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Reforma da UE tem aprovação final
Líder tcheco ratifica definitivamente Tratado de Lisboa, que deve entrar em vigor em 1º de dezembro
Documento institui cargo de presidente e de chanceler do bloco, além de flexibilizar a tomada de decisões; líderes veem início de uma nova UE
DA REDAÇÃO
O presidente da República
Tcheca, Vaclav Klaus, removeu
ontem o obstáculo final à reforma da União Europeia ao assinar o Tratado de Lisboa, documento ratificado pelos demais
26 países-membros do bloco
que institui cargo de presidente
da UE e turbina os poderes de
um futuro chanceler europeu.
A ratificação por Praga encerra a conturbada fase na qual
a UE centrou esforços em uma
reforma institucional e do processo decisório, dado o rápido
alargamento do bloco na última década. Supera ainda as crises causadas pela rejeição, em
2005, por França e Holanda da
Constituição Europeia e, em
2008, pelo "não" irlandês ao
texto -revertido há um mês.
O premiê da Suécia, Fredrik
Reinfeldt -que exerce a Presidência rotativa do bloco-, disse ontem que convocará para "o
mais breve possível" uma conferência da UE para viabilizar a
entrada em vigor do Tratado de
Lisboa no dia 1º de dezembro.
O "eurocético" líder tcheco já
havia cedido às pressões dos líderes europeus e aceitado assinar o documento no último dia
23 -após receber garantias em
relação a um ponto do texto-,
mas esperava aval da Corte
Constitucional sobre sua constitucionalidade, anunciada ontem horas antes da ratificação.
No momento da assinatura,
Klaus reiterou sua oposição
pessoal aos novos poderes concedidos ao bloco. "Estava esperando a decisão da Justiça e a
respeito, ainda que eu fundamentalmente me oponha", disse o tcheco. "A República Tcheca deixará de ser um Estado independente [logo que o tratado
entrar em vigor]."
Além da criação dos novos altos cargos europeus, o Tratado
de Lisboa substitui a unanimidade por uma maioria qualificada de 55% dos 27 países-membros e 65% da população
de 495 milhões de pessoas da
UE para a aprovação de medidas pelo bloco a partir de 2014.
Reduz também o número de
áreas em que políticas podem
ser vetadas por um único membro; prevê mecanismo de defesa mútua em caso de ataque do
exterior a um país; permite à
Justiça do bloco revisar leis dos
integrantes a fim de garantir fidelidade aos princípios da UE;
e estabelece o objetivo de políticas comuns em energia e no
combate à mudança climática.
Nova fase
Para líderes europeus, a ratificação definitiva do Tratado de
Lisboa marca o início de uma
nova etapa da UE, na qual as
energias gastas nos últimos
anos para conferir maior agilidade ao bloco poderão agora
ser direcionadas para aumentar sua influência global, sobretudo ante os EUA e potências
emergentes, China à frente.
É consenso que a centralização de funções na figura de um
presidente europeu e de um
chanceler com poderes maiores -embora tal repartição de
poderes ainda não esteja muito
clara- amplificará a capacidade europeia de promover gestões diplomáticas nas áreas política, econômica e ambiental.
Para o premiê sueco, a decisão do presidente tcheco põe
fim a um período "muito longo"
de foco no tema institucional.
"A decisão [de Klaus] marca
importante e histórico passo
para a Europa", disse o premiê
britânico, Gordon Brown. "Hoje, a Europa olha para a frente,
supera anos de debate sobre as
suas instituições e passa agora à
ação nos temas que importam."
Em discurso ao Congresso
dos EUA, a chanceler (premiê)
da Alemanha, Angela Merkel,
disse que a UE "se tornará mais
forte e mais capaz de agir. Poderemos assim construir parcerias estáveis [com aliados]".
Já o presidente da Comissão
Europeia -o braço executivo
do bloco-, José Manuel Durão
Barroso, disse esperar que os
nomes do presidente e do chanceler europeus sejam definidos
em breve. As negociações nesse
sentido devem dominar a pauta
da UE nas próximas semanas.
Com agências internacionais
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