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Irã abandonou em 2003 a produção da bomba, dizem EUA
Relatório das 16 agências americanas de inteligência contradiz versão anterior, mas cita risco de enriquecimento de urânio
Documento diz que decisão
de Teerã foi tomada diante
de pressões e que é preciso
mantê-las; engavetamento
é anterior a Ahmadinejad
DA REDAÇÃO
O Irã interrompeu seu programa secreto para a produção
da bomba atômica no segundo
semestre de 2003, mas o prosseguimento do enriquecimento de urânio ainda o capacita a
desenvolver aquela arma entre
2010 e 2015, afirma documento
ontem divulgado pelos serviços
americanos de inteligência.
O relatório contradiz avaliação semelhante publicada há
dois anos, segundo a qual o regime islâmico continuava empenhado na construção da
bomba. O atual texto diz que a
interrupção foi provocada por
pressões diplomáticas, o que
fortaleceria o atual comportamento dos Estados Unidos.
Ainda assim, no entanto,
Washington e seus aliados no
Conselho de Segurança da
ONU vêem enfraquecido o argumento de que o Irã, ainda
empenhado na bomba, deve ser
alvo de um novo pacote de sanções, não se descartando a opção militar -bombardeios para
destruir instalações nucleares.
As informações do relatório
ontem divulgado não são as
mesmas em poder da AIEA
(Agência Internacional de
Energia Atômica), que tem
acesso apenas a uma parte dos
equipamentos acionados com
presumível finalidade civil.
É com base nos indícios revelados por aquela agência da
ONU que os EUA, o Reino Unido e a França, países com poder
de veto no Conselho de Segurança, pressionam os dois outros membros permanentes, a
Rússia e a China, a elevarem o
grau de punição ao Irã.
Consenso de agências
O documento americano foi
redigido pela NIE (sigla em inglês de Avaliação de Inteligência Nacional), que reúne o diagnóstico consensual das 16 diferentes agências de Washington, entre elas a CIA e o FBI.
De modo indireto, o documento também revela que a interrupção da construção da
bomba ocorreu bem antes da
posse de Mahmoud Ahmadinejad, presidente iraniano desde
agosto de 2005. E que ele, apesar de seu radicalismo verbal,
não reverteu a deliberação.
"A decisão de Teerã de interromper a construção da bomba
sugere que, ao contrário do que
julgávamos desde 2005, o país
está hoje menos propenso a desenvolvê-la", diz o texto.
O diretor da NIE, Mike
McConnell, não publica os relatórios de seus serviços. Abriu
exceção porque o documento
de dois anos atrás trazia previsões mais alarmistas e precisava ser atualizado para alimentar o debate com relação ao Irã.
O assessor de segurança nacional da Casa Branca, Stephen
Hadley, disse que o relatório
confirma que "o problema permanece bastante sério". O texto "nos encoraja a prosseguir
na questão diplomaticamente,
sem o uso da força, conforme o
governo americano tem procurado fazer", afirmou.
Segundo a NIE, o Irã manteve, no entanto, o plano de enriquecer urânio. A questão consiste em saber em quanto tempo Teerã teria quantidade suficiente de urânio altamente
enriquecido para a bomba.
Projeções mais pessimistas
apontam para 2010. O Departamento de Estado crê que isso
ocorrerá um pouco mais tarde,
em 2013, enquanto os serviços
de inteligência citam 2015.
Bloco do golfo
Ontem, em Dubai, na primeira participação de um presidente iraniano na cúpula do
Conselho de Cooperação do
Golfo, Ahmadinejad exortou
Arábia Saudita, Bahrein, Emirados Árabes Unidos, Kuait,
Omã e Qatar a assinarem com
Teerã um pacto econômico e de
segurança para a região que seja "livre de influência externa".
Não houve, ainda, resposta
dos países do CCG -todos eles
sunitas e aliados aos EUA.
Com agências internacionais
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