São Paulo, terça-feira, 04 de outubro de 2011

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ANÁLISE

Economia grega é causa perdida; tarefa das autoridades é salvar a zona do euro


O PROBLEMA DA GRÉCIA É A PARTE FÁCIL; AS FALHAS ESTRUTURAIS DO EURO SÃO UMA AMEAÇA MAIOR À SOBREVIVÊNCIA DA UNIÃO


DO "FINANCIAL TIMES"

A Grécia é uma causa perdida. Não há manobra, maquiagem ou austeridade capaz de permitir que o país cumpra suas metas fiscais para 2011. Pode ser que o governo grego esteja se esquivando aos desafios mais difíceis por falta de coragem política. Mas isso pouco importa.
Atenas vive uma espiral viciosa que acarreta grave ameaça para a zona do euro. É hora de as autoridades econômicas determinarem corretamente as suas prioridades. A tarefa atual não é salvar a Grécia, mas salvar a zona do euro.
É verdade que a Grécia necessita de vastas reformas estruturais e sociais antes que possa se firmar sem ajuda, no futuro indeterminado. Por ora, porém, pedir que seu governo adote medidas ainda mais severas será contraproducente. Não só a resposta das autoridades agravou a situação do país como despertou dúvidas quanto à durabilidade da zona do euro.
As duas questões precisam ser separadas. Permitir que a Grécia conduza seu calote como parte da zona do euro -mesmo que como prelúdio para que abandone o bloco- é o único caminho para isso.
Uma moratória ordeira ainda é possível, desde que os demais países expostos da zona do euro sejam protegidos contra os piores efeitos desse desdobramento. O mais vulnerável é Portugal, cuja situação é assustadoramente parecida com a da Grécia (e que pode precisar de uma solução semelhante à grega).
A economia grega representa apenas 2% do PIB (Produto Interno Bruto) agregado da zona do euro; mesmo que a moratória envolva 100% de sua dívida, ela não deve causar perturbação excessiva, especialmente se o BCE (Banco Central Europeu) e o mecanismo europeu de estabilidade financeira estiverem prontos para ajudar no combate às consequências.
Existe uma horrível verdade que as autoridades da zona do euro ainda não compreenderam: a de que resolver o problema da Grécia é a parte fácil. As falhas estruturais do euro são ameaça maior à sobrevivência da zona do euro do que qualquer coisa que aconteça em Atenas.
A Grécia se tornou um espetáculo secundário e uma distração. As autoridades da zona do euro precisam aceitar que há coisas muito mais graves em jogo.

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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