São Paulo, terça-feira, 04 de outubro de 2011

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Rússia e China vivem fase de distanciamento, diz estudo

Cooperação militar é área mais afetada por ascensão chinesa, aponta instituto

Expansão política da China na Ásia Central e falta de acordos na área energética ajudam a separar os dois países

CLAUDIA ANTUNES
DO RIO

"Parceiros estratégicos" desde 1996, depois de período de forte rivalidade na Guerra Fria, Rússia e China estão se distanciando outra vez, aponta um estudo divulgado ontem pelo Instituto Internacional de Pesquisas da Paz de Estocolmo.
Os dois vizinhos não têm há 40 anos conflitos na fronteira de 4.000 quilômetros e estão juntos no fórum Brics (com Brasil, Índia e África do Sul) e na Organização de Cooperação de Xangai, que trata de segurança.
Ambos também compartilham a rejeição à unipolaridade e prezam o princípio da não ingerência, mesmo mantendo relações especiais com os Estados Unidos.
No entanto, estrategistas nos governos russo e chinês ainda veem o outro lado como a principal ameaça em longo prazo, diz o estudo baseado em entrevistas com especialistas dos dois países. "Falta uma confiança política genuína", disse Linda Jakobson, coautora.
O diagnóstico se baseia em dois dados principais. O primeiro é a cooperação militar, o eixo da relação bilateral. A Rússia ainda é o maior fornecedor de armamentos à China, que tem o segundo maior orçamento mundial de defesa, em termos absolutos.
A partir de 2005, porém, os chineses passaram a dar prioridade ao desenvolvimento de tecnologia própria e deixaram de fazer grandes encomendas. A importação de armas russas caiu de US$ 3 bilhões para menos de US$ 500 milhões no ano passado.
O segundo é a ausência de cooperação energética, apesar de a China ter se tornado o maior consumidor mundial e a Rússia estar entre os primeiros produtores mundiais de petróleo e gás.
Apenas 6% das importações petrolíferas chinesas vêm do vizinho. "Negociações para um gasoduto conjunto estão estancadas devido a desacordos sobre preços", diz o estudo.
A questão de fundo, diz o instituto, é o fato de a China estar em ascensão enquanto a Rússia perdeu parte do antigo status de superpotência.
A relação de cada lado com os EUA, que tentam manter poder na Ásia e jogam com as rivalidades regionais, contribui para o estranhamento.
"A China ultrapassou a Rússia como foco de atenção de Washington e tem usado o seu poder econômico para ganhar peso político nos países da Ásia Central, que os russos veem como parte de sua esfera de influência tradicional", diz o texto.


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