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Congresso democrata racha sobre Iraque
Parte dos senadores que ontem tomaram posse pode apoiar plano de enviar mais soldados; idéia é do vice Cheney, diz jornal
Nancy Pelosi, eleita nova presidente da Câmara, diz querer fortalecer classe média e que simboliza a igualdade entre sexos
Jim Young/Reuters
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A democrata Nancy Pelosi, eleita presidente da Câmara, é a primeira mulher a ocupar o cargo |
DA REDAÇÃO
O presidente George W.
Bush poderá contar com o
apoio de democratas influentes
no Congresso ao seu plano de
aumento provisório, em até 30
mil homens, do contingente
americano no Iraque.
Na quarta-feira acreditava-se ser mais ou menos consensual entre os democratas as
opiniões de Nancy Pelosi, desde ontem presidente da Câmara, e Harry Reid, líder da maioria democrata no Senado. Eles
disseram se opor a um aumento dos atuais 140 mil combatentes, posição também compartilhada por alguns deputados e senadores republicanos.
A inexistência de acordo entre os democratas foi demonstrada pelo "New York Times".
O senador Carl Levin, que presidirá a Comissão das Forças
Armadas, disse que não "prejulgará" negativamente a proposta de Bush e que a apoiaria
caso ela se associe a uma estratégia mais ampla de desengajamento do conflito iraquiano.
"Eu não sou a favor desse aumento, a não ser que o presidente ainda me convença do
contrário", disse outro senador
democrata da mesma comissão, Mark Pryor.
Nova legislatura
Em clima festivo e com declarações efusivas, senadores e
deputados iniciaram ontem a
nova legislatura, na qual os democratas têm pela primeira
vez, em 12 anos, a maioria na
Câmara e no Senado.
Pelosi foi eleita presidente da
Câmara por 233 votos a 201.
Ela é a primeira mulher a ocupar o posto na história do Congresso. Declarou que "os democratas estão de volta" para "fortalecer a classe média" e não
mais para "trabalhar pelos poucos privilegiados".
Referindo-se ao fato de uma
mulher presidir a Mesa, afirmou: "Ao eleger-me para a presidência, vocês nos trouxeram
mais pertos do ideal de igualdade que está nas raízes e nas esperanças americanas".
"Esperamos por esse momento por mais de 200 anos,
sem nunca ter perdido a fé",
acrescentou. Ela é agora a segunda pessoa na linha sucessória do presidente Bush, precedida apenas pelo vice-presidente Dick Cheney.
Dos 100 senadores, agora 16
são mulheres, duas a mais que
nas eleições anteriores -em
novembro último só a metade
dos senadores foi eleita, para
um mandato de quatro anos.
A mídia americana também
apresenta como prova da diversidade em plenário o fato de
Keith Ellison, do Estado de
Minnesota, ser o primeiro deputado muçulmano.
Há 42 congressistas negros
-43 deputados e um senador-
, número idêntico ao da legislatura anterior.
Reid, o novo líder da maioria
no Senado, disse que "chegou a
hora de fazer os Estados Unidos andarem para frente" e que
seu partido colocará o país "numa nova direção".
Iraque em pauta
Com relação ao aumento do
contingente americano no Iraque, entre os democratas intransigentes está Joseph Biden, que presidirá a Comissão
de Relações Exteriores. Ele disse que efetivos maiores para
neutralizar os confrontos sectários "é uma estratégia absolutamente errada".
Segundo o "New York Times", a nova maioria democrata rejeita a idéia de cortar o orçamento do Pentágono como
forma de influir na política da
Casa Branca no Iraque.
Ela acredita que depoimentos televisionados em comissões tendem a mostrar os enganos que o governo cometeu durante a guerra. Já foram marcados 13 depoimentos, nas comissões de Relações Exteriores,
Forças Armadas, Inteligência,
Segurança Interna e Judiciário.
Entre os convidados, estão a
secretária de Estado, Condoleezza Rice, e o chefe do Pentágono, Robert Gates.
O jornal britânico "Guardian", em reportagem sobre os
novos planos de Bush, disse que
o vice-presidente Cheney é o
verdadeiro pai da idéia de enviar 30 mil novos militares, o
que contradiz as recomendações da Grupo de Estudos do
Iraque, comissão bipartidária
que divulgou seu relatório no
início de dezembro.
Cheney se baseia num estudo
do conservador American Entreprise Institute, segundo o
qual as forças americanas não
deveriam apenas neutralizar os
focos urbanos da insurgência
sunita, mas também se manter
nos locais para impedir que os
focos se reorganizem.
Essa "demonstração de vontade", que teria faltado aos
americanos no Vietnã, não é
apoiada por militares como Colin Powell, general da reserva e
ex-secretário de Estado, ou, de
maneira muito oficiosa, pelo
general John Abizaid, comandante americano no Iraque.
De qualquer forma, a Casa
Branca tem pressa, diz o "Guardian", porque dentro de seis
meses expira a resolução 1.546
da ONU sobre a missão dos
ocupantes naquele país. Um
novo texto limitará as atribuições e o número de combatentes estrangeiros.
Com agências internacionais
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