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Chávez anuncia novo gabinete sem surpresas
Presidente sugere estratégia moderada em 2008
DE CARACAS
Em reformulação especulada
desde a derrota no referendo
sobre a reforma constitucional,
o presidente venezuelano, Hugo Chávez, promoveu mudanças nos últimos dois dias em 12
postos do seu gabinete. Na ampla reestruturação não houve
surpresa, já que todos os novos
ocupantes participam ou haviam participado do governo.
O troca-troca começou anteontem à noite. Em ligação telefônica a um programa da TV
estatal VTV, Chávez anunciou
a substituição do seu vice-presidente e dos ministro das Comunicações e da Presidência.
Vice-Presidência
Na Vice-Presidência -o cargo não é eletivo na Venezuela-,
assume o atual ministro da Habitação, Ramón Carrizález, no
lugar de Jorge Rodríguez, que
passará a comandar a fundação
do PSUV (Partido Socialista
Unido da Venezuela), a nova
agremiação chavista.
Rodríguez deixa o cargo após
cerca de um ano. Nesse período, chefiou a campanha da primeira derrota eleitoral de Chávez, durante o referendo sobre
a reforma constitucional.
Na estratégica pasta das Comunicações, sai de cena Willian Lara, outro responsabilizado pela derrota de dezembro.
Para seu lugar, volta ao cargo
Andrés Izarra, atual presidente
da Telesur, emissora de TV
multinacional com controle
acionário venezuelano.
A terceira mudança foi a ida
de Jesse Chacón de ministro
das Telecomunicações para o
da Presidência. Ontem, estreando sua nova função, ele informou, em entrevista coletiva,
os demais nomes.
Os mais importantes são Rafael Isea nas Finanças, onde já
ocupava um vice-ministério, e
Ramón Rodríguez, que retorna
à pasta. O ministro demissionário das Finanças, Rodrigo Cabezas, disse que agora se dedicará à candidatura para o governo do Estado de Zulia, mais
rico do país por concentrar a
indústria petroleira, sob o controle do oposicionista Manuel
Rosales.
"Três Rs"
As mudanças anunciadas por
Chávez fazem parte do que ele
tem chamado de os "três erres
invertidos", após a derrota de
dezembro: revisão, retificação
e reimpulso.
Depois de adotar o lema "pátria, socialismo ou morte" ao
longo do ano passado, Chávez
sugeriu uma estratégia mais
moderada para 2008, quando
haverá eleições regionais.
"Não podemos nos deixar arrastar pelas correntes extremistas, não somos extremistas
nem podemos sê-lo. Temos de
buscar alianças com a classe
média, buscar alianças inclusive com a burguesia. Não podemos propor teses que fracassaram no mundo inteiro, como
eliminar a propriedade privada", disse Chávez.
(FABIANO MAISONNAVE)
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