Dificilmente Obama ou McCain serão prejudicados por independente, como ocorreu em 1992 e 2000

Também há representantes do Partido Verde e do Socialismo e Libertação; independente, Nader tirou votos de Gore em 2000

DE NOVA YORK

Ao entrarem hoje na cabine de votação para escolher seu próximo presidente, os eleitores americanos encontrarão nas cédulas um candidato que é dois anos mais velho que o republicano John McCain (o independente Ralph Nader, 74), uma mulher negra (Cynthia McKinney, do Partido Verde) e até uma latina antiglobalização e fã de Che Guevara (Gloria LaRiva, do Partido Socialismo e Libertação).
Há outros nomes alternativos a McCain e ao democrata Barack Obama na lista, todos com chances de vitória arredondáveis para zero em qualquer Estado. Mas a atenção sobre eles cresce com a lembrança de casos como o de 2000.
Naquele ano, Nader, com 2% dos votos na Flórida, tirou do democrata Al Gore os votos que precisava para bater decisivamente George W. Bush no Estado e se tornar presidente.
Há casos ainda mais expressivos. Em 1992, o bilionário Ross Perot lançou candidatura independente e abocanhou 18,9% da preferência nacional, tirando mais votos do republicano George Bush pai)em Estados cruciais para o resultado, garantindo a vitória do democrata Bill Clinton.
Neste ano, não há nenhum candidato com as chances de votos que teve Perot. Nader continua a ser o maior entre os pequenos e está presente nas cédulas em 46 Estados -nos EUA, é preciso ter uma quantidade de eleitores registrados em uma unidade da federação para constar da cédula local.
No Colorado, por exemplo, Nader aparece com preferência de 1% a 4% dos eleitores. Como a vantagem do democrata Barack Obama sobre McCain é de apenas seis pontos percentuais (no limite do empate técnico, já que as pesquisas têm margem de erro média de três pontos percentuais para mais ou para menos), não é impossível que sua presença faça a diferença para um dos lados.
Há também atenção sobre Robert Barr, do ultraliberal Partido Libertário, que está no páreo em seis dos Estados mais disputados: Flórida, Nevada, Ohio, Indiana e Carolina do Norte. Na Geórgia, onde foi deputado e onde a liderança de McCain é muito branda, Barr soma 4% em algumas pesquisas. Contudo acredita-se que, se Obama vencer até nesse Estado que costuma eleger republicanos, ele já terá tido apoio nacional suficiente para conquistar o Colégio Eleitoral.

Nem Obama, nem McCain
Qual dos principais candidatos perde mais votos quando eleitores optam por um dos nanicos? Por Ralph Nader, o principal deles, estar politicamente alguns passos à esquerda do Partido Democrata, as apostas são de que conquiste mais eleitores de Obama.
Contudo, com todos os nanicos somados, a fuga de votos pode se equilibrar, segundo Keating Holland, diretor de pesquisas da rede de TV CNN.
"Na maioria dos Estados onde pesquisamos, a margem entre Obama e McCain é a mesma nas combinações em que se incluem os candidatos de partidos menores. Isso indica que Barr, Nader e McKinney juntos estão tirando igualmente de ambos", diz Holland.
Para o cientista político Dennis Goldford, da Universidade Drake, em Iowa, o momento crucial do país tende a fazer o eleitor se decidir entre os dois principais candidatos.
"Com a economia na situação em que está, não acho que as pessoas vão querer se dar esse luxo (...). Elas dizem: "Alguém tem de consertar isso rapidamente, e você sabe que não será um desses caras de partidos minoritários"."

Figurantes
Desprezados pela mídia, os pequenos encontraram bom acolhimento nas redes sociais de internet para divulgarem sua mensagem.
Até a "anticapitalista" Gloria LaRiva criou perfis nos sites MySpace, Facebook e YouTube. Já Ralph Nader, que goza de maior fama e vez ou outra é convidado para dar entrevista em algum programa de TV, batalha por vôos mais altos.
Ele passou o ano em campanha para que pudesse participar dos debates promovidos pelas grandes emissoras na TV.
Seus apelos, não atendidos, tinham como destino único as próprias redes. Nos EUA, os órgãos de imprensa convocam quem querem para entrevistas, debates ou reportagens em geral, sem necessidade de promover qualquer tipo de equilíbrio, com base no direito constitucional de liberdade de expressão e de imprensa. (DANIEL BERGAMASCO)

1%
é a proporção dos eleitores que pretendem votar em Ralph Nader para presidente, de acordo com sondagem do Centro de Pesquisa Pew

1%
é a proporção dos eleitores que pretendem votar em Robert Barr, outro candidato "nanico", para presidente, de acordo com o Pew

400 mil
são os votos que Al Gore teve a mais quando perdeu a eleição para George W. Bush em 2000


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