São Paulo, sábado, 05 de janeiro de 2008

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Chávez anuncia novo gabinete sem surpresas

Presidente sugere estratégia moderada em 2008

DE CARACAS

Em reformulação especulada desde a derrota no referendo sobre a reforma constitucional, o presidente venezuelano, Hugo Chávez, promoveu mudanças nos últimos dois dias em 12 postos do seu gabinete. Na ampla reestruturação não houve surpresa, já que todos os novos ocupantes participam ou haviam participado do governo.
O troca-troca começou anteontem à noite. Em ligação telefônica a um programa da TV estatal VTV, Chávez anunciou a substituição do seu vice-presidente e dos ministro das Comunicações e da Presidência.

Vice-Presidência
Na Vice-Presidência -o cargo não é eletivo na Venezuela-, assume o atual ministro da Habitação, Ramón Carrizález, no lugar de Jorge Rodríguez, que passará a comandar a fundação do PSUV (Partido Socialista Unido da Venezuela), a nova agremiação chavista.
Rodríguez deixa o cargo após cerca de um ano. Nesse período, chefiou a campanha da primeira derrota eleitoral de Chávez, durante o referendo sobre a reforma constitucional.
Na estratégica pasta das Comunicações, sai de cena Willian Lara, outro responsabilizado pela derrota de dezembro. Para seu lugar, volta ao cargo Andrés Izarra, atual presidente da Telesur, emissora de TV multinacional com controle acionário venezuelano.
A terceira mudança foi a ida de Jesse Chacón de ministro das Telecomunicações para o da Presidência. Ontem, estreando sua nova função, ele informou, em entrevista coletiva, os demais nomes.
Os mais importantes são Rafael Isea nas Finanças, onde já ocupava um vice-ministério, e Ramón Rodríguez, que retorna à pasta. O ministro demissionário das Finanças, Rodrigo Cabezas, disse que agora se dedicará à candidatura para o governo do Estado de Zulia, mais rico do país por concentrar a indústria petroleira, sob o controle do oposicionista Manuel Rosales.

"Três Rs"
As mudanças anunciadas por Chávez fazem parte do que ele tem chamado de os "três erres invertidos", após a derrota de dezembro: revisão, retificação e reimpulso.
Depois de adotar o lema "pátria, socialismo ou morte" ao longo do ano passado, Chávez sugeriu uma estratégia mais moderada para 2008, quando haverá eleições regionais.
"Não podemos nos deixar arrastar pelas correntes extremistas, não somos extremistas nem podemos sê-lo. Temos de buscar alianças com a classe média, buscar alianças inclusive com a burguesia. Não podemos propor teses que fracassaram no mundo inteiro, como eliminar a propriedade privada", disse Chávez. (FABIANO MAISONNAVE)


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