São Paulo, terça-feira, 04 de novembro de 2008

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SUCESSÃO NOS EUA

Obama chega como favorito ao dia da decisão histórica contra McCain

Democrata negro mantém vantagem em fatias importantes do eleitorado e nos principais Estados, segundo pesquisas

Problemas na votação, virada de última hora ou racismo oculto mudariam jogo para o republicano, afetado por legado de Bush


Joe Raedle/France Presse
O democrata Barack Obama saúda eleitores durante comício no Memorial dos Veteranos, em Jacksonville, Flórida; crise econômica favoreceu sua candidatura, após oito anos de governo republicano

SÉRGIO DÁVILA
ENVIADO ESPECIAL A CHICAGO

Após 21 meses de campanha, 33 debates, US$ 660 milhões arrecadados e milhares de milhas voadas e cidades visitadas, o candidato democrata negro Barack Hussein Obama Júnior, de 47 anos, chega ao dia D das eleições presidenciais mais longas e surpreendentes da história recente dos Estados Unidos como o favorito, à frente de seu oponente, o republicano branco John Sidney McCain 3º, de 72 anos.
Barack Obama ganhou pontos também em importantes fatias do eleitorado, como operários brancos e mulheres brancas mais velhas -dois dos universos que mais apresentaram resistência a seu nome durante o processo de primárias de seu partido- e eleitores independentes e indecisos. Nas últimas horas, John McCain apertou a diferença em algumas corridas em Estados-chave, mas o estreitamento da vantagem era previsto.
Ainda assim, é preciso olhar as pesquisas com precaução, não só pelo seu histórico recente -levantamentos erraram em algumas ocasiões importantes durante as primárias-, mas, principalmente, pelos vários componentes inéditos desta corrida. Não há consenso entre analistas e pesquisadores sobre qual peso terá -se é que terá algum- o fator racial.
Do mesmo jeito, espera-se um número recorde de eleitores, que deve ultrapassar os 130 milhões. Esse comparecimento em massa, aliado a um sistema precário de votação que ainda conta com cédulas de papel perfuradas em alguns lugares e critérios de identificação que mudam de cidade a cidade, pode atrasar ou conturbar o processo em Estados importantes, como Ohio e Flórida.
É nessas três variantes ou numa virada de última hora, que não era registrada pelas pesquisas até a conclusão desta edição, que repousa a esperança de John McCain. O candidato foi prejudicado pela maior crise financeira da história do país, que acontece sob a guarda de seu companheiro de partido, George W. Bush, há oito anos na Casa Branca.
Seja como for, não é improvável que os brasileiros vão dormir hoje à noite sem saber quem é o novo presidente dos Estados Unidos. As urnas começam a fechar na costa leste do país às 18h de Washington (21h de Brasília); o processo cruza o país em direção ao oeste até 1h de amanhã (4h de Brasília), quando o Alasca encerra o processo.
Um pool de emissoras e jornais dos EUA recebe o resultado da pesquisa de boca-de-urna feita no país inteiro por um consórcio já às 17h (20h de Brasília). Cada um decide, no entanto, quando vai começar a divulgar. A CNN passará a dar os resultados por Estado assim que as urnas locais fecharem. A Fox News não anunciará nada antes das 19h (22h de Brasília).
A campanha de Obama disse que o democrata só falará ao público reunido no parque Grant, em Chicago, após o fechamento das urnas da Califórnia, às 2h de amanhã de Brasília. O prefeito da cidade, o democrata Richard Dailey, espera 1 milhão de pessoas.
Seja quem for o escolhido hoje, terá sido um dia histórico. Filho de queniano com uma americana do Meio-Oeste, o havaiano Obama será o primeiro negro a comandar o país. Nascido no Panamá, ex-herói de guerra torturado no Vietnã, filho e neto de almirantes, John McCain será o mais velho a assumir a Casa Branca.
Para chegar até aqui, Obama e McCain enfrentaram as duas máquinas mais poderosas da política local: respectivamente os Clinton, que o candidato democrata derrotou nas primárias de seu partido, e o comando do Partido Republicano, que não tinha no político independente seu nome preferido.


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