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Obama e Hillary entram em choque direto
Vitorioso em Iowa, senador aposta em "esperança" e "unidade" para minar vantagem de senadora entre democratas
Ex-primeira-dama, que ficou em 3º, tenta reforçar o medo da inexperiência do rival para virar o jogo na próxima etapa da disputa
DANIEL BERGAMASCO
ENVIADO ESPECIAL A DES MOINES
A vitória nas assembléias de
eleitores em Iowa, confirmada
na madrugada de ontem, colocou o senador negro Barack
Obama em rota direta de confronto com sua principal rival
no Partido Democrata, a senadora e ex-primeira-dama Hillary Clinton.
Elevando o tom da disputa,
Obama deixou claro, após os
resultados, que abusará da carta da "esperança de mudanças"
-ao que Hillary respondeu
com o velho trunfo da experiência e com alusões a seu favoritismo pelo país.
"Estamos escolhendo a esperança em vez do medo", disse
Obama, 46, no primeiro discurso após largar na frente na
corrida presidencial. Ele venceu com 38% da preferência
dos que votaram em Iowa.
Já Hillary, 60, que amargou o
terceiro lugar, com 29%, tratava de reavivar o sentimento de
medo da inexperiência do rival.
Ao lado do marido e ex-presidente, Bill Clinton, ela disse
que "é preciso escolher alguém
que possa vencer as eleições"
presidenciais em novembro.
No Partido Republicano, o
vencedor da disputa de quinta-feira foi o ex-governador do Arkansas e ex-pastor Mike Huckabee, com 34% da preferência, embalado pelo voto evangélico. Ele foi seguido pelo ex-governador de Massachusetts
Mitt Romney, que obteve 25%.
Argumento enfraquecido
Contra uma rival tida como
polarizadora, Obama também
jogou o argumento da "unidade" do país e do eleitorado.
Quando o senador prometeu
"uma nação menos dividida"
no discurso de vitória, estava
celebrando a estratégia vitoriosa de atrair eleitores independentes, o que lhe garantiu a liderança inicial e será decisivo
em novembro. "Neste momento decisivo na história, vocês fizeram o que os cínicos disseram que nunca poderia ser feito", disse o primeiro presidenciável negro com chances reais.
Mesmo com o peso quase
desprezível de Iowa no número
de delegados na Convenção
Nacional Democrata (57 entre
2.500 que indicarão o vitorioso,
em agosto), os candidatos ganham em atenção da mídia.
A visibilidade (em quantidade e qualidade) é fundamental
para chegar forte à Superterça,
no dia 5 de fevereiro, quando
mais de 20 Estados (alguns de
grande peso, como Nova York e
Califórnia) escolhem seus candidatos favoritos.
O analista político Roger Simon, que edita coluna sobre as
eleições no site "Politico.com",
afirma que o resultado de Iowa
faz com que a disputa se feche
entre Obama e Hillary. Ele diz
que o segundo lugar do democrata John Edwards em Iowa
(30%) não deverá embalar sua
candidatura.
Mudança
"Nós vamos consertar o
mundo. Se você acreditar. Vamos mudar o mundo", diz Obama em seus discursos, nos
quais seus assessores e voluntários focaram com mais força
no eleitorado jovem, enquanto
Hillary tentava convencer especialmente as mulheres mais
velhas a influenciar o voto e o
comparecimento da família.
Na análise do jornal "The
New York Times", a estratégia
central de Hillary "em grande
parte de 2007 era aparecer como a indicação inevitável, mas
o povo de Iowa não a via dessa
forma". "Ela tentou convencer
eleitores nas últimas semanas
de que uma outra administração Clinton poderia ser agente
de mudança, mas as pessoas em
Iowa claramente não compraram essa idéia."
Um dos pontos altos da mudança proposta pelos candidatos é o reposicionamento dos
EUA na política internacional.
De olho em New Hampshire,
que promove suas primárias na
próxima terça, Obama mandou
o recado no discurso de vitória:
"Eu vou ser o presidente que
ganhará a guerra no Iraque e
trará nossas tropas de volta".
A largada na disputa democrata fez dois pré-candidatos
desistirem. O senador Christopher J. Dodd, de Connecticut,
com mais de 30 anos de experiência como legislador, e o
também senador Joseph R. Biden Jr., de Delaware, declararam que encerraram no Estado
sua campanha. Resta agora a
expectativa a respeito de quem
os desistentes apoiarão.
NA INTERNET - Leia a íntegra dos discursos de Hillary, Obama e Edwards na Folha Online
www.folha.com.br/080042
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