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COLHEITA ELEITORAL
Região produtora que mais cresce ajuda a financiar presidenciável
Área cocaleira impulsiona Morales
DA REDAÇÃO
Nos últimos anos, o aumento
do cultivo da coca na Bolívia foi
impulsionado principalmente
pela zona do Chapare, reduto
do líder cocaleiro Evo Morales
(Movimento ao Socialismo),
que lidera as pesquisas de intenção de voto para a Presidência
no dia 18. Apenas entre 2003 e
2004, a produção cresceu de
7.300 hectares para 10,1 mil hectares (38%).
A região dos Yungas, onde
plantar coca é legal e que recebeu migração maciça de cocaleiros do Chapare, é a principal
área de cultivo no país (63% do
total em 2004).
A ascendência de Morales no
cenário nacional é talvez o
maior símbolo do aumento do
poder político dos cocaleiros
com raízes no Chapare.
Seu partido, o MAS, é desde
2002 a segunda maior bancada
no Congresso, ultrapassando os
principais partidos tradicionais.
Há controvérsias sobre a vinculação desse poder ao aumento dos números da coca e ao
narcotráfico. Para Kathryn Ledebur, da Rede Andina de Informação, a relação é indireta.
"Não creio que haja um vínculo direto entre o aumento de coca e o aumento de poder político. O surgimento do movimento cocaleiro e o desenvolvimento do MAS se devem a muitos
fatores", afirma. "Mas, no tema
da luta antinarcotráfico, o enfoque repressivo anticonstitucional e violento tirou legitimidade
do governo boliviano, fazendo
com que a opinião pública visse
esse grupo, que antes havia sido
caracterizado como de narcotraficantes e narcoterroristas, de
outra maneira e aumentasse o
apoio a Evo Morales."
Embora seja ponto pacífico
entre os especialistas o fato de
haver uma relação entre setores
do Chapare com narcotraficantes, um envolvimento direto de
Morales nunca foi constatado.
Seus opositores freqüentemente o acusam de financiar
sua campanha com dinheiro do
narcotráfico. À acusação, Morales responde que cobra uma cota dos cocaleiros - ou seja, que
o financiamento de campanha
vem da coca e não da cocaína.
"O fato", diz o cientista político Eduardo Gamarra, "é que os
cocaleiros estão a ponto de eleger um presidente."
A legalização da coca é um dos
eixos da campanha de Morales,
ao lado da nacionalização dos
hidrocarbonetos.
Entre outros pontos, seu programa de governo pede um estudo independente que determine a demanda real da coca
para consumo tradicional.
Os EUA acompanham a discussão. "Espero que não haja
mudanças, porque, se houver
mudanças negativas, o país que
vai sofrer é a Bolívia", disse recentemente o embaixador americano em La Paz, David Greenlee, sobre o tema.
Para 2006, os EUA já anunciaram uma redução de US$ 9 milhões na ajuda à Bolívia para o
combate ao narcotráfico, com o
montante total chegando a US$
80 milhões.
(CVN)
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