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Governo e oposição da Bolívia se acusarão na OEA
Entidade ouvirá relatos de ações antidemocráticas
FLÁVIA MARREIRO
ENVIADA ESPECIAL A LA PAZ
Apesar de o vice-presidente
da Bolívia, Álvaro García Linera, afirmar que a crise com governadores oposicionistas não
precisa de mediador externo,
os dois lados do conflito anunciaram visitas à OEA (Organização dos Estados Americanos)
para denunciar atos antidemocráticos dos adversários.
Uma comitiva de governadores de Santa Cruz, Pando, Beni,
Tarija e Cochabamba, além de
um dirigente de Chuquisaca
-os departamentos (Estados)
bolivianos que fizeram greve na
semana passada-, viajou ontem aos EUA e deve encontrar
o presidente da OEA, Miguel
Insulza.
Os oposicionistas bolivianos
agendaram visitas também à
sede da ONU em Nova York e à
ONG de direitos humanos Human Rights Wacht.
Em vários departamentos
ontem, inclusive na rica Santa
Cruz, dirigentes políticos se organizavam para fazer mais protestos contra o governo do presidente Evo Morales e arregimentavam apoiadores para fazer greve de fome.
Já o governo anunciou que
amanhã deve entregar à OEA
um documento no qual acusa
os governadores por atos de
violência e violações dos direitos humanos, além de ataques à
propriedade privada e do Estado. O ministro de Governo,
Juan Ramón Quintana, afirmou que o governo processará
os dirigentes de Pando e Cochabamba por convocarem as
Forças Armadas a desobedecer
Morales.
Enquanto isso, a bancada do
governista MAS (Movimento
ao Socialismo) na Assembléia
Constituinte tenta levar adiante em comissões a análise em
detalhe, artigo por artigo, do
texto da nova Constituição,
embora não haja ainda nem local nem data para uma nova
sessão. O prazo para o encerramento dos trabalhos termina
em 14 de dezembro.
A oposição insiste em que só
voltará à Assembléia se o governo declarar inválida a aprovação do texto geral da Carta,
aprovado sem os opositores em
um quartel da cidade de Sucre
(sudeste) no dia 24. Para atrai-los, o MAS diz estar incorporando ao texto as visões acordadas com os oposicionistas antes
da sessão questionada.
Reeleição
Segundo o assembleísta do
MAS Raúl Prada, a proposta da
reeleição é polêmica dentro da
Assembléia, tanto para partidos de extrema esquerda quanto para os da direita.
Prada diz que o regulamento
da Constituinte prevê que artigos que não tenham consenso
sejam levados a análise à parte
em referendo. O vice-presidente boliviano, García Linera, disse à Folha que o governo quer
que a população responda em
consulta separada uma pergunta exclusiva sobre as eleições consecutivas.
Mesmo que os governistas
consigam maioria para aprovar
a reeleição na Constituinte, a
opção de analisá-la separadamente ajudaria a separar a próxima disputa eleitoral das demais discussões da já controversa nova Carta.
"Para o governo, convém separar a reeleição para não complicar-se", diz Prada, um dia
depois de a nova Carta venezuelana, que incluía a reeleição
ilimitada, ser rejeitada pela população do país. A oposição boliviana comemorou a derrota
de Hugo Chávez, aliado de Evo
Morales.
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