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Para fundador, mesquita em NY é tema eleitoreiro
DA ENVIADA ESPECIAL A BERKELEY
Para um dos fundadores
do Zaytuna College, a polêmica da criação de uma mesquita a duas quadras do
"marco zero" de Nova York
deve ser vista como uma
questão eleitoreira, gerada
por alas do Partido Republicano para desviar o foco de
debates mais importantes.
"Meu sentimento é que para essas pessoas, independente do que você faça, elas
nunca ficarão felizes", disse
Hatem Bazian.
Nascido na Cisjordânia,
território palestino ocupado
por Israel desde 1967, ele se
mudou para San Francisco
para estudar em 1983.
Naquela época, só havia
três mesquitas na região que
é conhecida como Bay Area,
que engloba San Francisco e
outras cidades, incluindo
Berkeley.
Atualmente, são quase 50,
das mais de 2.000 existentes
em todo o país.
Os muçulmanos estão nos
EUA desde a época da escravidão, quando foram levados
da África.
Movimentos imigratórios
aconteceram no começo do
século 20 e depois nos anos
1960, com políticas de incentivo mantidas pelo governo
americano.
"Mas muitos vinham e
pensavam em voltar. Nos
anos 1980 e 1990, isso mudou, eles vieram para ficar,
por causa de guerras ou situação econômica. E agora
seus filhos nasceram aqui e
estão indo para escolas e universidades", explica Bazian.
Ele dá aulas no Departamento de Estudos do Oriente
Médio e fundou um centro de
pesquisa sobre islamofobia,
ambos no campus da Universidade da Califórnia na cidade de Berkeley.
IDENTIDADE
Para ele, a identidade
americana muçulmana está
em formação.
"Ninguém sabe como será", afirma. "Claro que há a
dificuldade dessas duas
guerras [contra o Iraque e o
Afeganistão], em países majoritariamente muçulmanos.
Isto terá um impacto em nossa identidade."
Especialistas estimam que
3 milhões de muçulmanos
poderiam se registrar para
votar nos EUA.
Nas duas últimas eleições
para presidente, eles escolheram candidatos democratas. Porém, em 2000, ficaram
com o republicano George W.
Bush, que então conquistou
seu primeiro mandato.
Ao ser questionado sobre
quais medidas os acadêmicos têm tomado para conter
radicais que usam o islã para
justificar atos terroristas, Bazian suspira e culpa "as estruturas imperialistas."
"Isto não é problema meu.
Minha questão é ajudar minha comunidade", afirma.
"Eu não criei Osama bin
Laden nem paguei seu salário por 10 anos para lutar
contra os russos [como fez a
CIA no Afeganistão]", diz.
"Sabe, nós não vamos até
uma igreja católica cobrar
pela radicalização no norte
da Irlanda ou na fronteira do
México com os cartéis de droga. Alguém vai?"
(FE)
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