São Paulo, terça-feira, 04 de novembro de 2008

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Ainda com 77 dias no poder, Bush desaparece

Presidente com rejeição recorde desde 1930 diz que "eleição não é sobre ele"

Última aparição foi na semana passada; Bush ficou ao lado de McCain 12min durante campanha, mas eleitor não dissocia os dois


FERNANDO CANZIAN
ENVIADO ESPECIAL A WASHINGTON

"Duck" em inglês é pato. "Lame duck" é pato manco, alguém impossibilitado de fazer muita coisa. "To duck" é esconder-se, como quando um pato submerge para não ser caçado.
Assim o presidente dos EUA, George W. Bush, é comparado e vem agindo na reta final da campanha eleitoral: desapareceu completamente de cena, e seu último grande ato, uma reunião com líderes internacionais daqui a 11 dias para tratar da crise mundial, já é antecipado como mais um fiasco de sua longa administração.
Entre a eleição de hoje e a posse do novo presidente dos EUA, haverá 77 dias de Bush.
"Veja, nós somos realistas a respeito do ambiente político atual. O presidente Bush tem seguido a atual campanha com grande interesse (...), mas ele reconhece que esta eleição não é sobre ele", afirmou ontem a porta-voz de Bush, Dana Perino, ao responder a perguntas de jornalistas sobre a completa ausência do presidente na reta final desta campanha.
"Não estamos imunes a questionamentos sobre os índices de popularidade ou de aprovação. Estamos cientes disso. Mas o presidente enfrentou grandes questões, foi testado de várias modos e fez coisas grandes. E, quando você enfrenta coisas grandes e toma decisões difíceis, elas não são populares."
A última vez em que Bush apareceu publicamente em evento relacionado à campanha eleitoral foi em uma rápida visita, no início da semana passada, à sede de seu Partido Republicano, em Washington.
Desde que declarou formalmente apoio à candidatura de John McCain, em 5 de março, Bush esteve ao lado do candidato em apenas três ocasiões. Tempo total? 12 minutos.
Uma combinação entre a herança do caos no Iraque, o início de uma recessão (que pode ser grande) e o favoritismo do democrata Barack Obama à Casa Branca jogaram os níveis de aprovação de Bush a um recorde histórico negativo.
Bush não tem a aprovação da maioria dos norte-americanos desde o início de 2005, quando acabara de tomar posse de seu segundo mandato. Hoje, é o presidente com a pior avaliação desde que esse tipo de pesquisa começou a ser realizado nos EUA, na década de 1930.

Ligação
Pesquisa do jornal "Washington Post" e da rede de TV ABC na semana passada mostrou a aprovação do presidente em 24%. Revelou ainda que John McCain teve pouco sucesso no decorrer de sua campanha para tentar desvincular sua imagem da de Bush.
Um dos anúncios mais veiculados no fronte de Obama contra McCain nessa reta final foi justamente o que repetia o mesmo mantra: "O senador John McCain votou 90% das vezes com George W. Bush no Congresso dos EUA".
Os republicanos não envolvidos com McCain tentam minimizar o distanciamento de Bush. Segundo o partido, Bush foi a 84 eventos dos republicanos, onde foram levantados cerca de US$ 147 milhões para a campanha de McCain.
"Sabemos que há gente lá fora atrás de algo novo. Mas o presidente continua confiante em que John McCain vencerá amanhã [hoje]", resumiu ontem Perino, falando, mais uma vez, no lugar de Bush.

24%
dos americanos aprovam o governo de George W. Bush, segundo pesquisa; é a pior avaliação de um presidente desde a década de 1930


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