política da eleição presidencial, na qual a vitória de Musharraf é tida como certa. Na terça, 163 congressistas, a maioria ligada ao ex-premiê Nawaz Sharif, renunciaram em protesto contra a votação.
Benazir afirmou que o plano de imunidade, sobre o qual o governo deu poucos detalhes, parece ter sido talhado para beneficiar os grupos que apóiam o regime. O projeto cobriria, diz ela, apenas processos iniciados até o ano do golpe (1999), nos quais não tenha havido condenação definitiva.
Musharraf, por sua vez, disse à TV paquistanesa Geo que as negociações continuam. Mas não perdeu a chance de criticar os adversários. "Nós vimos a política de revanche entre 1988 e 1999", afirmou. Nesses 11 anos, o mais recente período democrático no Paquistão, o governo foi liderado por Benazir e Sharif. "Vamos ter harmonia", pediu o general, em tom de campanha.