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SUCESSÃO NOS EUA
Obama chega como favorito ao dia da decisão histórica contra McCain
Democrata negro mantém vantagem em fatias importantes do eleitorado e nos principais Estados, segundo pesquisas
Problemas na votação, virada de última hora ou racismo oculto mudariam jogo para o republicano, afetado por legado de Bush
Joe Raedle/France Presse
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O democrata Barack Obama saúda eleitores durante comício no Memorial dos Veteranos, em Jacksonville, Flórida; crise econômica favoreceu sua candidatura, após oito anos de governo republicano
SÉRGIO DÁVILA
ENVIADO ESPECIAL A CHICAGO
Após 21 meses de campanha,
33 debates, US$ 660 milhões
arrecadados e milhares de milhas voadas e cidades visitadas,
o candidato democrata negro
Barack Hussein Obama Júnior,
de 47 anos, chega ao dia D das
eleições presidenciais mais
longas e surpreendentes da história recente dos Estados Unidos como o favorito, à frente de
seu oponente, o republicano
branco John Sidney McCain 3º,
de 72 anos.
Barack Obama ganhou pontos também em importantes
fatias do eleitorado, como operários brancos e mulheres
brancas mais velhas -dois dos
universos que mais apresentaram resistência a seu nome durante o processo de primárias
de seu partido- e eleitores independentes e indecisos. Nas
últimas horas, John McCain
apertou a diferença em algumas corridas em Estados-chave, mas o estreitamento da vantagem era previsto.
Ainda assim, é preciso olhar
as pesquisas com precaução,
não só pelo seu histórico recente -levantamentos erraram
em algumas ocasiões importantes durante as primárias-,
mas, principalmente, pelos vários componentes inéditos desta corrida. Não há consenso entre analistas e pesquisadores
sobre qual peso terá -se é que
terá algum- o fator racial.
Do mesmo jeito, espera-se
um número recorde de eleitores, que deve ultrapassar os 130
milhões. Esse comparecimento
em massa, aliado a um sistema
precário de votação que ainda
conta com cédulas de papel
perfuradas em alguns lugares e
critérios de identificação que
mudam de cidade a cidade, pode atrasar ou conturbar o processo em Estados importantes,
como Ohio e Flórida.
É nessas três variantes ou
numa virada de última hora,
que não era registrada pelas
pesquisas até a conclusão desta
edição, que repousa a esperança de John McCain. O candidato foi prejudicado pela maior
crise financeira da história do
país, que acontece sob a guarda
de seu companheiro de partido,
George W. Bush, há oito anos
na Casa Branca.
Seja como for, não é improvável que os brasileiros vão
dormir hoje à noite sem saber
quem é o novo presidente dos
Estados Unidos. As urnas começam a fechar na costa leste
do país às 18h de Washington
(21h de Brasília); o processo
cruza o país em direção ao oeste até 1h de amanhã (4h de Brasília), quando o Alasca encerra
o processo.
Um pool de emissoras e jornais dos EUA recebe o resultado da pesquisa de boca-de-urna
feita no país inteiro por um
consórcio já às 17h (20h de Brasília). Cada um decide, no entanto, quando vai começar a divulgar. A CNN passará a dar os
resultados por Estado assim
que as urnas locais fecharem. A
Fox News não anunciará nada
antes das 19h (22h de Brasília).
A campanha de Obama disse
que o democrata só falará ao
público reunido no parque
Grant, em Chicago, após o fechamento das urnas da Califórnia, às 2h de amanhã de Brasília. O prefeito da cidade, o democrata Richard Dailey, espera
1 milhão de pessoas.
Seja quem for o escolhido hoje, terá sido um dia histórico.
Filho de queniano com uma
americana do Meio-Oeste, o
havaiano Obama será o primeiro negro a comandar o país.
Nascido no Panamá, ex-herói
de guerra torturado no Vietnã,
filho e neto de almirantes, John
McCain será o mais velho a assumir a Casa Branca.
Para chegar até aqui, Obama
e McCain enfrentaram as duas
máquinas mais poderosas da
política local: respectivamente
os Clinton, que o candidato democrata derrotou nas primárias de seu partido, e o comando do Partido Republicano, que
não tinha no político independente seu nome preferido.
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