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Ainda com 77 dias no poder, Bush desaparece
Presidente com rejeição recorde desde
1930 diz que "eleição não é sobre ele"
Última aparição foi na
semana passada; Bush ficou
ao lado de McCain 12min
durante campanha, mas
eleitor não dissocia os dois
FERNANDO CANZIAN
ENVIADO ESPECIAL A WASHINGTON
"Duck" em inglês é pato. "Lame duck" é pato manco, alguém
impossibilitado de fazer muita
coisa. "To duck" é esconder-se,
como quando um pato submerge para não ser caçado.
Assim o presidente dos EUA,
George W. Bush, é comparado e
vem agindo na reta final da
campanha eleitoral: desapareceu completamente de cena, e
seu último grande ato, uma
reunião com líderes internacionais daqui a 11 dias para tratar da crise mundial, já é antecipado como mais um fiasco de
sua longa administração.
Entre a eleição de hoje e a
posse do novo presidente dos
EUA, haverá 77 dias de Bush.
"Veja, nós somos realistas a
respeito do ambiente político
atual. O presidente Bush tem
seguido a atual campanha com
grande interesse (...), mas ele
reconhece que esta eleição não
é sobre ele", afirmou ontem a
porta-voz de Bush, Dana Perino, ao responder a perguntas
de jornalistas sobre a completa
ausência do presidente na reta
final desta campanha.
"Não estamos imunes a questionamentos sobre os índices
de popularidade ou de aprovação. Estamos cientes disso. Mas
o presidente enfrentou grandes
questões, foi testado de várias
modos e fez coisas grandes. E,
quando você enfrenta coisas
grandes e toma decisões difíceis, elas não são populares."
A última vez em que Bush
apareceu publicamente em
evento relacionado à campanha eleitoral foi em uma rápida
visita, no início da semana passada, à sede de seu Partido Republicano, em Washington.
Desde que declarou formalmente apoio à candidatura de
John McCain, em 5 de março,
Bush esteve ao lado do candidato em apenas três ocasiões.
Tempo total? 12 minutos.
Uma combinação entre a herança do caos no Iraque, o início de uma recessão (que pode
ser grande) e o favoritismo do
democrata Barack Obama à Casa Branca jogaram os níveis de
aprovação de Bush a um recorde histórico negativo.
Bush não tem a aprovação da
maioria dos norte-americanos
desde o início de 2005, quando
acabara de tomar posse de seu
segundo mandato. Hoje, é o
presidente com a pior avaliação
desde que esse tipo de pesquisa
começou a ser realizado nos
EUA, na década de 1930.
Ligação
Pesquisa do jornal "Washington Post" e da rede de TV
ABC na semana passada mostrou a aprovação do presidente
em 24%. Revelou ainda que
John McCain teve pouco sucesso no decorrer de sua campanha para tentar desvincular
sua imagem da de Bush.
Um dos anúncios mais veiculados no fronte de Obama contra McCain nessa reta final foi
justamente o que repetia o
mesmo mantra: "O senador
John McCain votou 90% das
vezes com George W. Bush no
Congresso dos EUA".
Os republicanos não envolvidos com McCain tentam minimizar o distanciamento de
Bush. Segundo o partido, Bush
foi a 84 eventos dos republicanos, onde foram levantados
cerca de US$ 147 milhões para a
campanha de McCain.
"Sabemos que há gente lá fora atrás de algo novo. Mas o
presidente continua confiante
em que John McCain vencerá
amanhã [hoje]", resumiu ontem Perino, falando, mais uma
vez, no lugar de Bush.
24%
dos americanos aprovam o governo de George W. Bush, segundo
pesquisa; é a pior avaliação de um presidente
desde a década de 1930
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